Violência

Três jovens mortos, muita comoção e revolta na zona rural de São Luís

Três jovens foram mortos em área próxima à obra de conjunto Minha Casa Minha Vida; moradores queimam ônibus e acusam seguranças por crime

Daniel Júnior

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Dois dos três jovens encontrados mortos no bairro Mato Grosso
Dois dos três jovens encontrados mortos no bairro Mato Grosso

SÃO LUÍS - O Instituto Médico Legal (IML) foi acionado por volta das 11h33 de ontem para recolher os corpos de três adolescentes do sexo masculino que foram encontrados mortos no bairro Mato Grosso, na zona rural de São Luís, após o bairro Santa Bárbara. Os cadáveres estavam em uma área de matagal, nas proximidades da construção do habitacional Minha Casa Minha Vida. O carro do IML retornou à sede do órgão, no Bacanga, às 14h30.

Familiares em desespero ao encontrarem os adolescentes mortos
Familiares em desespero ao encontrarem os adolescentes mortos

“Os corpos já estão aqui, no IML, porém não temos identificação, porque estamos aguardando familiares para reconhecê-los”, disse uma recepcionista do IML. Dois vídeos que circulam no WhatsApp mostram familiares e amigos dos jovens muito comovidos com a situação, e um homem acusa os seguranças da obra de terem praticado os crimes contra os adolescentes.

Moradores revoltados queimaram ônibus da empresa construtora
Moradores revoltados queimaram ônibus da empresa construtora

“Covardia um negócio desse. Mataram três adolescentes aí. Covardia que esses caras da segurança privada dessa construção fizeram. Eu nunca ouvi dizer que esses jovens eram envolvidos com drogas ou com outras coisas ilícitas”, relata um homem, que não teve a sua identidade revelada.

De acordo com as primeiras informações sobre o que teria motivado esses crimes, os adolescentes teriam invadido a área de construção para tirar caranguejos e, em decorrência disso, foram assassinados pelos vigilantes da obra. Nas imagens, também é possível ver as mães dos jovens desesperadas quando viram os corpos estirados no chão.

A Construtora K2 foi a empresa responsável por executar a obra do habitacional Minha Casa Minha Vida no bairro Mato Grosso. O Estado entrou em contato com a empresa e uma atendente informou, por telefone, que a empresa estava ciente do que havia acontecido e lamentava. Porém, a obra já foi entregue e a Caixa Econômica Federal foi quem contratou uma empresa de segurança privada, de nome Ostensiva, para vigiar o local.

O Estado entrou em contato com a Ostensiva. “Temos mais de 12 seguranças que tomam conta de uma parte do empreendimento abandonado pela K2, por plantão. Nossos seguranças trabalham desarmados. Estamos lá para evitar que pessoas invadam os imóveis, e se isso acontecer acionamos a polícia. Não temos seguranças armados. Porém, tem outras obras lá que são de responsabilidade de outra empresa de segurança privada”, esclareceu Sérgio Murilo Diniz, diretor da Ostensiva.

O Estado tentou um contato com uma segunda empresa responsável pelas obras e segurança no empreendimento, mas não obteve resposta.

Policiais militares do 6° Batalhão foram acionados e isolaram a área onde os jovens foram mortos. A Superintendência de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP) investigará o caso.

Após os corpos de três adolescentes terem sido encontrados, houve uma onda de protestos na região. Moradores da área atearam fogo em máquinas usadas na construção das casas e em ônibus que eram usados na obra. Além disso, há informações de que populares não estão deixando o ônibus coletivo passar pela localidade. As manifestações, segundo os moradores, é devido à desconfiança de que vigilantes de uma empresa privada, que fazem a segurança da obra, tenham envolvimento com a morte dos jovens. l

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