Alinhamento político?

Flávio Dino mostra que quer aproximação com governo de Bolsonaro

Em discurso no dia de sua posse, o governador do PCdoB afirmou, pela primeira vez, que toparia negociar pautas comuns com o atual Governo Federal

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Dino saiu de férias e governo não confirma expediente sobre creches
Dino saiu de férias e governo não confirma expediente sobre creches (Flávio Dino)

Thiago Bastos
Da equipe de O Estado

A pauta lançada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) durante a sua posse na terça-feira (1º) como titular do Executivo estadual de que oferecerá ajuda ao Ministério da Educação (MEC) para a conclusão de creches no Maranhão sinaliza uma tentativa do comunista de aproximação com aliados do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Diferentemente do que vinha indicando nos últimos meses, o governador apontou que pela pri­meira vez toparia negociar pautas comuns com um desafeto político, o que colocaria em xeque o seu próprio discurso de que é um “homem de diálogo e entendimento”.
Segundo a assessoria do Governo, antes de entrar de férias ontem, Dino encaminhou expediente oferecendo contrapartida financeira à União para o término dos serviços das unidades de apoio e assistência das crianças e adolescentes. Procurado por O Estado, até o momento, o Governo Federal não confirma e nem desmente a aproximação do Governo do Maranhão para tratar das creches.
O Governo também não detalhou quantas unidades de assistência no estado não teriam sido concluídas e que, portanto, necessitariam de suporte dos entes estadual e federal. Na mesma linha de Dino, aliados tentaram levantar a bandeira do governo. A senadora eleita da República, Eliziane Gama (PPS), usou as redes sociais para apoiar a medida de Dino.
“Dino acerta em apoiar a construção de novas creches estaduais”, disse Gama. Para a senadora, o governo está certo em se propor em ajudar a concluir unidades federais inconclusas no estado.

Pacto
Além de oferecer ajuda, Dino também usou a posse para propor uma espécie de “pacto de solidariedade” com o Governo Federal. Sem detalhar em quais áreas, o comunista afirmou que neste momento era preciso esquecer diferenças políticas e se preocupar em assistir única e exclusivamente a população do estado, independentemente do cunho ideológico.
Coincidência ou não, os sinais de possível diálogo com o governo Bolsonaro feitos por Dino ocorrem em cenário de retração da economia local. O próprio governador disse em discurso que uma de suas metas para o próximo mandato será o “equilíbrio fiscal”, ou seja, evitar déficits das contas públicas e manter os principais setores sociais com investimentos. O estado terminou 2018 com mais da metade da população maranhense em situação de pobreza, com que­da do Produto Interno Bruto (PIB) e com registro de fechamentos de empresas. Além disso, setores co­mo a saúde por exemplo, foram prejudicados com a ausência de investimentos, já que unidades fo­ram fechadas ou tiveram serviços suspensos.

Arrecadação tributária
Se para a população, o discurso do governo é de arrocho nas contas públicas, levantamento da Associação Comercial de São Paulo aponta no caminho contrário. De acordo com a entidade, o Maranhão arrecadou - somente no ano passado - mais de R$ 20 bilhões em impostos.
Ainda segundo a instituição paulista, o valor é aproximadamente R$ 1,8 bilhão a mais do que o montante de 2017. O levantamento informou ainda que somente a capital, São Luís, arrecadou mais de R$ 819 milhões.

Comunista não participou de encontros com Bolsonaro

Em novembro do ano passado, o governador Flávio Dino (PCdoB) que aponta para uma aproximação com o Governo Federal negou participação em encontro da cúpula de Bolsonaro com representantes dos estados da Região Nordeste. A ideia do então governo de transição bolsonarista era estreitar relações na única região em que o presidente eleito ainda carece de maior penetração popular.
Ao negar ida para diálogo com Bolsonaro e sua equipe, Dino afirmou que seria representado pelo governador do Piauí, Wellington Dias. À época, o gestor levou para o governo as propostas de construção da Pauta Brasil, um documento assinado pelo comunista maranhense e outros governadores contendo as prioridades sociais que deveriam ser atendidas.
Se neste momento a tentativa é de baixar o tom das críticas a Bolsonaro, Dino - em outubro do ano passado - disse apenas que conhecia o presidente e se referiu ao agora presidente como “fraco, medíocre e omisso”. Na ocasião, Dino chegou a escrever em suas redes sociais que Bolsonaro não teria “a mínima condição de dirigir o Brasil”.

Bolsonaro era um parlamentar medíocre, fraco, omisso […] Não tem a mínima condição de dirigir o Brasil”Flávio Dino, governador do MA

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