Sustentabilidade

Reciclando plástico e costurando um novo futuro

A iniciativa da Potiguar levou à comunidade do Alto da Vitória, na área Itaqui-Bacanga, oficinas de costura que usam como matéria-prima lonas que não seriam mais utilizadas; dar novo destino ao que não teria mais uso ajuda a natureza

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

[e-s001]Já imaginou ter de viver 500 anos para ver um pedaço de lona que não será novamente utilizada se decompor? O tempo médio para decomposição desse tipo de material é gigantesco, mas a quantidade descartada é maior ainda. Visando mudar essa realidade e contribuir para a sustentabilidade a Potiguar, maior grupo varejista no segmento Home Center do Maranhão, iniciou o projeto “Costurar & Reciclagem de Lonas”.

A iniciativa surgiu após membros da própria empresa perceberem que muita lona, descartada das campanhas de marketing da empresa, estava sendo acumulada sem seus galpões sem usabilidade alguma. Visto isso, a empresa procurou formas de se desfazer daquele material, sem deixar de pensar no ecologicamente corrento.

“Sabemos que a quantidade era enorme e que a decomposição desse material é muito demorada. Por esse motivo não podíamos apenas descartar tanto lixo. Por meio de pesquisas, encontramos iniciativas de outros estados que serviram como exemplo para o que estamos fazendo hoje”, disse Anderson Penha, representante do marketing da Potiguar.

Na quarta-feira (19), a equipe esteve presente na Associação dos Moradores do Alto da Vitória, localizada na área Itaqui-[e-s001]Bacanga. Por meio de um minicurso, palestrado pela artesã Maria Divina, mulheres de baixa renda da região aprenderam a confeccionar bolsas, mochilas, aventais e estojos usando como matéria-prima as lonas, que iam se tornar lixo e agora recebem um nobre destino. “Essa é uma oportunidade única. Poucas pessoas olham para as comunidades carentes e incitam o potencial de trabalho e habilidades que essas pessoas possuem”, explana Maria Divina. Artesã há 19 anos, esse é o nono curso que a profissional leciona em parceria com a Potiguar.

O grupo de foco da comunidade do Alto da Vitória foram mulheres de baixa renda da região. Sem custo algum para as participantes, a oficina proporcionou um treinamento para as mulheres aprenderem uma nova habilidade.
Benilma Nascimento, mãe solteira e diarista, não escondeu a felicidade em poder participar da oficina. “Tenho dois filhos e crio eles só, apenas com o dinheiro que recebo fazendo faxina. Agora, descobri um novo dom. Vou sim investir em produzir esse tipo de trabalho. Será uma graninha a mais para a família”, conta.

O estímulo para a criação de um pensamento voltado ao empreendedorismo social e, também, para a descoberta de novas habilidades por membros da sociedade que são precários de programas sociais é uma das grandes intenções do Grupo Potiguar, reforçada através desse projeto. “Sabemos que muitas dessas mulheres não têm a mínima condição de arcar com os custos de um curso profissionalizante. Outras não possuem dinheiro nem para sair do bairro. Por isso buscamos trazer esse tipo de projeto em comunidades que carecem que políticas, tentando fazer a diferença”, explica Thaylana Sousa, também representante do marketing da Potiguar.

[e-s001]São iniciativas como essa que podem mudar o destino de muitas famílias no Maranhão. Tornam-se os três pilares da ação o trabalho em cima do empoderamento feminino, geração de trabalho e renda e o pensamento sustentável. “O alto número de feminicídios e a grande quantidade de mulheres e mães de família que não conseguem trabalhar e sustentar suas famílias são fatores comuns por falta de iniciativas como essa. Para muitas, aprender a costurar não é um hobby, mas sua única oportunidade de tecer um futuro mais digno para si e seus filhos, com trabalho e renda dignos”, finaliza Thaylana Sousa.

SAIBA MAIS

Empreendedorismo feminino
Empreender é simplesmente gerar movimento. Criar produtos, empresas, formas de vender. Qualquer tática que misture inovação e comércio pode ser considerada uma iniciativa empreendedora.
Tal feito foi dominada pelos homens por muito tempo, mas as mulheres têm aumentado sua representatividade e inovado nas formas de trabalho. O empreendedorismo feminino já ganhou força, se tornando expressivo em termos numéricos. De acordo com o levantamento mundial Global Entrepreneurship Monitor 2017, que no Brasil é realizado em parceria com o Sebrae, mais de metade dos novos negócios abertos em 2016 foram fundados por mulheres.
Elas são mais escolarizadas do que os homens empreendedores e atuam, principalmente, no setor de serviços. Os homens tiveram 48,5% de ações empreendedoras, sendo batidos pelas mulheres, que emplacaram 51,5 % das ações no mercado.

[e-s001]Por que reciclar?
O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia. 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10% são depositados em aterros sanitários, 0,9% são compostados em usinas e 0,1% são incinerados. É importante salientar que o material orgânico compõe a maior parte do item “outros”. Aproximadamente 53% deste total é de restos de comida desperdiçada.

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