Editorial

Grávidas, bebês e o drama do desamparo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

O anúncio feito pela direção da Maternidade Maria do Amparo, localizada no Anil, de suspensão das internações de gestantes causou ampla repercussão negativa na região metropolitana de São Luís e em outras áreas Maranhão afora. O motivo da interrupção dos atendimentos, a falta de médicos anestesistas e pediatras no quadro de profissionais da unidade de saúde devido ao corte do auxílio antes repassado peça Secretaria de Estado da Saúde (SES), chocou ainda mais a sociedade em todo o estado.

Sem ter muito o que fazer em relação à triste situação, a direção da maternidade decidiu que as gestantes que vinham sendo atendidas na unidade serão encaminhadas para outras maternidades de São Luís. Quanto aos médicos, a administração da unidade de saúde informou, em tom de lamento, que os profissionais não serão mais cedidos para fazer partos e outros procedimentos.

Quarta maior maternidade de São Luís, a Maria do Amparo realiza cerca de 200 partos por mês. Fundada há 37 anos, a unidade vem tendo sua rotina gravemente prejudicada pelo corte de recursos do Governo do Estado, que eram repassados via SES. Com a baixa, o sistema de saúde fica ainda mais caótico e perde ainda mais a sua já minguada capacidade de atender às gestantes, seja na fase pré-natal, seja na hora do parto, quando muitas mulheres agonizam por falta de leito para dar à luz.

Diante do drama provocado pelo corte de verbas ordenado pelo governo, só restou à direção da maternidade pedir a compreensão de todos os maranhenses e dizer que espera que o problema seja solucionado o quanto antes. A reversão do quadro seria, de fato, muito bem vinda, mas depende de eficiência e boa vontade, duas virtudes que a atual gestão estadual jamais demonstrou, sobretudo no setor da saúde.

Dos múltiplos serviços médicos prestados pela Maternidade Maria do Amparo às gestantes e aos seus bebês, restou apenas o atendimento ambulatorial. É muito pouco para suprir uma demanda elevada, formada por pessoas de baixa renda, de baixa escolaridade e com pouco ou nenhum acesso a consultas, exames e outros procedimentos que favoreçam a gravidez e o parto saudáveis, sem qualquer risco à vida das mães e dos recém-nascidos.

A explicação da SES para a cruel medida, emitida por meio de nota, não poderia ser mais evasiva e, ao mesmo tempo, confusa. Primeiro, o órgão afirmou que o recurso para a maternidade - que fez questão de chamar de instituição filantrópica, como se quisesse desvinculá-la do sistema sob sua gestão - está mantido. Adiante, informa que foi enviada proposta de pagamento pelo serviço de obstetrícia, o que nem de longe satisfaz as necessidades da unidade. Por fim, alegou que por se tratar de uma unidade que atende usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), a maternidade recebe recursos do Ministério da Saúde. E apressou-se em revelar que de janeiro a outubro deste ano a instituição recebeu R$ 1,8 milhão dessa fonte.

O pronunciamento da SES em relação ao caso deixa claro que o governo já não está mais disposto a arcar com os custos que antes cobria. Haja desamparo!

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