Caso Queiroz

STF suspende investigação contra Queiroz a pedido de Flávio Bolsonaro

Apesar de não ser investigado, senador eleito alegou que a partir de fevereiro passará a gozar de foro privilegiado por causa do exercício do mandato no Senado Federal; decisão foi do ministro Luiz Fux

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
(Flávio Bolsonaro)

BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o procedimento investigatório criminal que apura movimentações financeiras atípicas do ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, e de outros assessores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), "até que o relator da reclamação se pronuncie".

A suspensão, por decisão do ministro Luiz Fux, se deu por um pedido movido pela defesa do senador Flávio Bolsonaro. O Ministério Público, que foi quem revelou a suspensão, não informou o que motivou a decisão cautelar proferida nos autos da Reclamação de nº 32989. “Pelo fato do procedimento tramitar sob absoluto sigilo, reiterado na decisão do STF, o MP-RJ não se manifestará sobre o mérito da decisão”, informou o órgão, por meio de nota.

Apesar disso, a reportagem apurou que a decisão ocorreu por uma alegação de foro privilegiado de Flávio Bolsonaro, que não é investigado na peça. O entendimento do STF sobre o alcance do foro privilegiado pesou na decisão do ministro Luiz Fux de suspender o procedimento investigatório criminal que apura movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz.

Em dezembro, o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou 22 procedimentos para apurar as movimentações atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) envolvendo servidores e políticos. As investigações estavam sendo conduzidas pela promotoria fluminense já que Flávio e os outros 21 políticos atuavam na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A decisão foi tomada pelo ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo, ontem, mesmo dia em que o pedido foi protocolado na Corte. Fux está exercendo interinamente a presidência da Corte por conta das férias do ministro Dias Toffoli e é responsável pelo plantão durante o período de recesso judiciário.

Segundo apurou a reportagem, a defesa afirmou que Flávio ganhará foro perante o Supremo Tribunal Federal, já que assumirá em fevereiro o mandato de senador. Para Fux, ao restringir o alcance do foro privilegiado, o Supremo considerou que cabe ao próprio tribunal decidir o que deve ficar ou não na Corte em casos como este.

Além disso, Fux entendeu que caberia ao ministro relator do caso, Marco Aurélio Mello, decidir sobre a situação específica da apuração. Para o vice-presidente do STF, a investigação deve aguardar agora uma decisão de seu colega, relator do caso. O Supremo retoma suas atividades em 1º de fevereiro.

Procurada pela reportagem, a defesa de Flávio Bolsonaro informou que, por conta do sigilo, está impedida de se pronunciar.

Suspensão

A informação de que o STF havia suspendido o procedimento investigatório criminal que apura movimentações financeiras atípicas do ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, e de outros assessores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi divulgada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

O relatório do Coaf, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro do ano passado, foi enviado ao Ministério Público Federal do Rio no âmbito da Operação Furna da Onça, que em novembro prendeu dez deputados estaduais suspeitos de receberem propina. Ao todo, 75 servidores são citados no documento, mas nem todos seguem o mesmo padrão de movimentação financeira. Queiroz e Flávio Bolsonaro não foram alvo da operação.

Procurador da Lava Jato critica decisão de Luiz Fux

O procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, criticou a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre as movimentações financeiras de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

"Com todo o respeito ao Min. Fux, não há como concordar com a decisão, que contraria o precedente do próprio STF. Tratando-se de fato prévio ao mandato, não há foro privilegiado perante o STF. É de se esperar que o mininistro Marco Aurélio reverta a liminar", escreveu Deltan em seu perfil no Twitter.

Deltan se junta a um grupo bastante heterogêneo de críticos da decisão, anunciada ontem. Além dele, comentaram o caso desde membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua até integrantes de PT e PSOL, entre outros.

A repercussão sobre a decisão de Fux fez o caso ocupar metade da lista de Trend Topics do Twitter esta tarde. Dos dez assuntos mais comentados, cinco são relacionados ao caso: "Queiroz", "Flávio Bolsonaro", "Luiz Fux", "Supremo" e "O STF".

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