Editorial

Sem brincar com a vida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

Mais de 900 chamadas foram feitas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de São Luís (Samu) de 24 a 25 de dezembro, quando é celebrado o Natal. Muitas estavam relacionadas a acidentes envolvendo pessoas que fizeram ingestão de álcool e conduziram veículos. Outras, a grande maioria, tratavam de atendimentos clínicos, de pessoas que beberam demais e passaram mal. Mas, o que mais chamou atenção foi a quantidade de ligações de falsos pedidos de socorro, os trotes, que somaram 30% dos chamados nos dois dias.

Os trotes geram sérios problemas, porque quando uma ambulância é deslocada para fazer um atendimento falso, está deixando de atender alguém que realmente precisa dos serviços de urgência e emergência e, muitas vezes sua vida depende desse atendimento rápido e eficaz.

A brincadeira - se é que se pode assim chamar - de passar trote ao Samu pode parecer irrelevante, porém, os prejuízos causados por tal atitude são incalculáveis. A mobilização de uma unidade inteira de atendimento para atender a uma chamada falsa pode causar enormes prejuízos, inclusive, cerceamento da vida de alguém.

É importante lembrar que, ao discar o número 192, o cidadão está ligando para uma central que conta com profissionais de saúde e médicos treinados para dar orientações de primeiros socorros por telefone. São estes profissionais que definem o tipo de atendimento, a ambulância e a equipe adequados a cada caso. Há situações em que basta uma orientação por telefone para salvar uma vida, mas em outros casos, é necessário o deslocamento rápido da equipe para garantir a vida de alguém.

O Samu realiza o atendimento de urgência e emergência em qualquer lugar - residências, locais de trabalho e vias públicas - a partir de uma chamada gratuita, feita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos que identificam a emergência e transferem o telefonema para um médico, que faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras ações a serem adotadas.

As equipes trabalham para prestar atendimento no menor tempo possível, já que atuam no local de ocorrência do problema e ainda fora do ambiente hospitalar. O serviço oferece o direcionamento para a unidade mais próxima e adequada, assim a equipe que está na ambulância ganha tempo (diminui a relação tempo/resposta). E é justamente essa agilidade que se perde quando o serviço fica carregado com falsas chamadas e trotes.

Antes de pensar em se divertir, ligando para o Samu e simulando a necessidade de atendimento de urgência, pense que alguém pode morrer por causa da sua brincadeira. Que pode ser alguém da sua família ou seu amigo. Que um atendimento realmente necessário deixará de ser feito, enquanto você ri, que não se pode brincar com a vida. E, se isso o fizer pensar de forma madura e responsável, lembre-se que sua irresponsabilidade pode gerar gastos e até prisão a você.

O trote aos serviços de emergência é um crime previsto no Código Penal. Quando identificado, o autor é enquadrado no artigo nº 340 do Código Penal: falsa comunicação de crime ou de contravenção, cuja pena é detenção de um a seis meses ou multa.

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