Diplomacia

Sob pressão, Maduro convida Trump a dialogar ''cara a cara''

Presidente venezuelano diz em entrevista que líder americano replica ''erros'' e ''ideologização'' da política externa de governos anteriores de Washington; os Estados Unidos expressaram apoio à Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, quer conversar com o homólogo americano, Donald Trump
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, quer conversar com o homólogo americano, Donald Trump (Reuters)

CARACAS - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convidou o homólogo americano, Donald Trump, a dialogar em meio à escalada de tensão entre os países. O líder bolivariano, que não teve o segundo mandato em Caracas reconhecido por Washington e outras dezenas de Estados, disse, em entrevista na rede Univisión, que seu governo é composto por "gente com quem se pode falar e negociar".

"Sei que somos pessoas muito diferentes, presidente. Somos países diferentes, mas estamos no mesmo hemisfério (...) e, cedo ou tarde, seremos obrigados a falar, a nos entender", destacou Maduro, em trecho de conversa com a jornalista María Elvira Salazar, na Venezuela, divulgada na noite de quinta-feira ( 17) pela emissora de televisão americana.

Desde a posse de Maduro, em 10 de janeiro, os Estados Unidos expressaram apoio à Assembleia Nacional (AN) do país, de maioria opositora, que posteriormente declarou o bolivariano "usurpador" do poder. Washington considera o Parlamento o "único corpo democrático legítimo", como definiu o vice-presidente americano, Mike Pence, que conversou ao telefone com o presidente da AN, Juan Guaidó, possível líder de um eventual governo de transição.

Na entrevista à Univisión, Maduro revelou a disposição de um diálogo "cara a cara" com Trump. Sob pressão internacional, diante de uma grave crise política e econômica, o presidente venezuelano está cada vez mais isolado e não raro atribui aos EUA, sem apresentar provas, a liderança de um complô para derrubá-lo.

"Tomara que haja a oportunidade de um diálogo franco, direto, cara a cara, para que você veja que não é o que dizem a você nos informes, que nós somos de verdade e somos gente com quem se pode falar e negociar, entender e concordar. Essa seria a mensagem que eu gostaria de transmitir ao presidente Donald Trump", acrescentou.

Convite

Maduro estendeu o convite ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, para que vá à Venezuela conversar e possivelmente reverter o que chamou de "erros" na diplomacia dos EUA para o país petroleiro, a quem sufoca com uma série de sanções.

"Tenho uma visão de que você (Trump) herdou erros das administrações anteriores, incluindo o governo Obama, erros na política externa para a América Latina, e que há uma ideologização da política externa americana contra a Venezuela", acrescentou Maduro na mesma mensagem.

Nesta quinta-feira, um representante do governo americano participou de conversas do governo brasileiro com líderes da oposição venezuelana exilados. Enviado de Trump, o subsecretário do Tesouro americano, Marshall Billingslea, veio a Brasília acompanhar discussões sobre novas sanções econômicas que serão aplicadas ao governo de Nicolás Maduro. Na véspera, Caracas havia acusado Washington de promover um golpe de Estado na Venezuela.

" Bloqueio"

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, responsabilizou o governo "supremacista" de Donald Trump pelo "bloqueio" econômico que aflige o povo venezuelano. Ele considerou ainda que a postura americana contrasta com a atitude do líder venezuelano de buscar um "diálogo respeitoso" com a Casa Branca.

"Não é simples fazer uma revolução socialista a tão poucas milhas de cidades como Washington e Nova York", disse Arreaza em conversa com jornalistas, na qual denunciou a "permanente interferência, intromissão e ingerência dos EUA e de seus governos satélites na Venezuela para provocar uma mudança do regime por caminhos não constitucionais".

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