Sem apresentar provas

Maduro diz que Estados Unidos e Brasil querem derrubá-lo

Mandatário venezuelano denuncia plano que envolve também o governo da Colômbia; ele cita encontro do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, com o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, mas ressalta que ‘ninguém no Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Nicolás Maduro diz que existe um suposto plano para derrubá-lo e até assassiná-lo
Nicolás Maduro diz que existe um suposto plano para derrubá-lo e até assassiná-lo (Reuters)

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou ontem um suposto plano dos Estados Unidos para derrubá-lo e até assassiná-lo, que envolveria os governos dos vizinhos Brasil e Colômbia.

" Chegou até nós boa informação (...) de que John Bolton (conselheiro de Segurança Nacional dos EUA), desesperado, ordenou missões de provocações militares na fronteira", disse. Sem apresentar provas, o presidente venezuelano afirmou que essas informações foram passadas por Bolton para o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. Ele já havia denunciado no último domingo que Washington havia lançado um plano para lhe dar um golpe com o apoio da Colômbia, mas, na ocasião, não mencionou o Brasil.

Bolton e Bolsonaro reuniram-se no dia 29 de novembro, no Rio de Janeiro, na primeira reunião de alto nível entre um representante do governo de Donald Trump e a equipe do futuro governo.

"As forças militares brasileiras querem a paz e ninguém no Brasil quer que o novo governo de Jair Bolsonaro se envolva em uma aventura militar contra o povo da Venezuela", ressalvou Maduro em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros.

"Cair de Maduro"

O venezuelano, no entanto, chamou de "louco" o vice-presidente eleito do Brasil, general reformado Hamilton Mourão, que afirmou em uma entrevista recente à Folha de S. Paulo que o governo Maduro "vai cair de Maduro" e defendeu pressões diplomáticas para que "a democracia retorne" ao país. Na entrevista, Mourão disse que uma intervenção militar brasileira está "descartada", não faz parte "da tradiçao diplomática brasileira", mas mencionou a possibilidade de uma intervenção da ONU em caso de uma "guerra civil violenta".

O dirigente venezuelano, que iniciará um segundo mandato de seis anos em 10 de janeiro, assegurou que a conspiração é comandada por Bolton e inclui o treinamento de tropas regulares nos Estados Unidos e irregulares na Colômbia. Citou o número de 734 "mercenários", que teriam o objetivo de, fazendo-se passar por venezuelanos, realizar provocações na fronteira com a Colômbia para "justificar uma escalada".

"Venho denunciar a conspiração que a Casa Branca prepara para violar a democracia venezuelana, para me assassinar e para impor um governo ditatorial na Venezuela", afirmou.

Maduro, que com frequência denuncia conspirações contra seu governo, descreveu Bolton como “chefe do plano”, que almejaria “encher a Venezuela de violência e buscar uma intervenção militar estrangeira, um golpe de Estado e impor o que eles chamam de um conselho de governo de transição", disse Maduro, que explicou que sua queixa é baseada em "fontes cruzadas internacionais".

O venezuelano disse que seus detratores não devem se enganar, pois ele tem a seu lado "o povo e as Forças Armadas". Na segunda-feira, quatro aviões de guerra russos chegaram a Caracas para exercícios militares.

Em novembro, Bolton fez um discurso de tom linha-dura contra o que chamou de “troica da tirania”, formada por Cuba, Nicarágua e Venezuela . Ele prometeu que os Estados Unidos combaterão estes três governos até a sua queda, afirmando que o continente não pode viver “à sombra da ameaça do socialismo”.

Além disso, elogiou o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmando que o seu futuro governo é visto "como um sinal positivo" por Washington.

Crise econômica

A Venezuela vive desde 2015 uma crise econômica, social e política. A queda do preço do petróleo, combinada à má gestão econômica e a sanções americanas, cortaram o acesso do país a divisas, provocando inflação recorde e falta de alimentos e remédios. De acordo com a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos três anos, a maioria para países vizinhos.

As eleições em que Maduro obteve o novo mandato, em maio deste ano, tiveram abstenção recorde e não foram reconhecidas pelos EUA e pelos países do chamado Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte com outros países latino-americanos. Esses países ameaçam não reconhecer o governo de Maduro a partir de 10 de janeiro.

Em agosto, Maduro foi alvo de um mal explicado atentado com drones com explosisos, durante uma parada militar em Caracas. Na época, ele também acusou a Colômbia de envolvimento no episódio. Pouco depois, o "New York Times" publicou uma reportagem contando que militares dissidentes venezuelanos pediram apoio ao governo americano para um golpe contra Maduro, mas os planos não foram adiantes.

A hipótese de uma intervenção militar na Venezuela foi levantada recentemente por Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo ele, uma intervenção com supostos fins humanitários não deveria ser descartada.

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