Sem acordo

Reino Unido pode entrar em território desconhecido

Primeira-ministra tem encontrado dificuldade para conseguir que o acordo do Braxit seja aceito no parlamento; o Reino Unido deve deixar a União Europeia (UE) em 29 de março

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Theresa May, premiê do Reino Unido, durante reunião com líderes da União Europeia em Bruxelas
Theresa May, premiê do Reino Unido, durante reunião com líderes da União Europeia em Bruxelas (Reuters)

LONDRES - A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse ontem (6) que o Reino Unido estará em território desconhecido caso seu acordo para o Brexit seja rejeitado pelo parlamento neste mês, apesar de poucos sinais de que ela tenha superado o ceticismo entre os parlamentares.

O Reino Unido deve deixar a União Europeia (UE) em 29 de março, mas a incapacidade de May até agora de conseguir que o acordo de saída seja aceito no parlamento vem alarmando líderes empresariais e investidores que temem que o país esteja a caminho de um Brexit sem acordo prejudicial.

A primeira-ministra afirmou que a votação no parlamento deve ocorrer em torno do dia 15 de janeiro, conforme esperado, contrariando notícias sobre um possível adiamento. May já adiou a votação uma vez, quando tornou-se claro que ela perderia a menos que garantias adicionais da UE fossem acordadas.

Descrevendo o que ocorreria casso fosse derrotada, May disse à BBC: "Estaremos em território desconhecido. Eu não acho que alguém possa dizer exatamente o que acontecerá em termos da reação que veremos no parlamento."

Em meio a incertezas sobre os próximos passos do Reino Unido - que variam desde uma saída sem acordo à permanência no bloco europeu -, uma pesquisa mostrou que mais britânicos querem ficar na UE do que sair.

O próprio partido de May está dividido em relação ao acordo desenhado pela primeira-ministra, com muitos temendo que uma política para evitar o ressurgimento de uma fronteira dura entre Irlanda e Irlanda do Norte possa deixar o Reino Unido sujeito a regras da UE indefinidamente.

Um dos que lideram essa oposição a May é o parlamentar Jacob Rees-Mogg, que disse em entrevista a um jornal ser uma "ilusão" que o recesso do parlamento durante o feriado de Natal pudesse persuadi-lo a mudar de ideia e apoiar o acordo.

Trabalho a ser feito

Com o debate parlamentar sobre o acordo de May prestes a começar em 9 de janeiro, a primeira-ministra disse que ainda havia trabalho a ser feito para conseguir as garantias sobre o apoio da UE.

Ela ainda prometeu que o parlamento teria mais voz no resto do processo de saída da UE e alertou que rejeitar seu acordo poderia impedir o Brexit.

"Não deixe a busca pela perfeição tornar-se o inimigo do bem, porque o perigo aí é na verdade terminar sem qualquer Brexit", afirmou May. Ela não respondeu se, caso derrotada, faria uma segunda tentativa de aprovar o acordo no parlamento.

May também não afirmou diretamente, ao ser questionada, se estava conduzindo o país para um Brexit sem acordo, mas repetiu suas objeções a uma nova consulta à população sobre o tema.

Ela afirmou que um segundo referendo seria divisivo e desrespeitoso com aqueles que votaram para deixar a UE na votação inicial, destacando ainda a falta de tempo para um novo referendo.

"Praticamente, na verdade não se conseguiria um referendo a tempo antes de 29 de março -estaríamos falando em prorrogar o Artigo 50", disse May, referindo-se ao aviso de saída dentro de dois anos enviado pelo Reino Unido à UE em março de 2017.

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