COLUNA

Palavras ao vento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

Quando assumiu o governo do Maranhão, em janeiro de 2015, Flávio Dino (PCdoB) fez três afirmações que hoje são comprovadamente retórica de um discurso apenas para impressionar.
Primeiro, Dino garantiu que os Leões não rugiriam para o povo. Que a partir daquele dia o Palácio trabalharia por todos.
Quase quatro anos depois, os Leões já rugiram muito para o bolso da população, principalmente a mais pobre, que tem de manter uma estrutura estadual pesada. A comprovação foi a aprovação de mais um aumento de imposto no Maranhão.
Com o rolo compressor do governo na Assembleia Legislativa, não houve qualquer possibilidade de que a proposta de Flávio Dino de reajustar a alíquota do ICMS de vários produtos e serviços não fosse aprovada. Teve resistência da oposição? Sim, teve. Houve protesto de empresários, estudantes e outros consumidores? Sim, houve. Adiantou? Não. Os deputados aprovaram, calados e acovardados, as determinações do mandatário do Palácio dos Leões.
A outra fantasia foi a de retirar maranhenses da linha da extrema pobreza. O IBGE mostrou dados que apontam a contramão disso. O Maranhão é o estado em que a pobreza mais cresceu. As pessoas ficaram mais pobres nos últimos quatro anos.
E a terceira peça de retórica foi a de que estava sendo instituída a República do Maranhão, que teria um governo para todos. Depois de quase quatro anos, a gestão Estadual é feita para poucos que puderam usufruir do dinheiro público, como no caso dos alugueis camaradas.
E as previsões são as piores, porque há ainda mais quatro anos da “República do Maranhão” pela frente.

Resistência
Oito deputados da oposição fizeram o papel certo para o qual foram eleitos: fiscalizar os atos do Executivo.
Com muita propriedade, os parlamentares mostraram todos os pontos negativos do pacote do governo Flávio Dino.
Tentaram reverter, mas os deputados governistas fingiram não ouvir a maldade que fariam com a população e disseram sim ao Palácio dos Leões.

Resistentes x traidores
Na linha da resistência estiveram no combate Adriano Sarney, Max Barros, César Pires, Nina Melo, Roberto Costa, Leo Cunha, Wellington do Curso e Eduardo Braide.
Outros 24 deputados, entre eles Bira do Pindaré, Marco Aurélio, Glaubert Cutrim, Othelino Neto, Neto Evangelista, Marcos Caldas e Zé Inácio, preferiram manter a máquina pesada, funcionando às custas da população.
E dos citados, a maioria pertence a partidos de esquerda, que, em tese, luta pelos trabalhadores.

Estranho
O que causou estranheza em todo o processo foi a decisão do deputado Eduardo Braide em se abster na votação.
Ele lutou muito para que o projeto não fosse aprovado. Apresentou emendas, denunciou as maldades ponto por ponto no projeto, enfrentou o rolo compressor dos governistas na Assembleia.
Mas no fim, preferiu se abster a dizer não ao aumento de impostos no Maranhão.

Explicação
O deputado Eduardo Braide explicou à coluna que sua decisão de se abster na votação é que existiam dois pontos positivos no projeto de Flávio Dino.
O primeiro é a isenção de ICMS para algumas empresas e o segundo, o Cheque Cesta Básica.
Para Braide, o ideal seria a aprovação das emendas apresentadas pelos parlamentares de oposição, mas como não ocorreu o deputado preferiu se abster e não votar contra as parcas medidas boas.

Afronta
A metralhadora do Governo do Estado também tem em sua mira os servidores públicos.
Em decreto publicado em 3 de dezembro, o governador Flávio Dino determina que mesmo com decisões judiciais favoráveis não deve ser dado reajuste salarial se não estiver previsto na Lei Orçamentária.
Além de afrontar o judiciário, Dino aproveita e já deixa a dica aos servidores de que não haverá reajustes salariais, e nem adianta buscar a Justiça.

Urgência
E para garantir que conseguirá a verba já no próximo ano, Flávio Dino corre contra o tempo para sancionar logo o pacote aprovado ontem, na Assembleia.
Se não ocorrer, o governador não poderá contar com o dinheiro do contribuinte para manter a máquina pesada.
Dino correrá e buscará, com toda certeza, mais dispositivos que possam engordar os cofres do Estado, que hoje sofre de inanição.

DE OLHO
R$ 560 milhões é a previsão de arrecadação do governo Flávio Dino com o aumento da alíquota do ICMS já em 2019.

E MAIS

• O secretário de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry, coordenou todo o processo de votação para aprovar o pacote do governo Dino que elevou a alíquota do ICMS.

• Durante todo o processo de votação na Assembleia, o governador e seus auxiliares ficaram nas redes sociais iguais aos deputados governistas: calados.

• Faltam 25 dias para Flávio Dino ser empossado governador do Maranhão pela segunda vez e fica a dúvida: qual será o discurso do comunista?

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