Pobreza do MA atestada pelo IBGE expõe governo Dino
Com medidas para ajustes fiscais - como aumento de imposto - e perspectiva de queda nos investimentos do governo por ajuste nas contas, setores como saúde e saneamento básico deverão contar com menos atenção
Thiago Bastos
Da editoria de Política
A situação de pobreza de mais da metade da população maranhense, conforme demonstrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Síntese de Indicadores Sociais divulgada ontem, atesta promessa de campanha descumprida pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Apesar da tentativa dos aliados do gestor de desconstruir o tema, Dino - ao assumir o primeiro mandato como líder do Executivo Estadual - citou o programa “Mais IDH” como o responsável pelas melhorias nos indicadores sociais do estado.
No discurso de posse, em 1º de janeiro de 2015 - da sacada do Palácio dos Leões e com a faixa governamental -, o atual gestor chegou a prometer que nenhuma cidade maranhense figuraria ao fim de seu mandato na lista das 100 cidades com piores indicadores do país. “Nós estamos instituindo hoje o plano Mais IDH e, por intermédio desse plano, nós vamos adotar ações nas 30 cidades que têm o pior IDH do Brasil. Porque o que nós queremos é que, ao fim do governo, não haja nenhuma cidade maranhense no rol das 100 cidades piores do Brasil”, disse à época.
Dados atuais do IBGE vão na contramão do discurso comunista. Segundo o órgão, 30,1% dos maranhenses vivem no momento com renda estipulada entre zero e um quarto do salário mínimo (R$ 234,25). Outros 27,4% dos cidadãos do estado possuem renda entre R$ 234,25 e R$ 468,50. Por fim, 24,7% dos maranhenses apresentam renda entre R$ 468,50 e R$ 937.
Com mais da metade da população em situação de pobreza, o Maranhão possui o maior percentual de pessoas vivendo nestas condições, ainda de acordo com o IBGE. O estado é acompanhado no quesito negativo pelos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí e Bahia. Segundo o órgão, todos os estados registram quase um terço da população vivendo com até um quarto do salário mínimo.
O IBGE atestou ainda que mais de 81% dos maranhenses não possuem saneamento básico adequado, percentual bem abaixo da média nacional (35,9%). Além deste dado, 32,7% dos maranhenses não têm acesso à coleta “direta ou indireta” de lixo. E 29,2% da população do estado não usufrui dos serviços de abastecimento de água.
Situação financeira do
Maranhão deve agravar
A situação financeira do estado do Maranhão, que obrigou o Executivo a adotar medidas como o remanejamento de valores que seriam destinados para o Fundo de Pensão e Aposentadoria (Fepa) e a edição de decreto determinando cortes nas despesas de transportes e veículos usados pelo Governo, deve agravar a situação de pobreza nos próximos anos. Sem a capacidade de investimentos para a adoção de políticas públicas, a tendência é que setores como saúde, educação e saneamento básico recebem menos atenção do Governo.
Para tentar reverter o quadro adverso nas finanças, o governo comunista - pela terceira vez em quatro anos - articulou junto a aliados no Legislativo a aprovação de medidas de oneração fiscal aos maranhenses. A ideia é elevar a arrecadação e cobrir rombos nas finanças. No total, de acordo com levantamento feito por O Estado, somente em 2018 o governo Dino recebeu - do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) - mais de R$ 6,23 bilhões.
Nas redes sociais, o governo tenta minimizar o cenário pessimista e ressalta investimentos recentes feitos nas áreas de educação e segurança. Por sua vez, o governador Flávio Dino culpa a situação do país como a responsável pela diminuição da capacidade de investimentos do estado.
Relembre
Durante a campanha eleitoral deste ano, o governador tentou sem sucesso desconstruir a imagem de que havia prometido retirar parte das cidades maranhenses da situação de miséria. Em entrevista ao JMTV 1ª edição no dia 11 de setembro, Dino – ao ser questionado pelo jornalista Sidney Pereira sobre a promessa de retirar as cidades do “rol das mais pobres” - disse que não havia feito essa promessa. “Eu não prometi esse absurdo, que seria obviamente algo inviável, algo inalcançável”, respondeu, na ocasião. No entanto, vídeos do dia de sua posse, em 2015, mostram discurso falando da redução da miséria, que, na prática, nunca existiu.
Nós estamos instituindo hoje o plano Mais IDH e, por intermédio desse plano, nós vamos adotar ações nas 30 cidades que têm o pior IDH do Brasil. Porque o que nós queremos é que, ao fim do governo, não haja nenhuma cidade maranhense no rol das 100 cidades piores do Brasil”Flávio Dino, governador
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