Empresário

José Hugo Machado: “Quero ajudar no desenvolvimento do NE”

Proprietário da rede Luzeiros divide seu tempo entre Fortaleza e Lisboa, mas mantém suas raízes, conforme relata nesta entrevista ao Portal OP9

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Empresário cearense José Hugo Machado se diz bastante otimista
Empresário cearense José Hugo Machado se diz bastante otimista (Luzeiros)

Um nordestino com uma obrigação na sua terra. É assim que o empresário cearense José Hugo Machado se sente. Aos 86 anos, o proprietário da rede de hotéis Luzeiros divide seu tempo entre Fortaleza e Lisboa. Apesar de ter nascido no Brasil, José Hugo chegou a Portugal em 1964. A história dele se confunde entre os dois países. Há inclusive quem ache que o empresário é português. No entanto, ele faz questão de manter suas raízes.
“Sou nordestino e quero estar presente no Nordeste. Precisamos investir no desenvolvimento da região e turismo é cultura e gera empregos. Voltei para o Brasil para ajudar nisso”, afirma. A vitalidade e a lucidez de José Hugo impressionam. Faz questão de continuar trabalhando até o fim da vida. No Nordeste, a rede Luzeiros têm três unidades: Fortaleza, São Luís e Recife (a única fora da região até o momento será inaugurada em Lisboa, entre março e abril). Há um projeto em desenvolvimento para uma filial em Teresina e negociações avançadas para levar a marca para Salvador.
Cearense do Crato, José Hugo foi para Fortaleza ainda jovem e começou a ajudar o pai nos negócios quando fez 18 anos. “Cansei logo daquilo, porque não queria ser empregado. Meu pai me conseguiu um pequeno capital e abri uma empre­sa de torrefação de café, uma coisa bem ‘fundo de quintal'”, relembra. Depois, o empresário teve uma saboaria, até entrar no ramo de gêneros alimentícios na capital cearense. “Nessa época, eu visitava o Nordeste inteiro atrás de alimentos para abastecer o meu comércio. Não havia bancos, então colocava o dinheiro em uma caminhonete e saía pelos estados”, conta.

Experiência em outros países
Em 1964, com o advento da ditadura militar no Brasil, José Hugo foi para os Estados Unidos e passou pela Inglaterra até chegar em Portugal, ainda no mesmo ano. Lá, encontrou um amigo com quem começou a trabalhar no ramo imobiliário, na compra e restauração de prédios históricos. Após algum tempo, ele deixou a sociedade para abrir sua própria empresa em 1973, a Imobras. Hoje, os investimentos do seu grupo estão distribuídos em Portugal e no Brasil.
Mesmo sendo um empresário de sucesso, José Hugo procura manter os pés no chão. “Costumo dizer que não sou rico. Rica é a empresa. Não tenho salário, só recebo alguma coisa quando ela dá lucro”, diz. Com a experiência de quem já viveu muito, tem três filhas e oito netos, ainda aconselha os mais novos. “A vida da gente é um rosário. A gente tem que dançar conforme a música. Minha consciência é tranquila. Não tenho inimigos”.
Ele também orienta quem tem vontade de empreender. “O estudo é tudo. Se você não estuda, fica para trás. O problema do Brasil é a educação. Tem que investir mais nisso, aumentar a porcentagem do PIB que vai para essa área. Eu não tive formação acadêmica, fui formado no mundo, mas hoje ninguém vin­ga como eu vinguei. Você também precisa ser perseverante e honesto. Ninguém vai para frente levando vantagem sobre os outros. Todas as vezes que caí, fali, ergui a cabeça e comecei de novo. E sempre tive amigos que me auxiliaram nestes momentos”.
O empresário cearense também é otimista em relação ao futuro do país. “Acredito que o Brasil vai mu­dar para melhor. Não vai ser agora, do dia para a noite, mas vai mudar. O Brasil é mais do quem um país, é praticamente um continente. O brasileiro tem tudo, é só trabalhar e ter dedicação”

Cultura familiar
Uma das marcas registradas de José Hugo nos negócios é a cultura familiar da sua empresa. Todas as suas filhas trabalham com ele na administração dos empreendimentos da família. Atualmente, os negócios são coordenados pela holding (empresa que detém a posse majoritária de ações de outras empresas subsidiárias) J.Machado, que controla as empresas ABV&Machado, Imobras e a rede Luzeiros.
Segundo o coordenador-geral do grupo, Mário Filipe, José Hugo pauta sua vida profissional da mesma for­ma como age fora do trabalho. “Ele aplica os mesmos princípios tanto nos negócios quanto na vida pessoal. São valores como transparência, respeito, família. Inclusive, foi essa maneira de agir que me fez trabalhar para ele, pois partilho dos mesmos ideais”, explica.
Isso se reflete também no Luzeiros. “Nosso tratamento é diferenciado e queremos que os hóspedes sintam-se em casa. Também procuramos que os nossos colaboradores sintam-se dessa maneira”, finaliza Mário.

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