Acordos

Maduro anuncia investimento de bilhões da Rússia na Venezuela

Investimento vai para os setores de petróleo e ouro; o país sul-americano vive uma crise humanitária decorrente da violenta crise política e do colapso econômico; o número de refugiados e migrantes que deixaram a Venezuela chega a 3 milhões

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, anunciou ontem investimentos bilionários da Rússia
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, anunciou ontem investimentos bilionários da Rússia (Reuters)

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou ontem que fechou acordos com a Rússia para investimento de mais de US$ 6 bilhões – cerca de R$ 23,5 bi segundo cotação do Banco Central do Brasil.

Segundo o próprio Maduro, os investimentos serão destinados a projetos nos setores de petróleo – para onde vai a maior parte do montante – e ouro.

"Estamos organizando um investimento petroleiro acima de 5 bilhões de dólares" e "contratos acima de 1 bilhão de dólares" para a exploração de ouro, garantiu Maduro à emissora estatal venezuelana VTV.

Além disso, segundo a agência EFE, Maduro assinou um contrato para garantir o fornecimento de 600 mil toneladas de trigo "para o pão para o povo venezuelano".

Encontro com Putin

Maduro anunciou os acordos um dia depois de se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou. Na reunião, o líder russo disse repudiar tentativas de mudar o regime venezuelano "a força".

"Eu acho que encontramos o ponto que nos ajuda a sobreviver e então lançar um programa econômico completo e extensivo que coopere totalmente com as relações entre Rússia e Venezuela", disse Maduro no encontro em Moscou.

O país sul-americano vive uma crise humanitária decorrente da violenta crise política e do colapso econômico. O número de refugiados e migrantes que deixaram a Venezuela chega a 3 milhões em todo o mundo, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) no mês passado.

A ONU liberou, no fim de novembro, um fundo de emergência de US$ 9,2 milhões – cerca de R$ 35,5 milhões – para ajuda humanitária à Venezuela, a primeira assistência destinada ao país.

Crise venezuelana

A decadência da indústria de petróleo da Venezuela atingiu cidadãos por meses com longas filas para abastecer e períodos de falta de gás de cozinha. E agora atinge as famílias que dão adeus a seus entes queridos.

Os venezuelanos passaram a escolher as cremações, que custam cerca de um terço do preço dos enterros, mas a demanda crescente viu os crematórios com dificuldades para obter gás natural. Membros de uma dezena de famílias disseram em entrevistas que precisam esperar até dez dias.

Até agora, as covas comuns têm sido usadas em Zulia, onde os apagões e a falta de gás chegam a ser mais extremas. Mas os serviços em decadência em outro estados podem chegar a generalizar a prática.

Alta de preços

A falta de madeira e de metal para caixões e de cimento para os túmulos dificultaram os enterros tradicionais. Algumas famílias esperam os crematórios obterem gás propano. Mas a espera também aumenta os custos, com a inflação anual chegando a 1 milhão por cento.

"O custo de cremação cresceu 108 por cento em apenas uma semana", disse Ana Hernández, de 36 anos, que está se preparando para cremar a irmã em um cemitério na cidade de Barquisimeto, no Oeste do país.

A escassez de medicamentos, alimentos e produtos básicos é constante desde que o colapso nos preços do petróleo atingiu a economia socialista da Venezuela em 2014. Cerca de 3 milhões de pessoas emigraram desde 2015, de acordo com as Nações Unidas.

O presidente Nicolás Maduro culpa a "guerra econômica" liderada por adversários políticos com a ajuda de Washington. O ministro da Informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as cremações.

Gladys González, de 52 anos, uma advogada na segunda maior cidade venezuelana, Maracaibo, passou quatro dias esperando para cremar a mãe, que morreu aos 72 anos após não ter conseguido antibióticos para tratar uma infecção estomacal. "Ninguém merece tanto sofrimento", disse ela no cemitério de Maracaibo.

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