Violência

ONU denuncia estupros em série de 125 mulheres no Sudão do Sul

Os estupros ocorreram ao longo de dez dias e tiveram como alvo mulheres e meninas que estavam viajando a pé de suas aldeias para a cidade de Bentiu, segundo Missão da ONU no país. autores vestiam uniformes militares

Daniel Matos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Mulheres em fuga no Sudão do Sul em meio a onda de estupros
Mulheres em fuga no Sudão do Sul em meio a onda de estupros (Fuga estupros)

Juba (Sudão)

A Missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Sudão do Sul (Unmiss) denunciou ontem (2) que 125 mulheres e meninas foram estupradas nos últimos dias em uma região controlada pelas tropas governamentais no estado de Unity, no norte do país.

Os estupros ocorreram ao longo de dez dias e tiveram como alvo mulheres e meninas que estavam viajando a pé de suas aldeias para a cidade de Bentiu, segundo um comunicado da Unmiss. As agressões sexuais foram cometidas por homens jovens vestidos com uniformes militares e roupas civis que, além de estuprarem as mulheres, as agrediram e roubaram perto das localidades de Nhialdu e Guit, acrescentou a Unmiss.

"Esses ataques violentos ocorreram em uma área controlada pelo governo e este tem a principal responsabilidade pela segurança dos civis", assinalou o chefe da Unmiss, David Shearer, ao qualificar os estupros como ações "absolutamente abomináveis".

Além disso, Shearer exigiu que as forças armadas garantam o controle sobre suas tropas para assegurar que "elementos renegados" não estejam envolvidos nessas ações criminosas. "A missão da ONU realizou reuniões urgentes com as autoridades e exigiu que tomassem medidas imediatas para proteger as mulheres e as meninas na região e para fazer com que os autores desses crimes terríveis sejam responsabilizados", disse Shearer.

A Unmiss abriu uma investigação para identificar os autores dos estupros, enviou patrulhas à região e uma equipe de engenheiros para retirar vegetação das margens da estrada para evitar novos ataques.

Abertura de investigação

O comitê de monitoramento do cessar-fogo no Sudão do Sul, pertencente à Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento no Leste da África (IGAD, na sigla em inglês), também anunciou a abertura de uma investigação.

A porta-voz do comitê, Ruth Feeney, disse à Agência EFE que o órgão recebeu relatos de casos de estupro que foram cometidos "por homens armados vestidos com uniformes militares em áreas de Rubkona", cidade que fica próxima de Bentiu. "Abrimos uma investigação imediata e apresentaremos nosso relatório o mais rápido possível", comentou a porta-voz.

Feeney explicou que o comitê decidiu abrir a investigação com base em denúncias realizadas pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que informou sobre o estupro de mulheres e meninas na região de Rubkona entre os dias 19 e 29 de novembro.

O governo e os grupos rebeldes do Sudão do Sul assinaram um acordo de paz em 5 de agosto para tentar pôr fim ao conflito que começou no final de 2013, dois anos depois da independência do país.

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