Em meio a incertezas

Estados Unidos começam a retirar equipamentos militares da Síria

Saída da presença militar americana na fronteira começa três semanas depois de anúncio do presidente Donald Trump, sem incluir tropas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Guerreiros curdos guiam um comboio de veículos blindados militares dos EUA
Guerreiros curdos guiam um comboio de veículos blindados militares dos EUA (Reuters)

BEIRUTE, Líbano - Os Estados Unidos começaram a retirada da Síria na sexta-feira ( 11), dando um primeiro passo no plano do presidente americano Donald Trump para remover as forças americanas de um dos campos de batalha mais complexos do Oriente Médio, disse um porta-voz militar americano.

O anúncio foi feito em um comunicado do coronel Sean Ryan, porta-voz da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico. O coronel Ryan disse que a coalizão havia "iniciado o processo de nossa retirada deliberada da Síria", acrescentando que não ofereceria mais informações sobre "cronogramas específicos, locais ou movimentos de tropas".

Em seu começo, a retirada deve incluir apenas equipamentos militares, mas não tropas, disseram autoridades militares do país. Mais cedo, o New York Times chegou a publicar que havia começado a retirada de soldados.

As autoridades acrescentaram que o número de militares na Síria na verdade pode ainda aumentar ligeiramente, para ajudar a proteção da saída — uma operação que deve demorar no mínimo entre quatro e seis meses para ser concluída.

Anunciada no dia 19 de dezembro, a retirada dos cerca de 2 mil militares americanos situados no Nordeste da Síria levantou dúvidas sobre um possível vácuo de poder na região, que poderia permitir uma possível ressurgência do Estado Islâmico ou uma disputa potencialmente violenta entre outras forças na Síria.

Trump manifestou seu desejo de levar as tropas de volta para casa, dizendo que elas foram enviadas para combater o Estado Islâmico e que sua missão foi quase cumprida. Seu plano para levá-las de volta para casa, por outro lado, não ficou claro. A decisão do presidente levou à renúncia de seu secretário de Defesa, Jim Mattis.

No mês passado, o presidente disse que queria a saída das tropas em 30 dias. Depois de discussões com outros membros de seu governo, no entanto, o cronograma foi prolongado.

Os críticos da retirada alegaram que ela significaria o abandono americano de seus aliados curdos, que lutaram contra o Estado Islâmico, mas são considerados inimigos da Turquia, e o crescimento da influência russa e síria na região.

No último domingo, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, disse que a retirada estava condicionada por fatores que poderiam fazer com que as forças americanas permanecessem por meses ou mesmo anos na Síria.

Milícias locais

Na Síria, as forças americanas trabalharam ao lado de milícias locais, lideradas pelos curdos, em combate contra o Estado Islâmico, que estabeleceu um autodeclarado califado que ocupava parte da Síria e do Iraque.

Conforme os militantes islâmicos foram obrigados a retroceder, a zona de influência americana cresceu, chegando a alcançar cerca de um quarto do território da Síria, onde as milícias montaram conselhos locais para conduzir questões básicas de governança.

O governo sírio e seus aliados russos e iranianos querem o território de volta por várias razões, como os depósitos de petróleo, a terra agrícola, a reabertura da fronteira com o Iraque e a reunificação do país, que foi destruído por uma guerra que começou em 2011.

A Turquia também tem interesses na área e vê a principal milícia curda como uma ameaça à sua segurança nacional. Istambul enviou suas tropas para a fronteira síria e ameaçou adentrar no país vizinho para combater os curdos.

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