Decisão

Japão anuncia volta da caça comercial de baleias

Retomada da atividade, proibida há mais de 30 anos, deve ocorrer em julho de 2019; país integrava organização desde 1951 e tentou derrubar proibição durante evento no Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Baleia é levada a porto no Japão; país era membro da IWC desde 21 de abril de 1951
Baleia é levada a porto no Japão; país era membro da IWC desde 21 de abril de 1951 (Reuters)

TÓQUIO - O Japão anunciou ontem (26) sua retirada da Comissão Internacional da Baleia (IWC, na sigla em inglês) no próximo ano e a retomada da caça comercial nas águas territoriais e na zona econômica exclusiva do país a partir de julho. A decisão foi lida pelo porta-voz do governo, Yoshihide Suga, que também anunciou o fim da prática polêmica na Antártida.

"A partir de julho de 2019, depois que a saída entrar em vigor em 30 de julho, o Japão realizará a caça comercial de baleias dentro do mar territorial do Japão e de sua zona econômica exclusiva, e cessará o abate de baleais no Oceano Antártico/Hemisfério Sul", disse o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide Suga, em um comunicado ao anunciar a decisão.

O Japão era membro da IWC desde 21 de abril de 1951. A organização foi criada há sete décadas para garantir a preservação desses cetáceos e impedir sua caça indiscriminada nos oceanos. Em 1986, impôs a proibição da caça comercial, depois que algumas espécies foram praticamente levadas à extinção pela pesca predatória.

Desde 1987, o Japão permite que se matem baleias apenas com fins científicos, mas essa é uma questão controversa. Críticos e organizações de proteção dos animais afirmam que o programa é usado para encobertar a caça comercial, já que a carne é vendida no mercado. Os japoneses alegam que comer carne de baleia faz parte da cultura do país.

Em setembro desse ano, o Japão tentou derrubar a proibição à caça comercial durante a reunião da organização em Santa Catarina, mas foi derrotado em votação.

Em 2014 o Tribunal Penal Internacional determinou que o Japão deveria suspender a caça na Antártida – o que Tóquio fez durante uma temporada, reduzindo o número de animais e espécies visados, mas reiniciou na temporada 2015-2016.

O porta-voz do governo japonês disse que, após a sua retirada da organização, o país atuará como observador dentro da IWC e assegurou que o governo de Tóquio continua comprometido com a gestão dos recursos marinhos de acordo com dados científicos.

Repercussão

Austrália e Nova Zelândia saudaram a decisão de abandonar a caça às baleias na Antártida, mas expressaram decepção pela decisão do Japão se envolver no abate dos mamíferos oceânicos.

O Greenpeace condenou a decisão e contestou a afirmação de que os estoque de baleias se recuperaram, observando que a vida marinha está ameaçada pela poluição e pela pesca excessiva.

"A declaração de hoje está em desacordo com a comunidade internacional, sem falar na proteção necessária para salvaguardar o futuro dos nossos oceanos e criaturas majestosas", diz a nota da ONG.

"O governo do Japão deve agir urgentemente para conservar os ecossistemas marinhos, em vez de retomar a caça comercial de baleias", afirma o comunicado.

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