Artigo

O ensino da felicidade, felicidadologia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

Acreditem! Felicidade agora se ensina em escola. Para felicidade dos maranhenses. É o que anuncia uma Faculdade que, em reportagem jornalística, acaba de ser apontada, como a melhor Faculdade do Maranhão em avaliação recente do MEC.

Esse “para felicidade dos maranhenses” supõe-se que vem a propósito de a Escola oferecer a seus alunos a disciplina felicidade.

O que faz conjecturar que os executivos dessa instituição ficaram tão felizes com a distinção que, num gesto filantrópico, resolveram distribuir esse manancial de felicidade para os estudantes infelizes. (É evidente que um sujeito feliz não vai sair por aí pagando para aprender o que é felicidade).

Princípios fundamentais da FELICIDADOLOGIA:

1.Postulado Zero. “Se você é infeliz, então é infeliz mesmo. Já se você se considera feliz, não tenha tanta certeza disso.”

Embora esse postulado em tudo se assemelhe, nada tem a ver com a famosa frase de Tolstói com que este inicia o romance Ana Karenina: “Todas as famílias felizes se parecem, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.“ Na realidade, Tolstói, que nunca fez curso de felicidade, é um dos que precisariam aprender o curso caso ainda fosse vivo. Embora seja do conhecimento geral que, ao longo dos séculos, filósofos, religiosos e cientistas estudaram e pesquisaram para encontrar a fórmula da felicidade, em vão, o postulado estabelece que nunca haverá felicidade suficiente para quem quer aprender sobre ela.

Na prática esse postulado é fundamental para a Faculdade e sua proposta de ensino. Afinal de contas, se todo mundo fosse feliz, ou não estivesse nem aí pra essa tal felicidade, essa matéria não seria sequer pensada como curricular e haveria menos uma especialização para encher os bolsos da instituição.

2.Teorema Fundamental da Felicidadologia:

“A felicidade é alcançável e, principalmente, ensinável.”

Embora muita gente sábia tenha negado essa possibilidade a partir da dificuldade de se definir o que seja Felicidade, esse teorema parte do pressuposto de que toda felicidade é alcançável e, sobretudo, ensinável.

Donde surgem os corolários:

Corolário1

Além de alcançável e ensinável é pagável. (como pretende a Escola).

Corolário2. Todo rico tem meio caminho andado para a felicidade.

(Isso é óbvio porque se o estudante não tiver dinheiro como vai pagar para aprender a ser feliz?)

Corolário dos corolários 1e 2.

1.Pobre não precisa de felicidade (muito menos de aprender de que se trata).

A partir dos postulados fundamentais podemos imaginar algumas situações para um futuro especialista em felicidade.

Como, por exemplo, à procura de emprego após se formar.

“Você é formado em quê?”

“Felicidade”

“E tá aqui nessa fila de emprego por quê”

“Desejava praticar o que aprendi, mas agora tô com fome.”

“Só temos emprego na firma para serviços gerais ”

“Não importa, descobri que toda felicidade do mundo estaria ao alcance de uma multidão se houvesse emprego para todos”.

“Foi isso que aprendeu na escola?”

“Não, acabei de aprender sozinho.”

José Ewerton Neto

Autor de O ABC bem humorado de São Luís

E-mail: ewerton.neto@hotmail.com

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