RISCOS

Entupimentos em galerias provocam risco de alagamentos à cidade

Na Rua das Cajazeiras, galeria sem tampa é ameaça para transeuntes; em vários pontos da capital, drenagem não é eficaz pelo descarte inadequado de resíduos

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

[e-s001]Com o início adiantado do período chuvoso em São Luís, o que não falta são evidências de problemas infraestruturais, e um dos principais são os alagamentos, que muitas vezes se devem ao entupimento de galerias pluviais, que impossibilita o escoamento da água da chuva. A situação representa perigo não só aos motoristas, mas aos pedestres também, principalmente quando as galerias estão destampadas, risco iminente em um ponto da Rua das Cajazeiras, no centro da capital.

O problema está localizado próximo a uma faixa de pedestres, trecho que, diga-se de passagem, tem grande movimentação de pessoas, que correm, diariamente, o risco de se acidentarem, e não só quan­do está chovendo, uma vez que, sem tampa e encoberta pela água, passe a ser uma armadilha.

Sobre este problema, a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), informou que vai enviar uma equipe técnica ao local para fazer o levantamento da situação para adotar as medidas necessárias para solucionar os problemas que forem de sua competência.

Transtornos
Na capital, basta chover para observar o problema no trânsito, que normalmente já é considerado complicado. Mais uma vez, o contratempo se deve ao entupimento das galerias responsáveis pelo escoamento da água da chuva e, não menos importante, à deficiência do sistema de drenagem, ainda pouco eficaz. Para os motoristas, que se adaptam à rotina de ficarem ilhados durante as chuvas de verão, a situação é difícil.

Durante a forte chuva que atingiu São Luís na tarde do último dia 11, conforme veiculou O Estado na edição do dia seguinte, várias ruas e avenidas registraram alagamentos, que prejudicaram o trânsito de pedestres na Avenida Guajajaras, no São Cristóvão, os quais tiveram que se submeter a travessias perigosas, e com água acima dos joelhos. Devido ao mesmo temporal, regiões como as do Mercado Central e Avenida Kennedy também ficaram inundadas e carros, impossibilitados de trafegarem pelos locais durante a chuva.

[e-s001]O Estado esteve na Avenida Kennedy na manhã de ontem (26) e constatou algumas galerias com dejetos, que seriam empecilhos para o ideal escoamento da água das chuvas. Sobre esta questão, que afeta a maioria das galerias pluviais de São Luís, a Semosp informou que realiza, de forma contínua, serviços de limpeza e desobstrução de galerias em vários pontos da capital.

A secretaria comunicou que trabalha, ainda, na ampliação do sistema de drenagem da cidade tendo, em alguns locais, acabado com pontos históricos de alagamentos. Contudo, a Semosp pede o apoio da população no sentido de evitar o descarte irregular de resíduos para evitar a obstrução da drenagem e do fluxo das águas pluviais.

Riscos
Para o aposentado Francisco Bezerra, de 67 anos, quando o tempo fecha e fica inviável voltar para casa por causa do trânsito que, de imediato, fica congestionado, a única saída para escapar de um alagamento e evitar que o pior aconteça é seguir viagem, mesmo no meio da enxurrada. “Eu já passei algumas vezes por situações como essa, de estar na rua e começar a chover e logo a avenida ficar alagada, mas com medo, e vendo que a única saí­da seria se arriscar, assim eu fiz, mas não é algo que eu recomendo, já que é perigoso”, ressaltou.

Mesmo que a sorte tenha sorrido para o aposentado durante tal episódio, não é toda vez que dá para contar com ela. Segundo especialistas, a orientação é evitar os alagamentos ou procurar a parte mais “rasa” da rua. Acontece que, em carros menores, o duto que capta o ar que vai para o motor fica localizado em uma parte baixa, e se este for coberto pela água, ele pode sugá-la para dentro do motor e causar o chamado calço hidráulico.

O calço hidráulico acontece quan­do a água preenche os cilindros e impede que o motor gire. Este tipo de problema pode causar torção das peças internas e até fundir o motor. Olhar para o meio-fio é uma boa maneira de medir o nível do alagamento.

OPINIÃO

Jeferson Botelho
engenheiro ambiental

A gestão dos resíduos sólidos urbanos é, absolutamente, um dos principais fatores que impedem a eficácia das galerias no escoamento das águas pluviais. Para isso, uma das possibilidades viáveis seria investimento em políticas públicas voltadas à educação ambiental, direcionadas, principalmente, à correta destinação dos resíduos produzidos, já que São Luís vem sofrendo a escassez de um sistema de drenagem adequado. Se não há manejo adequado dos resíduos, não há drenagem eficiente. Logo, haverá enchentes, e com enchentes, o sistema de esgotamento sanitário torna-se uma ameça à saúde da população, ou seja, possivelmente ocorrerá um crescimento dos casos de doenças ocasionadas por vetores, como dengue, cólera e malária. Da mesma forma, faz-se necessário a intensificação na coleta de lixo realizada pelo município, uma vez que em muitos bairros a coleta não passa com regularidade, tonando-se, assim, mais um problema a ser enfrentado. Além disso, no que se refere ao sistema de drenagem das águas pluviais, é preciso lembrar que em São Luís não há equipamentos de drenagem eficientes e que suportem toda a água das chuvas. Os que tem, foram mal dimensionados e não possuem vazão suficiente para realizar o escoamento devido aos resíduos que são descartados em vias públicas.
São Luís necessita de equipamentos essenciais, tais como: meios-fios, sarjetas, sarjetões, bocas de lobos, galerias, canais, dentre outros. Se não houver a implantação correta desses equipamentos, haverá sempre consequências como os alagamentos pontuais, perda de propriedades, perda de estruturas públicas, além de gastos com a saúde pública.
A implantação de um novo e eficiente sistema de drenagem pluvial custaria mais aos cofres públicos municipais, uma vez que a reestruturação teria que ser feita em toda a Ilha. Contudo, deve-se pensar não em gasto, mas em investimento, pois com um sistema de drenagem eficaz é provável que não haja tantas consequências nos períodos chuvosos, como está acontecendo.

SAIBA MAIS

O descarte irregular de lixo contribui diretamente para o entupimento de bueiros e das galerias. Quando chove, esses materiais são levados com a força da água e, com o passar do tempo, se acumulam nos espaços e impedem o escoamento da água, causando assim o alagamento. É o trabalho da prefeitura limpar periodicamente as galerias, mas também é um dever do cidadão descartar o lixo nos locais apropriados para evitar transtornos.

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