SAÚDE

UPA do Araçagi tem serviços limitados e perde traumatologia

Unidade teve os atendimentos ortopédicos e traumatológicos encerrados; a assistência emergencial nas especialidades era a única mantida pelo Estado na Ilha; hospital na Vila Luizão fará atendimentos de urgência

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Não há mais ortopedia e traumatologia na UPA do Araçagi
Não há mais ortopedia e traumatologia na UPA do Araçagi (UPA ARAÇAGI)

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Araçagi, localizada na Avenida dos Holandeses, na Região Metropolitana de São Luís, teve seus serviços emergenciais de ortopedia e traumatologia encerrados pelo Governo do Maranhão, mantenedor da instituição, na última semana. Sem os serviços, pacientes que necessitarem do atendimento terão de buscar assistência no Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura, o Socorrão II, que funciona no bairro Cidade Operária, em São Luís.

Inaugurada em dezembro de 2011, na gestão da governadora Roseana Sarney (2011-2014), a UPA do Araçagi atendeu a mais de 145 mil pacientes só no ano seguinte, em 2012. À época, a unidade teve uma demanda de cerca de 500 atendimentos por dia, como pressupõe a classificação de porte III, do Ministério da Saúde. Com o dever de funcionar 24 horas, sete dias por semana e poder resolver grande parte das urgências e emergências, agora os serviços têm subtraído o atendimento relacionado aos traumas - o único que era oferecido emergencialmente pelo Estado à população da Ilha.

Com a suspensão dos serviços, a preocupação maior é para quem necessita dos atendimentos, que, muitas vezes, é requerido em casos de acidentes de trânsito, como aconteceu com o motociclista Renato Castro, de 24 anos. “Assim que o acidente aconteceu, e como foi próximo de casa, que também fica no Araçagi, levamos logo ele em busca de atendimento na UPA do bairro, mas chegando lá ficamos sabendo que a assistência que ele precisava só estava sendo feita no Socorrão II”, contou a mãe do rapaz acidentado, Maria de Fátima Alves.

A O Estado, por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, a menos de dois quilômetros de onde fica instalada a UPA do Araçagi, o Hospital Dr. Adelson de Sousa Lopes, na Vila Luizão, garante atendimento de urgência na área de ortopedia.

Desse modo, a SES disse que “acatou a recomendação do Ministério da Saúde, em visita recente de requalificação da UPA do Araçagi, para manter apenas o serviço de ortopedia da Vila Luizão”.

Isentando-se do fornecimento de atendimento emergencial ortopédico, ainda em nota a SES comunicou que, além do Hospital Dr. Adelson de Sousa Lopes, garante o investimento de quase R$ 3 milhões mensais para o funcionamento do primeiro Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão, e que a unidade realiza, aproximadamente, 400 procedimentos cirúrgicos por mês e atende pacientes referenciados, inclusive quando encaminhados para exames de tomografia e/ou ressonância.

Por fim, a secretaria ressaltou que a Grande Ilha conta, também, com a porta aberta do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II), referência no atendimento de traumatologia e ortopedia, cuja gestão é municipal.
Sobre o Socorrão II manter-se de “portas abertas”, o secretário municipal de Saúde, Lula Fylho, disse em novembro que o Município enfrenta grandes dificuldades para atender à demanda. “A gente tem dois hospitais que custam, em média, R$ 10 milhões por mês e faturam em torno de R$ 1.300 milhão. Ou seja, os dois grandes hospitais geram R$ 19 milhões déficit mensais, bancados por recursos próprios do Município”.

Sem atendimento
Há uma semana, o portal Imirante.com veiculou uma reportagem sobre outro grande problema que os pacientes que procuram a UPA do Araçagi têm enfrentado, a demora no atendimento médico. No vídeo que acompanha a reportagem, pacientes mostram-se revoltados com a demora no atendimento de uma mulher jogada ao chão, passando mal, à espera de atendimento. Na ocasião, a paciente, não identificada só foi atendida depois que outros pacientes exigiram que ela recebesse a assistência devida.

Diante da ocorrência, a SES informou que a mulher se tratava de uma paciente psiquiátrica, o que justificaria o comportamento que teve e que foi explicitado no vídeo. A paciente precisou apenas de um medicamento de efeito calmante, para controlar sua crise, e ela havia sido referenciada para o Hospital Nina Rodrigues.

SAIBA MAIS

Com a extinção da ortopedia na UPA do Araçagi, deixando responsável pelo atendimento de casos emergenciais relacionados competentes à especialidade o Socorrão II, os atendimentos ficarão ainda mais complicados, na opinião da dona de casa Silvia Reis, 53 anos. “Se já era difícil, com uma emergência que frequentemente ficava lotada por pacientes querendo atendimento com ortopedista, agora então, que só tem o Socorrão II, a situação vai ser insustentável”. Em dezembro do ano passado, a Associação dos Médicos dos Socorrões I e II (Amess) disse que o problema de superlotação e de atendimento nos corredores de ambos os hospitais municipais se devia à quantidade de pacientes vindos do interior, parcela que correspondia a 60% do total dos pacientes que esperam mais que o previsto pelo início do atendimento médico. No Socorrão II, até o mês passado, como veiculou o G1-MA, os corredores estavam lotados por marcas. Além disso, nas enfermarias ou no atendimento ambulatorial pacientes e presos em tratamento de saúde ficavam no mesmo corredor, sem distinção ou monitoramento.

ENTENDA

Atendimento de emergência
Casos de emergência são aqueles em que há risco imediato de morte ou de lesões irreparáveis para o paciente. Por exemplo, um infarto do coração.
Atendimento de urgências
Casos de urgência são aqueles resultantes de acidentes pessoais (por exemplo, uma fratura causada por uma queda, exceto fraturas expostas, pois estas são consideradas extremamente graves e têm caráter emergencial) ou de complicações na gravidez.

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