Execução

Execuções marcam o início do ano na Região Metropolitana de São Luís

Dezoito pessoas já foram assassinadas este ano na Grande São Luís, seis delas em três execuções, na localidade Mato Grosso, no Sítio Natureza e no bairro Liberdade

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Ilustração
Ilustração (Ilustração)

SÃO LUÍS - Execuções marcam o início deste ano na Região Metropolitana de São Luís. Dezoito assassinatos já ocorreram este mês na Ilha, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Entre estes casos, há três execuções com seis vítimas de pessoas não relacionadas com o crime. Uma delas tiveram como vítimas os funcionários de uma empresa prestadora de serviço para a Cemar, João Victor Melo, de 27 anos, e Fancivaldo Carvalho da Silva, de 25 anos. Eles foram assassinados a tiros em plena luz do dia por “faccionados” quando estavam a trabalho no Sítio Natureza, em Paço do Lumiar. O fato ocorreu na última segunda-feira, motivado por corte de energia elétrica.

Esse caso está sendo investigado pela Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), coordenado pelo delegado Jeffrey Furtado. Ainda na sexta-feira, 18, a polícia estava a procura de mais um dos envolvidos nesse crime, Pablo Martins Silva, o De Menor, de 18 anos. O delegado informou que esse criminoso já têm várias passagens pela polícia por diversos crimes, inclusive, por homicídio e associação criminosa. “A polícia já solicitou ao Poder Judiciário a ordem de prisão desse envolvido”, disse Jeffrey Furtado.

O delegado informou, ainda, que na tarde de quinta-feira, 17, foi apreendido o irmão de De Menor, um adolescente de 16 anos, que também é suspeito de ter participado do crime. O adolescente foi localizado na residência de sua tia, no Paranã, em Paço do Lumiar, e conduzido para a sede da SHPP.

Confessou

O delegado informou que adolescente, em depoimento, acabou confessando a autoria desse duplo homicídio, confirmando a participação do seu irmão, Pablo Martins Silva. Segundo o jovem, no dia do crime estava jogando videogame em companhia de colegas na Rua A, no Sítio Natureza, quando foi procurado pelo irmão para cometerem esse crime. Pablo Martins estava com raiva devido as vítimas terem cortado a energia elétrica da residência de sua namorada, na Rua A do Sítio Natureza, e o seu filho teria ficado no calor.

As vítimas foram abordadas dentro do veículo da terceirizada da Cemar, um Fiat Mille, de placas OJG-2736, na Rua B, do bairro. Pablo Martins teria disparado os primeiros tiros e o seu irmão completou o serviço. Em relação a arma utilizada no dia do crime, o adolescente afirmou que está com seu irmão.

Manifestação

Os trabalhadores da Consórcio Norte, que presta serviço para a Cemar, realizaram um protesto na manhã desta sexta-feira, 18, na porta da empresa, no bairro Santo Antônio. O diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Construção Civil e Mobiliário do Maranhão (Sindconstrucivil-Ma), Irineu Mendes, declarou que esse ato de protesto foi pela morte dos “colegas de trabalho”, ocorrido no Sítio Natureza, e pelo fim da operação Sol Nascente, que é desenvolvida durante a noite e a madrugada em busca de fraudes de energia elétrica.

Irineu Mendes declarou que esse tipo de trabalho acaba colando em risco a vida dos trabalhadores. “Há um tipo de trabalho desenvolvido durante a noite e madrugada que coloca em risco a vida dos trabalhadores”, alertou o diretor do Sindconstrucivil-Ma.

Em relação a esse tipo de trabalho, o gerente-geral da Consórcio Norte, José Maria Carvalho, declarou a rádio Mirante AM que todo projeto é reavaliado de forma constante e os funcionários são treinados para realizar as suas funções, principalmente o trabalho de corte de energia elétrica.

Ele ainda garantiu que a empresa cumpri com as normas trabalhistas. A direção da empresa está acompanhando o trabalho da polícia na investigação da morte dos dois funcionários.

Chacina

“A primeira parte desse caso, no que se refere à morte dos três jovens, está elucidada. Quem perseguiu e atirou nos três rapazes está preso, é o soldado da Polícia Militar Hamilton Caires Linhares. Agora, queremos fazer uma apuração completa de todos os eventos”, disse o secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, em entrevista à Rádio Mirante AM, sobre a chacina ocorrida na localidade Mato Grosso, no Coquilho, zona rural da capital.

Os corpos das vítimas, Gustavo Feitosa Monroe, de 18 anos; Joanderson da Silva Diniz, de 17 anos, e Gildean Castro Silva, 14 anos, foram encontrados no último dia 4, em uma área de matagal, nas proximidades da construção do habitacional do programa federal Minha Casa, Minha Vida.

Ainda de acordo com o secretário, o soldado Hamilton Caires Linhares permanece preso no presídio militar, na sede do Comando Geral da Polícia Militar, no Calhau. O inquérito policial está preparado pela SHPP, que no momento aguarda resultados de exames periciais para ser concluído. Um desses exames é das capsulas, que foram encontradas no local do crime, para verificar a digital e a numeração do lote.

Portela informou, também, que está sendo investigado a ligação de Caires com outros vigilantes, entre eles três policiais militares e dois agentes penitenciários, pois isto pode configurar formação de milícia. “Temos claro é que cinco servidores públicos, sendo três policiais militares e dois agentes penitenciários, estavam fazendo a segurança do local onde ocorreu o crime. Todo mundo está sendo ouvido, para nós levantarmos todas as circunstâncias da morte desses jovens”, explicou o secretário de Segurança Pública.

“A primeira parte da chacina de Mato Grosso, no que se refere à morte dos jovens, está elucidada. Quem perseguiu e atirou nas vítimas já está preso”.Delegado Jefferson Portela, secretário de Segurança Pública

Caso Uber

A polícia até esta sexta-feira, 18, não havia conseguido prender os executores do motorista do aplicativo Uber, Edmilson Pimenta Azevedo, de 54 anos. O crime ocorreu na noite do último dia 6, na avenida Luiz Rocha, no bairro Liberdade. No decorrer das investigações, a SHPP conseguiu prender um dos passageiros que estavam no carro da vítima no dia do crime, Sony Anderson Silva de Oliveira, de 19 anos, que estava com um mandado expedido pela 4ª Vara Criminal da Capital.

Segundo a polícia, houve duas situações que poderiam ter acontecido no dia do crime. Uma delas que os passageiros eram desafeto do atirador, que, ao avistá-los, os perseguiu para matá-los; ou os ocupantes iniciaram uma discussão de trânsito com o motociclista, que, com raiva, revidou com disparos de arma de fogo.

Entenda o caso

De acordo com a polícia, a primeira versão era de que Edmilson Pimenta havia deixado uma passageira no bairro da Liberdade e estava atravessando a avenida Luiz Rocha quando foi atingido por disparos de arma de fogo na região das costas. No veículo ficaram marcas dos tiros, que também atingiram e perfuraram o pulmão da vítima.

Edmilson Pimenta ainda conseguiu dirigir o carro por alguns metros, mas acabou batendo em uma árvore, no canteiro central. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Municipal Socorrão I, no centro, mas morreu antes de ser submetido a tratamento cirúrgico.

Durante as investigações, a polícia acabou descobrindo, que no carro, estavam três jovens e os tiros foram disparados por um motoqueiro que poderia ser desafeto dos passageiros. Esse motociclista até hoje não foi identificado e o caso continua sem definição.

Número

18 assassinatos já ocorreram no decorrer deste ano na Ilha

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