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Em reunião fora da agenda, Dino discute eleição do Senado com Renan Calheiros

Ex-presidente tenta apoio dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS) par retornar ao comando do Poder Legislativo; assessorias não comentam “encontro secreto”

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
(Renan Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), recebeu em São Luís, em encontro fora da agenda oficial, o candidato a presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL).

Não há nas agendas de nenhum dos dois políticos qualquer registro da reunião, em que se tratou, segundo apurou O Estado, de apoio dos senadores maranhenses ligados ao comunista, Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), ao emedebista alagoano.

As assessorias do governador e do senador foram procuradas para comentar o assunto, mas não haviam dado retorno até o fechamento desta edição.

Renan Calheiros segue articulando uma candidatura – embora diga que não é candidato – acreditando na possibilidade de retornar ao comando da Casa depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) haver confirmado que a votação para a escolha do sucessor do senador Eunício Oliveira (MDB-CE).

No início do mês, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, confirmou liminar do ministro Marco Aurélio Mello mantendo votação secreta na eleição para os cargos da Mesa Diretora no início de fevereiro.

Para Toffoli, que atendeu a um pedido do próprio Senado, a mudança implicaria decisão monocrática (individual) que interfere em questão interna da Casa prevista em regimento, ferindo sua autonomia, uma vez que “inexiste necessidade de controle externo sobre a forma de votação adotada para sua formação".

Candidatos – Emquanto Renan movimenta-se nos bastidores, a líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), disse ontem que decidiu disputar a presidência da Casa depois de receber sinalizações de uma "interferência" do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), em prol de seu partido, o Democratas, na eleição interna. Em conversa com a imprensa, Simone disse que a sigla do ministro está "totalmente equivocada" e coloca em risco tanto a governabilidade de Jair Bolsonaro quanto a votação da Reforma da Previdência.

"Acho que tem um ruído de interferência da Casa Civil aqui no Senado e isso foi uma das razões que entendi que tinha que colocar minha candidatura: para ver se realmente o governo está preterindo o MDB. A informação e o feedback que recebi é que não é o governo, mas o DEM que quer disputar (a presidência do Senado) independentemente de quem seja o candidato do MDB", disse.

"Tive uma sinalização de que interessaria até para o DEM uma candidatura do Renan (Calheiros) contra eles porque, mesmo com voto fechado, acham que poderiam ganhar do MDB. Isso é algo que está circulando dentro do Senado e que, a princípio, está totalmente equivocado. Eles estão equivocados e estão prejudicando o governo porque eles são governo. Estão colocando a presidência do Senado como um fim em si mesmo e estão esquecendo da governabilidade", criticou.

Para a senadora, o MDB tem direito a ficar com a presidência do Senado por ter eleito a maior bancada da Casa nas eleições de 2018. Caso o DEM, de Onyx Lorenzoni, decida desrespeitar essa regra, o partido poderá prejudicar a votação de reformas importantes, como a da Previdência. Nos bastidores, Onyx vem estimulando o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) a continuar em campanha e conquistar os votos necessários para vencer a disputa

"Qual foi o grande recado que chega para a líder e para a bancada: 'nós (o governo) não queremos o Renan? O Renan não serve para o governo'. Isso foi dito lá atrás, não sei ainda se é isso. Agora se o MDB optar por uma outra candidatura (que não a de Renan), por que preterir o MDB a favor do DEM? Então o fim em si mesmo é a presidência (do Senado) e não a governabilidade? Não pode esquecer que tem uma reforma da Previdência para votar. Não se vota uma reforma da Previdência já de pronto sem ter a maior bancada apoiando", alertou.

Apesar de o MDB negar que o senador Renan Calheiros também seja candidato à presidência da Casa, Simone trata o colega de partido como adversário na disputa pela preferência da bancada. A senadora do Mato Grosso do Sul disse acreditar que tem apoio da maioria dos senadores do partido, mas que a sigla não sairá dividida desse debate.

MAIS

Curiosamente, após o encontro entre Renan Calheiros e Flávio Dino, o principal auxiliar do governador maranhense, Márcio Jerry (PCdoB), foi às redes sociais defender a importância do voto secreto para a democracia. “Se vale para a Câmara, valerá também para o Senado. Voto secreto é essencial à democracia”

Processo eleitoral se 'robustece', diz Renan

Renan Calheiros (MDB-AL) usou seu perfil no Twitter para dizer que a decisão da senadora Simone Tebet de disputar a presidência do Senado "robustece" o processo eleitoral na Casa. Para o alagoano, a candidatura de Simone "consolidará ainda mais a união da bancada".

"A candidatura da senadora Simone Tebet robustece o processo decisório e consolidará ainda mais a união da nossa bancada. O fundamental é que cheguemos juntos ao plenário no dia 1º de fevereiro", escreveu.

Renan tem evitado se colocar como candidato oficialmente, com o objetivo de evitar se tonar alvo de mais críticas. Ele é visto como nome hostil ao Palácio do Planalto e identificado com a "velha política", por parte de eleitores do governo Jair Bolsonaro.

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