Desabafo

Papa diz que abusos sexuais minaram credibilidade da Igreja

Francisco pede que sacerdotes se unam para enfrentar crise; segundo ele, a credibilidade da Igreja foi seriamente enfraquecida e diminuída por esses pecados e crimes, mas ainda mais pelos esforços feitos para negá-los ou ocultá-los

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Papa Francisco disse que as disputas internas na igreja precisam acabar
Papa Francisco disse que as disputas internas na igreja precisam acabar (AFP)

CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco pediu ontem aos bispos católicos dos Estados Unidos que mostrem unidade à medida que enfrentam uma crise por conta de escândalos por acusações de abusos sexuais. Numa longa e rara carta enviada aos religiosos por ocasião do início de uma semana de retiro para refletir sobre o momento atual, o pontífice disse ainda que as disputas internas precisam acabar para enfrentar o escândalo que dizimou a credibilidade da Igreja no país.

"O povo fiel de Deus e a missão da Igreja continuam sofrendo muito como resultado de abusos de poder, consciência e abuso sexual e da maneira como foram administrados", escreveu o Papa, acrescentando que os bispos "se concentraram mais em apontar dedos do que na busca por caminhos de reconciliação". "A credibilidade da Igreja foi seriamente enfraquecida e diminuída por esses pecados e crimes, mas ainda mais pelos esforços feitos para negá-los ou ocultá-los".

Ainda segundo Francisco, a resposta ao escândalo mostra a necessidade urgente de uma nova abordagem de gestão e mentalidade dentro da Igreja.

"A ferida na credibilidade exige uma abordagem particular, pois não se resolve por decretos voluntaristas ou simplesmente estabelecendo novas comissões ou melhorando organogramas de trabalho como se fossemos chefes de uma agência de recursos humanos", disse ainda. "Esta visão acaba reduzindo a missão do pastor e da Igreja a uma mera tarefa administrativa na "empresa da evangelização". Deixemos claro, muitas destas coisas são necessárias, porém insuficientes".

Crise dos abusos

Francisco convocou bispos católicos de todo o mundo para o Vaticano no próximo mês para discutir a proteção de menores, em sua última tentativa de enfrentar a crise dos abusos que surgiu nos Estados Unidos. Antes deste encontro, os bispos passam desde quarta-feira uma semana nos arredores de Chicago para rezar e refletir.

Em dezembro passado, quase 700 clérigos de Illinois foram acusados de abuso sexual de menores, um número muito maior do que o revelado anteriormente pela Igreja Católica. Resultados preliminares de uma investigação que começou em agosto indicam que outros 500 padres e membros do clero são suspeitos de abuso sexual nas seis dioceses do estado — num total de aproximadamente 690 acusados.

Em 75% dos casos, disse a Procuradoria do estado em um comunicado, as acusações "não foram adequadamente investigadas pelas dioceses ou não foram investigadas de forma alguma". Seu relatório preliminar conclui que as dioceses de Illinois "são incapazes de investigarem a si mesmas e que não conseguirão resolver essa crise sozinhas".

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