Dia do Compositor

A arte de compor

No Dia do Compositor, maranhenses que se dedicam a essa arte musical falam do prazer em criar e lamentam o fato de não serem reconhecidos como gostariam

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
O compositor Michael Wesley começou a escrever letras ainda criança
O compositor Michael Wesley começou a escrever letras ainda criança (Michael Wesley )

São Luís - Eles estão por trás de todas as músicas. Trabalham a obra-prima utilizando o domínio da técnica das notas musicais para criar melodias. Além disso, usam a criatividade e a sensibilidade para escrever canções que emocionam e animam multidões. No Dia Mundial do Compositor, hoje, eles revelam o prazer de criar e de ver suas composições na voz dos intérpretes, mas, também, reclamam das dificuldades de serem reconhecidos.

Há mais de 20 anos cantando, Carol Cunha é, antes de tudo, compositora. Ela compõe desde criança e afirma que começou rabiscando poesias. “Todo compositor precisa caminhar por um tema e eu escolhi o romantismo. Gosto de compor músicas para o samba e o reggae, por exemplo, e, às vezes, surge letra e melodia ao mesmo tempo. É uma atividade muita prazerosa e que me faz feliz”, diz a compositora.
Carol, no entanto, conta que sente a necessidade de mais incentivo. Ela ressente-se do fato de observar que muitos intérpretes nem sempre divulgam os nomes dos compositores das músicas que cantam. “Alguns nem sabem quem fez a música. Ainda bem que existem os direitos autorais e se você estiver vinculado a alguma associação, recebe os direitos de todas as suas músicas”, lamenta.

É de Carol Cunha, por exemplo, as músicas “Dói”, “Me leva” (em parceria com Selma Delago), “Batucar” (com Isabel Cunha e Ana Teresa), “Por Tanto Tempo” e “Chove saudade em mim” (com Selma Delago), entre diversas outras. “Adoro compor e de cantar as minhas músicas. Atualmente, tenho uma forte parceria com a compositora Selma Delado, com quem descobri uma sintonia incrível. Nós compomos também juntas e o resultado está sendo satisfatório”, afirma.

O compositor é a pessoa mais importante na pirâmide do mercado musical. Por isso, há um sistema que defende os direitos do compositor ou do autor. Esse sistema defende os direitos autorais, que são formados por leis inicialmente desenvolvido na Europa, no chamado “Tratado de Berna”, em 1886. Ou seja, há mais de 100 anos os europeus já estavam definindo as regras de como pagar os direitos autorais.

Selma Delago é compositora de mão cheia e tem mais de 300 criações, sendo 130 já gravadas. Entre outros, ela tem um disco gravado no Rio de Janeiro com composições autorais interpretadas por artistas cariocas e uma pelo cantor maranhense Betto Pereira. Delago tem uma experiência tímida com o violão, mas consegue fazer a letra e colocar a melodia.

“Costumo fazer letra e melodia, mas nessa área são muitas as dificuldades, não se pode negar. Além dos entraves financeiros (os custos são altos), para você investir em música para obter o resultado final da obra, ou seja, na voz do intérprete, não é fácil. Atualmente, temos as plataformas digitais, mas há ainda as dificuldades para você conseguir fazer com que sua música toque nas rádios. No Maranhão, por exemplo, há poucas possibilidades”, diz.

O também compositor maranhense José Pereira Godão já perdeu as contas de quantas músicas escreveu. Ele compõe desde a década de 1970, quando fez o samba “Juca Pirama”, para a escola de samba Turma do Quinto, e quando também fez a música “Sentinela”, em parceria com César Teixeira, para participar de um festival universitário.

“A partir daí, deslanchei e fiz também em parceria com Luiz Henrique de Nazaré Bulcão. Na verdade, comecei produzindo um grupo artístico chamado ‘Pé na Estrada’, que nos levou a um festival em Curitiba. Depois, criamos a Companhia Barrica e passamos a compor especialmente para ela e também para a Turma do Quinto”, conta Godão.

No início da carreira, os intérpretes mais frequentes das composições de José Pereira Godão eram Gabriel Melônio e Cláudio Pinheiro. Depois, suas composições ganharam as vozes dos cantores Inácio Pinheiro e Roberto Brandão, da Companhia Barrica. “A maioria das minhas músicas é registrada. Gosto de compor para a Cia. Barrica e para o Bicho Terra, mas também componho outros gêneros, como bolero, samba e música popular maranhense no geral”, disse Godão.

Atualmente residindo em Fortaleza (CE), o cantor maranhense Michael Wesley compõe suas músicas desde criança, incentivado pelo pai, Marquinhos Bill. Ele tem mais de 300 músicas. Recentemente, o cantor divulgou seu primeiro clipe oficial com sua nova canção autoral, intitulada ‘Traição Cruel”, que alcançou mais 300 mil visualizações no Youtube. “Gosto muito de compor e é algo que faz parte do meu projeto musical. Ser compositor é algo que me completa, pois a música, com todas as suas fases, tem um significo muito importante para mim”, disse o artista.

Saiba mais

O compositor é o músico que cria músicas, mas não necessariamente as interpreta. Para seguir essa profissão, é preciso saber escrever músicas, mas não necessariamente ser formado em música, nem nada em específico. Apesar disso, fazer faculdade nessa área pode ajudar muito o compositor. Essa profissão se beneficia bastante de contatos, e a faculdade é um ótimo lugar para isso. Além da faculdade, é importante manter relacionamentos com outros músicos, produtores, editoras musicais etc.

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