Gestão

Sem maquiagem de campanha, números desnudam fracasso da primeira gestão Flávio Dino

Apenas dois meses após reeleição em primeiro turno, comunista é confrontado com dados oficiais que apontam para piora do Maranhão em todos os índices econômicos e sociais

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
(Flávio Dino)

Apenas dois meses depois de reeleger o governador Flávio Dino (PCdoB) no primeiro turno, o eleitor maranhense parece já ter-se dado conta de que acreditou na construção de um Maranhão – apresentado durante a campanha – que não existe no mundo real.

“Foi o maior estelionato eleitoral dos últimos tempos. Bastou 40 dias após as eleições para o governador mostrar que o Estado está quebrado”, asseverou o deputado estadual Edilázio Júnior (PV) na Assembleia Legislativa, durante a semana.

A declaração reflete os números que vêm sendo apresentados, dia após dia, depois das eleições, sem a maquiagem usual do período de disputa eleitoral. E nenhum deles, nem mesmo de longe, aponta para um Maranhão melhor quatro anos depois de iniciada a gestão comunista.

O estado registrou queda no volume do Produto Interno Bruto (PIB) pelo segundo ano consecutivo, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro. De acordo com o órgão, o PIB maranhense encolheu 5,6% em 2016 – depois de já haver recuado 4,1% em 2015. Nos dois anos, o estado registrou retração maior que a do Brasil.

O último ano em que o IBGE registrou crescimento do Produto Interno do Maranhão foi 2014, com alta 3,9%, a oitava maior do país naquela ocasião.

A retração da economia também levou mais maranhenses para a linha de pobreza. Ainda segundo o IBGE, com base na Síntese de Indicadores Sociais (SIS) – divulgada no inicio de dezembro - o Maranhão possui o maior número de pessoas vivendo em situação de pobreza.

São cerca de 54,1% dos maranhenses vivendo com menos de R$ 406 por mês, que é considerado o valor estipulado pela pesquisa.

Além disso, segue o estudo, mais de 81% dos maranhenses não possuem saneamento básico adequado, quando a média nacional é de 35,9% da população. Ainda, 32,7% das pessoas não têm acesso a coleta direta ou indireta de lixo e para 29,2% não há abastecimento de água.

Cerca de 3% da população vive sem nenhum tipo de renda no Maranhão, quando a média nacional é de 2,4%. Além disso, 24,3% vive com renda de um quarto a meio salário e outros 27,4 % vive com renda entre meio a um salário-mínimo no estado.

Outro levantamento, o intitulado Desafios da Gestão Estadual (DGE) 2018, realizado pela Macroplan, aponta o Maranhão como o estado de piores indicadores do país.

Pelo relatório, o Maranhão ocupa a última colocação em aspectos como pobreza [2016 e 2017]; acesso à telefonia [2016 e 2017]; expectativa de vida [2016 e 2017]; acesso à internet [2015 e 2016]; renda domiciliar per capita [2016 e 2017]; PIB per capita [2015 e 2016] e informalidade [2016 e 2017].

Insatisfatório - O estado também fica com desempenho insatisfatório em outros aspectos do levantamento, a exemplo de: rodovias pavimentadas [23ª colocação]; saneamento adequado [23ª colocação]; inadequações de moradias [23ª colocação] e anos de estudo [26ª colocação].

Analfabetismo [25º lugar em 2015 e 24º em 2016]; Mortalidade infantil [22ª em 2015 e 19ª em 2016] e homicídios [13º em 2015 e 11º em 2016] são outros pontos destacados pelo relatório.

Há também um baixo desempenho, se comparado aos outros estados, no que diz respeito ao acesso de jovens ao ensino superior.

Neste aspecto, segundo o DGE, o Maranhão também ficou nas últimas posições, com o último lugar em 2016 e em 26º em 2017

Situação fiscal – As contas públicas também vão muito mal. Após quatro anos de gastos descontrolados – sobretudo com o inchaço da folha de pessoal e com um programa de asfaltamento que rendeu mais dividendos eleitorais que de infraestrutura efetiva – Dino iniciará seu segundo mandato com o Estado em péssima situação fiscal.

Segundo estudo da Tendências Consultoria Integrada, num ranking de 0 a 10, o Maranhão fica na faixa de 2-5, com situação fiscal considerada “muito fraca”.

O estudo foi realizado com base em dados do Tesouro Nacional para seis indicadores das contas públicas: endividamento; poupança corrente, liquidez, resultado primário, despesa com pessoal e encargos sociais e investimentos. Cada item recebeu um peso diferente e, em seguida, foi feita uma média para cada unidade da federação.

MAIS

Em virtude da má situação do Estado, o governador Flávio Dino (PCdoB) assinou decreto determinando corte de gastos da máquina pública. Mas a oposição critica as prioridades. O primeiro impacto já foi sentido na Saúde, depois de a SES cortar valores pagos a médicos, diminuir o número de equipes atendendo em hospitais estaduais e entregar unidades a gestões municipais. Enquanto isso, propôs - e os aliados na Assembleia aprovaram – um orçamento de R$ 63,5 milhões para Comunicação em 2018.

Governo sustenta narrativa de prosperidade

Apesar de os números oficiais apontarem para a piora de todos os indicadores econômicos e sociais do Maranhão, o governo Flávio Dino (PCdoB) segue tentando sustentar a tese de que houve crescimento no estado, apesar da crise nacional.

“Mesmo com a crise econômica nacional, tivemos ampliação dos serviços públicos, estruturando o Maranhão para um novo ciclo de desenvolvimento”, declarou na quinta-feira, 13, Márcio Jerry, principal auxiliar do governador, em coletiva para um balanço dos primeiros quatro anos da gestão comunista.

“Com a superação da forte crise que atinge o Brasil, o Maranhão tem condições não só de ampliar os investimentos, mas de entrar em um novo ciclo de utilização plena de seu potencial econômico, dos recursos naturais, do transporte, de seu complexo portuário. Assim, poderemos ter uma nota etapa de desenvolvimento sustentável e com justiça social”, completou.

Segundo ele, desde o início da gestão Dino encontrou um cenário nacional “de muita instabilidade econômica e política”, o que afetou todos os Estados. Apesar disso, reafirmou o governador conseguiu empreender.

“A despeito da crise, o governador Flávio Dino conseguiu empreender muito nestes quatro anos, com avanços inquestionáveis em várias áreas essenciais das políticas públicas. Não há uma área em que não constatemos avanços importantes no comparativo com o que tínhamos no final de 2014”, ressaltou.

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