Violência

Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo, é assassinado

O assassino é um ex-assessor de Camata, de 77 anos. Ele confessou o crime, que ocorreu em frente a um restaurante; a motivação foi uma ação judicial movida por Camata que gerou o bloqueio de R$ 60 mil na conta bancária do suspeito

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo, foi morto a tiros em Vitória
Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo, foi morto a tiros em Vitória (Agência Brasil)

VITÓRIA - O ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata, de 77 anos, foi assassinado na tarde de ontem ( 26) na Praia do Canto, em Vitória. O crime ocorreu em frente a um restaurante. Segundo a polícia, o ex-governador foi morto com um tiro no pescoço depois de uma discussão com um ex-assessor. O Samu chegou a ser acionado, mas Camata não resistiu ao ferimento.

De acordo com o Secretário Estadual de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, o suspeito foi preso e declarou, em depoimento, que a motivação foi uma ação judicial movida contra ele por Camata, que resultou no bloqueio de R$ 60 mil de sua conta bancária.

Camata foi governador do Espírito Santo entre 1982 e 1986, exerceu três mandatos como senador, de 1987 até 2011. Ele ainda foi vereador de Vitória, deputado estadual e deputado federal.

Camata morreu no local. O autor dos disparos fugiu após cometer o crime, mas foi preso logo depois e prestou esclarecimentos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O corpo ficou caído na calçada. A perícia da Polícia Civil esteve no local e investiga o caso.

Biografia

Gerson Camata nasceu em Castelo, no sul do Espírito Santo, em 1941. Começou a vida profissional como jornalista e apresentador no programa Ronda Da Cidade, na Rádio Cidade de Vitória. Era formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Vitória.

Camata começou na vida pública como vereador da capital do Espírito Santo em 1967, no mandato seguinte, em 1971, foi eleito Deputado Estadual. Foi Deputado Federal por dois mandatos, de 1975 a 1983, governador do Espírito Santo em 1983 e foi por três vezes senador pelo estado, de 1987 até 2011.

Camata foi o primeiro governador democraticamente eleito depois da Ditadura Militar, no período de reabertura política.

Na Constituinte, Camata defendeu a limitação do direito de propriedade privada, o mandado de segurança coletivo, a jornada semanal de 40 horas, o aviso prévio proporcional, a unicidade sindical, o voto aos 16 anos, o presidencialismo, a limitação dos juros reais em 12% ao ano, o mandato de cinco anos para presidente e a criação de um fundo de apoio à reforma agrária.

Como parlamentar da Constituinte, ele se absteve das votações relativas ao turno ininterrupto de seis horas e à anistia aos micro e pequenos empresários.

Era casado com Rita Camata, ex-deputada federal por cinco mandatos, que foi relatora do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Responsabilidade Fiscal. O ex-governador deixa dois filhos.

Políticos lamentam

Políticos do Espírito Santo lamentaram a morte do ex-governador Gerson Camata. O atual governador Paulo Hartung (sem partido) decretou luto oficial de três dias no estado.

O governador eleito, Renato Casagrande (PSB), se disse consternado com o assassinato de Camata. "É lamentável que um homem como ele, que tanto contribuiu para o desenvolvimento do nosso Estado, tenha perdido a vida de forma tão trágica. Nos despedimos hoje, com muita tristeza, desse líder carismático e agregador, que fez história no Espírito Santo. À família, meus sentimentos e minha solidariedade nesse momento de dor."

O senador Magno Malta (PR), que está em Israel, disse que recebeu com tristeza a notícia e lamentou a morte de um líder político importante. "Estou triste e muito abatido com a morte do Camata."

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