Câmara dos Deputados

Rodrigo Maia deve obter apoio do PSDB para a presidência da Câmara

Governador de São Paulo, João Doria, afirmou, em encontro com o democrata, que apoia a recondução de Maia para o comando da Câmara Federal para o próximo biênio; eleição para a Mesa Diretora ocorrerá em fevereiro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Dória declarou apoio à reeleição de Maia à presidência da Câmara
Dória declarou apoio à reeleição de Maia à presidência da Câmara (Rodrigo Maia)

São Paulo - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disseram que não trataram da eleição à Presidência da Casa no encontro que tiveram na sexta-feira, 4. O tucano adiantou, no entanto, que apoia a recondução de Maia e que a bancada federal do partido deve apoiá-lo majoritariamente.
“Eu, como governador do Estado, sou favorável à recondução de Maia para a Presidência da Câmara e posso adiantar que a bancada federal do PSDB, majoritariamente, deverá votar em Maia”, disse o tucano, que, no entanto, salientou que a orientação deve ser do partido, presidido por Geraldo Alckmin.
Segundo Maia, a reunião entre os dois foi de caráter institucional e já estava agendada, uma vez que o parlamentar não pôde acompanhar a posse de Doria por estar no Rio. O parlamentar do DEM disse ainda que vai ligar, “nos próximos dias”, a Alckmin.
Caso o apoio do PSDB se concretize, Maia poderá ter ao menos 174 votos. PSL, PRB e PSD já anunciaram apoio à recondução do atual presidente da Câmara.
O encontro também reforça a aproximação entre os dois políticos que, em novembro, depois da eleição, já haviam se encontrado, em São Paulo. Tucano com o cargo de maior expressão dentro do partido, o governador quer ganhar o controle do partido, hoje formalmente nas mãos de Geraldo Alckmin. Para isso, ele conta com o apoio dos demais governadores da legenda, Eduardo Leite (RS) e Reinaldo Azambuja (MS).

Aproximação
O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, afirmou nesta sexta-feira, 4, que o apoio de seu partido à candidatura de Rodrigo Maia (DEM) à reeleição na Câmara pode representar uma aproximação do PSL com outras siglas, como o PSDB e o MDB. “O PSL tem todo interesse que todos os partidos se aglutinem porque Maia está imbuído dos melhores propósitos e a gente quer reformas”, disse Bivar à Rádio Eldorado.
Questionado se isso representaria uma aproximação do PSL com partidos como o PSDB e MDB, Bivar respondeu: “Sim, com certeza. Ele (Maia) poderia ser ser eleito por aclamação. A gente quer ganhar a eleição, para dar viabilidade a uma agenda que melhora nosso país. Não é governo, partido. É o Brasil que está acima de tudo.”
Bivar negou novamente que o apoio do PSL tenha sido um exemplo do "toma lá, dá cá" da chamada velha política, criticada por quadros do partido do presidente eleito Jair Bolsonaro. O PSL negociou a 2ª vice-presidência da Câmara e os coman­dos das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Finanças da Casa para apoiar Maia.
“Aquilo ali não é remuneratório. É um organismo que existe no nosso processo eleitoral (da Câmara). São ônus, não cargos”, disse Bivar. "Ônus para examinar projetos de lei, para dar viabilidade ao governo. Se não é o PSL, estará outro partido qualquer. Não é questão de toma lá, dá cá. Não tem ninguém com vantagem pessoal ali."

PSL x Renan

O PSL tenta construir uma estratégia para evitar que Renan Calheiros (MDB-AL) volte a presidir o Senado. O emedebista, que apoiou Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial, é considerado nome "hostil" ao novo governo por aliados de Bolsonaro. Renan tem o apoio de parte da bancada petista na Casa. O PSL articula a construção de um consenso entre os senadores que já se movimentam como pré-candidatos à presidência da Casa e fazem oposição a Renan.

Esquerda não tem
candidato de consenso

O PSOL lançou candidatura do deputado eleito Marcelo Freixo (RJ) - adversário histórico de políticos da família Bolsonaro - à presidência da Câmara com um discurso de unidade das esquerdas contra a aliança entre o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o PSL. Na prática, porém, esta unidade está longe de ser alcançada.
PT, PSB, PDT e PCdoB discutem internamente como encarar o dilema entre apoiar Maia e garantir presença na Mesa Diretora e nas principais comissões da Câmara dos Deputados, mas, ao mesmo tempo, arcar com o ônus de se aliar a um candidato próximo de Bolsonaro.
O PT, que tem a maior bancada da Casa, com 56 eleitos, está dividido. Enquanto a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e aliados falam que não existe hipótese de apoiar um candidato aliado ao partido de Bolsonaro, parlamentares influentes dizem que as conversas com Maia não estão encerradas.
“Nosso objetivo é fazer valer o critério da proporcionalidade e participar da Mesa e das principais comissões”, disse o deputado Carlos Zaratini (PT-SP). "Ainda faltam 27 dias. É muito tempo. Até lá, vamos conversar com todo mundo", afirmou o petista.
O partido pretende explorar a contradição entre ser oposição e apoiar um aliado do governo para tentar formar um bloco com PSB, PDT, PCdoB e PSOL e não ficar totalmente isolado.
Freixo e o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, procuraram os presidentes dos demais partidos em busca de apoio. “Não é uma candidatura para marcar posição. É uma candidatura para iniciar o processo de demarcação de um campo político”, disse Freixo, deputado estadual pelo Rio de Janeiro e que vai cumprir seu primeiro mandado na Câmara dos Deputados.

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