Apelo

Contra nacionalismos, papa pede solução migratória global

Para Francisco, mundo ''tem dever de defender refugiados''; o pontífice sugeriu que políticas de portas fechadas estão levando o mundo de volta a cem anos atrás

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Papa Francisco durante cerimônia religiosa no Vaticano no início deste ano
Papa Francisco durante cerimônia religiosa no Vaticano no início deste ano (Reuters)

CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco advertiu ontem ( 7) contra o ressurgimento de movimentos nacionalistas e criticou os países que tentam resolver crises migratórias com ações unilaterais ou isolacionistas. Discursando a diplomatas, como faz anualmente, o pontífice sugeriu que políticas de portas fechadas estão levando o mundo de volta a cem anos atrás, ao período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais.

Segundo Francisco, as dificuldades nas relações entre países acompanhadas de tendências nacionalistas prejudicam as populações mais vulneráveis, incluindo os migrantes. A ascensão de forças políticas populistas, que se valem do discurso contra a imigração, é uma tendência que se acentuou no último ano em diversos países, incluindo Itália, França, Holanda, Hungria e Polônia.

Nos EUA, o governo encontra-se parcialmente paralisado há três semanas por falta de acordo sobre o Orçamento de 2019, enquanto o presidente Donald Trump diz que não abrirá mão de incluir na conta os US$ 5 bilhões para a construção do seu muro na fronteira com o México para barrar imigrantes.

Liga das Nações

Em seu discurso de uma hora, o papa mencionou várias vezes a Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial para promover a paz, mas que não conseguiu deter os movimentos nacionalistas e populistas que ajudaram a levar à Segunda Guerra Mundial.

"O reaparecimento desses impulsos hoje está enfraquecendo progressivamente o sistema multilateral", disse ele a emissários de 183 países, afirmando ainda que "a comunidade internacional tem o dever de defender refugiados e migrantes". "Eu não acredito que soluções parciais possam existir para um problema tão universal."

O pontífice ainda elogiou o Pacto Global Sobre Migrações, da Organização das Nações Unidas (ONU), assinado no último mês de dezembro em Marrakech, no Marrocos, durante uma conferência que reuniu 164 países, incluindo o Brasil, dos 193 membros da ONU (Organização das Nações Unidas). A maioria dos países-membros da ONU aprovou formalmente por aclamação o pacto que tem como objetivo melhorar a gestão dos fluxos migratórios no mundo.

No entanto, o texto recebeu críticas de alguns governos de direita e nacionalistas e foi rejeitado pelos Estados Unidos de Donald Trump. Na ocasião, o chanceler Ernesto Araújo, já indicado para ser ministro das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro, também criticou e afirmou que o Brasil não continuará no pacto.

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