15 anos de prisão

Vigilante que matou brasileira na Nicarágua é condenado

Raynéia Gabrielle estudava medicina em universidade nicaraguense quando foi alvejada por vigilante próxima a universidade. País vive crise política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
A estudante de medicina Raynéia foi assassinada pelo vigilante Pierson Adán Gutiérrez Solís
A estudante de medicina Raynéia foi assassinada pelo vigilante Pierson Adán Gutiérrez Solís (Reuters)

MANÁGUA - Justiça da Nicarágua condenou a 15 anos de prisão o homem que admitiu ter matado a tiros a brasileira Raynéia Gabrielle Lima em Manágua, capital do país centro-americano. A estudante de medicina foi assassinada pelo vigilante Pierson Adán Gutiérrez Solís em 23 de julho, no auge da crise nicaraguense.

A sentença foi proferida no fim de novembro pelo juiz Abelardo Alvir Ramos e divulgada ontem (12) pelo jornal "El Nuevo Diário", da Nicarágua.

Segundo o "Diário", Solís conversava com dois vigilantes quando viu o carro onde estava Raynéia se movendo "de forma errática" em "atitude suspeita". Um dos colegas disparou um tiro preventivo, e, então, o guarda atirou e atingiu a brasileira.

O vigilante foi preso em 27 de julho com uma carabina M4, o mesmo tipo de armamento que teria sido usado para matar Raynéia.

O reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), Ernesto Medina – instituição onde a brasileira estudava – chegou a acusar paramilitares que estavam na casa de Francisco López, tesoureiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido do governo.

A versão do reitor, no entanto, foi contestada pela polícia, que apontou Solís como o culpado. Os policiais da Nicarágua atuavam em conjunto com os paramilitares favoráveis ao presidente Daniel Ortega pela repressão aos grupos opositores ao regime.

O país vive uma crise socio-política desde abril, quando a população rejeitou um pacote de reformas, saiu às ruas, e foi fortemente reprimida pela polícia. Desde então, conflitos entre tropas pró-governo e manifestantes deixaram mais de 400 mortos, dizem órgãos ligados aos direitos humanos. O presidente Ortega nega que as mortes tenham ocorrido por causa da repressão aos protestos.

Estudante relatou perigo

Mãe de Raynéia, a aposentada Maria Costa falou pela última vez com a filha na manhã de 23 de julho. "Ela me disse que estava indo para o plantão e me dizia sempre que lá estava muito perigoso, que ninguém estava saindo na rua", contou ao G1.

No país desde 2013, a pernambucana se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe. "Ela tinha acabado a faculdade e estava fazendo residência. Estava indo para o plantão quando falou comigo, era uma moça estudiosa e esforçada", lamentou a mãe.

"Tiraram da rua o carro em que ela estava quando foi baleada. Eu quero que quem matou a minha filha seja punido. Seja o presidente, seja quem for", disse Maria Costa.

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