Editorial

O alerta do Janeiro Roxo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

O alerta foi dado na edição de ontem do jornal O Estado. O número de casos de hanseníase tende a aumentar no Maranhão. O aumento, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), deve-se à intensificação da busca por diagnóstico da doença, o que leva ao encontro de mais portadores da doença em todo o estado.

Em 2017, foram registrados 3.091 casos no Maranhão. Já no ano passado, esse número chegou a 3.079 novos casos em um levantamento parcial e que ainda pode subir, uma vez que o Ministério da Saúde recebe as notificações de 2018 até os primeiros quatro meses deste ano. Por isso, para este ano, a estimativa é, também, de crescimento de pessoas vítimas dessa moléstia.

São Luís está entre as 15 cidades do país com maior incidência da doença, de acordo com os últimos registros oficiais que mostram que em 2017, foram notificados 453 casos. Em 2018, o total foi cerca de 40% maior, atingindo 650 casos até o momento.

Os números foram divulgados durante o lançamento da campanha Janeiro Roxo no estado, de conscientização sobre a hanseníase. A ação é realizada em âmbito nacional. É o terceiro ano da campanha, iniciada em 2016.

E vale o alerta mesmo: o Brasil é segundo lugar no ranking dos países com mais casos de hanseníase - ficando atrás somente da Índia. Por ano, são diagnosticados perto de 30 mil casos novos de hanseníase. E a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), que lançou a campanha nacional e permanente “Todos Contra a Hanseníase”, alerta para uma endemia oculta da doença e estima que o Brasil tenha entre 3 e 5 vezes mais casos do que apontam os dados oficiais sobre a doença.

Outro problema grave é o preconceito da sociedade em torno da doença. Segundo a entidade, há casos de editais para contratação de profissionais que põem a hanseníase como item de desclassificação; educadores que não aceitam alunos diagnosticados com hanseníase - apesar destes estarem em tratamento e, por isso, não transmitem a doença; governos ‘desdiagnosticando’ casos para não expor a alta endemicidade em suas regiões; profissionais de saúde sem o preparo adequado porque universidades consideram a doença controlada; pacientes diagnosticados depois de vários anos sem serem percebidos no sistema de saúde e muitos outros problemas.

O alerta é para que se perceba a importância de esclarecer a população e combate a hanseníase, que é uma doença transmitida por um bacilo através do contato próximo e prolongado entre as pessoas. O bacilo ataca os nervos e o paciente pode perder ou ter diminuição da sensibilidade à dor, ao toque, ao frio e calor, além de apresentar manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele.

É necessário muito preparo do médico para diagnosticar a hanseníase. Por isso, é alto o número de doentes que recebem o diagnóstico apenas quando as sequelas são visíveis, irreversíveis e incapacitantes. É importante destacar também que o tratamento é gratuito em todo o Brasil e a doença tem cura.

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