Comportamento

Brindando a saúde: consumo diário de vinho é maior na terceira idade

Pesquisa revela, no entanto, que a bebida ainda não é tão popular entre os mais jovens

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Ao contrário dos mais jovens, as pessoas mais maduras preferem o bom e velho vinho
Ao contrário dos mais jovens, as pessoas mais maduras preferem o bom e velho vinho (Vinho)

O vinho, consagrado como uma das bebidas mais apreciadas no mundo inteiro, está presente em qualquer ocasião festiva, seja uma comemoração entre amigos ou para celebrar as tradicionais festas de fim de ano. No entanto, além das datas sazonais, a bebida também é amplamente consumida no cotidiano de um público específico: a melhor idade. Uma pesquisa especializada revela que, ao contrário dos mais jovens, as pessoas mais maduras preferem o bom e velho vinho ao escolherem uma bebida alcoólica.

E razões não faltam para ajudar nesta decisão, afinal o prazer e requinte são apenas alguns sinônimos associados à bebida que, juntamente com fatores como cultura e tradição, fazem dela a melhor pedida para um brinde de celebração. Mas são outros requisitos do néctar que fazem com que seu consumo ganhe ainda mais destaque na vida dos brasileiros e passe a fazer parte do dia a dia: sua ação positiva sobre a saúde. Estudos apontam, entre outros benefícios, que o vinho atua, até mesmo, na proteção do sistema cardiovascular. Por isso seu sucesso não é à toa, não é mesmo?

Hábitos de consumo
A pesquisa "Hábitos Alimentares do Brasileiro – preferências, dietas e tendências de consumo", contou com 1.021 participantes de diversas regiões do país na edição de 2018, e revelou que o vinho continua sendo - desde o início do estudo, em 2017 -, disparado, a bebida mais apreciada pelos entrevistados (76%), especialmente na melhor idade. Pessoas acima dos 50 anos são as que consomem a bebida com uma frequência maior, 15% afirmam consumi-la diariamente. Já entre os mais jovens, com idade entre 18 a 25 anos, no entanto, o consumo diário cai para menos de 3%. Em média geral, na apuração de todas as faixas etárias, a frequência de degustação da bebida é ocasional.

Em segundo lugar, com 6% da preferência estão os destilados, como rum, vodka e gin, o whisky figura em terceiro lugar como a principal escolha de apenas 4% dos entrevistados, seguido pela cachaça, tradicional bebida brasileira que só conquistou 3% dos votos. Ainda de acordo o levantamento exclusivo, realizado pela Banca do Ramon, um dos empórios mais tradicionais do Mercado Municipal de São Paulo, que também abordou os hábitos sobre o consumo de bebidas alcoólicas na hora de presentear, o vinho continua na liderança do ranking, sendo a principal escolha de 85,7% dos consumidores.

Bebida do bem
Nas últimas décadas os efeitos do vinho sobre a saúde foram alvo de inúmeros estudos e pesquisas e as descobertas contribuíram para que a famosa bebida ganhasse ainda mais destaque, até mesmo entre aqueles que não apreciam tanto. De acordo com a nutricionista Juliana Tomandl, consultora da Banca do Ramon, apesar da popularidade do vinho ser bem maior na faixa etária mais elevada, as vantagens desse consumo não são benéficas apenas ao público da melhor idade: “Jovens e adultos podem e devem aproveitar a qualidade nutricional da bebida, mas com moderação” – ressalta a especialista. O consumo moderado da bebida deve ser estimulado como um hábito, principalmente entre aqueles que ainda consomem pouco.

Mas, mesmo com o maior número de pessoas cientes desses benefícios e, ainda que a bebida esteja conquistando cada vez mais adeptos, poucos sabem, de fato, o que faz o vinho ser tão especial e quais os principais benéficos para nossa saúde. Com inúmeras propriedades terapêuticas, a uva, principal matéria-prima do vinho, é a grande responsável por seus benefícios. “Isso graças a alta concentração de polifenóis, que são substâncias resultantes dos mecanismos de defesa da videira, ou seja, quando a parreira se defende de agressões externas, como exposição solar, pestes e entre outras” – explica Tomandl.

Vinho e saúde
Dentre os polifenóis presentes na fruta, a nutricionista afirma que o resveratrol é a substância que possui mais benefícios para a saúde. “Este elemento é o responsável pela cor escura da uva, justamente por isso, as tintas possuem mais abundância, mas não se pode julgar o vinho somente pela coloração, se fosse assim apenas os tintos seriam saudáveis, no entanto, há outros fatores determinantes, como a forma de fabricação, e a inclusão das cascas, que é o ponto chave para extrair os nutrientes da fruta de maneira correta”.

Sobre os benefícios que a substância pode trazer à saúde Tomandl explica que há diversos estudos que atestam sua capacidade de atuação: “Como dizem popularmente, o vinho é considerado amigo do coração porque o resveratrol presente na bebida tem capacidade de regular os níveis de colesterol, já que a substância é capaz de diminuir o acúmulo de coágulos nos vasos sanguíneos, reduzindo o risco de ateroscleroses e acidentes vasculares. Além disso possui agentes antienvelhecimento, que são protetoras do cérebro protegem o cérebro e ainda favorecem o processo digestivo” – explica a especialista.

Cenário brasileiro
De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o setor vitivinícola do país encerrou o ano passado com um aumento de 5,6% nas vendas do mercado interno. Com a soma da comercialização de produtos brasileiros e o volume de importação, esse nicho chegou a crescer 13%. E, para 2018, a perspectiva é de que esses resultados positivos sejam ampliados. No entanto, apesar da recuperação da safra nacional em 2017 e do crescimento significativo, o consumo médio de vinho do brasileiro ainda é tímido, e alcança apenas cerca de 1,8 litro por ano. Número baixo se comparado com países da Europa, como Portugal, que lidera o ranking com uma estimativa per capita em torno de 54 litros por ano, e vizinhos como Chile - maior importador de vinhos -, Argentina e Uruguai.

Como aproveitar todos os benefícios
Apesar do consumo modesto no país, para conseguir extrair as propriedades terapêuticas da bebida não é preciso longas doses. Aqui aquela famosa premissa de que “a qualidade importa mais do que a quantidade” é totalmente válida. Portanto, se você é um amante da bebida ou deseja estimular seu hábito de consumo em prol dos benefícios, é importante se atentar à qualidade do produto. Segundo a nutricionista, na hora de escolher um bom rótulo, pensando em todas as vantagens que ele pode agregar à saúde, é importante priorizar os secos, com menos açúcar, e, de preferência, com um teor alcoólico reduzido.

Além disso, apesar da crença popular de que o vinho tinto é o tipo que carrega mais benefícios à saúde, devido à sua coloração, há outros fatores que também merecem atenção, como o processo de maceração na fabricação da bebida. Nessa etapa são extraídos o sumo, as cascas e as sementes das uvas, por isso é um ponto determinante para garantir a abundância de resveratrol e outros nutrientes. Por isso, antes de levar vinho para casa, verifique se está adquirindo um rótulo confiável.

E, vale lembrar que, independente da escolha do tipo, seja ele branco, tinto, frisante, seco ou algum outro, há uma regra que não muda: a moderação. Apesar das evidências científicas acerca das propriedades nutricionais da bebida serem motivo de comemoração, não há uma carta branca para o consumo exagerado. Portanto, aprecie com moderação e aproveite todos os benefícios dessa bebida tão famosa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.