Aécio Neves

Novos indícios levaram à 2ª fase da Operação Ross

Operação, que investiga o senador Aécio Neves e pagamento de propina pela JBS, foi deflagrada a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Senador Aécio Neves é alvo da Operação Ross da Polícia Federal
Senador Aécio Neves é alvo da Operação Ross da Polícia Federal (Aécio Neves)

Brasília - A segunda fase da Operação Ross, que mira o senador Aécio Neves (PSDB/MG), foi deflagrada ontem, a pedido da procuradora-geral, Raquel Dodge, com base em representação da Polícia Federal, “a partir da descoberta de novos indícios de práticas criminosas”.
Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), Raquel defendeu “a necessidade das buscas” em três endereços ligados ao tucano, inclusive no apartamento residencial da mãe dele, Inês Neves da Cunha, em Belo Horizonte, e de um primo do senador, Frederico Pacheco.
A procuradora alertou sobre “riscos de eliminação de elementos de informação e que a medida é imprescindível para o aprofundamento da investigação, bem como para a correta delimitação da amplitude das pessoas investigadas”.
As medidas foram determinadas pelo relator do inquérito no Supremo, ministro Marco Aurélio Mello. Na petição, Raquel defendeu “a necessidade das buscas”. Outro objetivo das cautelares, destacou a Procuradoria, é “descortinar os envolvidos nos ilícitos perpetrados”.
A Operação Ross investiga suposta propina do Grupo J&F ao senador, entre 2007 e 2014. A primeira fase foi deflagrada no dia 11 passado e fez buscas em endereços do próprio senador, da irmã dele, Andréa Neves, e do deputado federal Paulinho da Força (SD-SP).
Ross é um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017. Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam R$ 100 milhões.

Favorecimento
Segundo o Ministério Público Federal, em troca dos recursos financeiros, Aécio teria prometido favorecimentos em um eventual governo presidencial (2015 a 2018), além de influência junto ao governo estadual de Minas, “neste caso, com o objetivo de viabilizar a restituição de créditos tributários”.
A Procuradoria-Geral destacou que a investigação apura compra de apoio político por Aécio. Um dos objetivos da nova fase da Operação Ross “é delimitar a participação dos envolvidos no esquema”. InvestigaçãoAs investigações apuram a solicitação de vantagens indevidas por parte do senador tucano, o que teria ocorrido em, pelo menos, quatro ocasiões.
Ao todo, o Grupo J&F teria repassado cerca de R$ 110 milhões a Aécio, e parte desse valor teve como destinatários finais 12 legendas que o apoiaram na disputa presidencial.
Ainda segundo as investigações, parte do dinheiro foi entregue, em espécie, ao senador. O restante dos repasses foi viabilizado por transferência bancária e pelo pagamento de serviços simulados. No inquérito, são investigados os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em 2017, Aécio foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça no âmbito de outro inquérito que também apurou relações do político com o grupo J&F.
Na atual petição, informou a Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria-Geral, o objetivo “é dar continuidade à investigação das práticas de corrupção, que não é objeto da ação penal em curso, e de lavagem de dinheiro”.

Defesa diz que operação foi desnecessária e descabida

O advogado de defesa do senador Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, emitiu nota a respeito da Operação da Polícia Federal. Segundo ele, a operação de busca e apreensão na casa da mãe do tucano foi desnecessária e descabida.
“Recebemos com absoluta surpresa e indignação a notícia de bus­ca na residência da mãe do Senador Aécio Neves, seja pela completa desnecessidade e descabimento da medida, seja pela total desvinculação de sua mãe com os fatos apurados”, diz nota da defesa do tucano.
Segundo Toron, a operação foi motivada por uma denúncia anônima de que teriam chegado caixas com documentos no dia da Operação Ross
“A busca teria sido motivada por uma 'denúncia anônima' de que o imóvel teria recebido caixas com documentos no dia da Operação Ross. Esse relato é mentiroso. É lamentável que a intimidade de uma senhora seja afrontada dessa forma, sem que haja nada que justifique”.

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