Empreitada criminosa

Oito policiais foram presos em novembro no Maranhão

Entre os detidos estão delegado, investigador, soldado e bombeiro militar, acusados de cometerem diversos tipos de crime como roubo, associação criminosa e homicídio

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Delegado Thiago Bardal, um dos policiais presos em novembro no Maranhão
Delegado Thiago Bardal, um dos policiais presos em novembro no Maranhão (Bardal)

SÃO LUÍS - Oito profissionais da área de Segurança Pública foram presos em novembro deste ano no estado, acusados de cometerem ações criminosas. Segundo a Polícia Civil, são acusados dos mais diversos crimes como organização criminosa, furto, roubo, homicídio e até mesmo pistolagem. Um dos casos foi a prisão do ex-superintendente estadual de Investigações Criminais (Seic), delegado Thiago Mattos Bardal, e do investigador da Polícia Civil João Batista de Sousa, durante a operação Jogo Duplo, realizada na última quarta-feira, na Região Metropolitana de São Luís.

O delegado Jefferson Portela, secretário de Segurança Pública (SSP), declarou que, além de Bardal, foram presos durante essa ação policial os advogados Werther Ferraz Júnior e Ary Cortez Prado Júnior, na cidade de Imperatriz. Eles foram transferidos para São Luís, onde prestaram esclarecimentos na sede da Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor), no bairro São Francisco.

Portela afirmou que os detidos são acusados de extorquirem integrantes de organizações criminosas interestaduais especializadas em ataques a instituições financeiras. Bardal teria repassado informações privilegiadas sobre operações policiais para quadrilheiros, entre eles o chefe de bando que atua no país, Adriano da Silva Brandão, o Pânico ou General.

Essas ações comandadas por Bardal ocorreram entre 2015 a 2016. Segundo Portela, Bardal e João Batista de Sousa Mendes extorquiam a quadrilha, recebendo dinheiro para evitar a investigação e a prisão dos quadrilheiros. O dinheiro era oriundo de roubo a bancos. Em apenas um dos casos, os policiais teriam recebido R$ 100 mil. A maioria do dinheiro chegava por meio dos advogados, que eram chamados de pedágio.

Mais prisões

Somente em Bacabal foram presos dois profissionais da área de Segurança Públicas acusadas de terem recolhido dinheiro do Banco do Brasil da cidade após o ataque criminoso ocorrido no último dia 25. Segundo a polícia, esse assalto foi chefiado por José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, procurado pela Polícia Federal (PF) e que estaria foragido no Uruguai. O bandido é chefe de um dos bandos mais violento da Bahia, conhecido como Bonde do Maluco (BDM).

Um dos presos foi o soldado da Polícia Militar do Piauí, André dos Anjos Santos. De acordo com a polícia, ele foi preso em flagrante, mas liberado após a audiência de custódia. O outro detido foi o Bombeiro Militar do Maranhão, Luís Gustavo Lima Mendes. Mesmo solto pela Justiça, os dois continuam sob investigação pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).

Roubo

Já os policiais militares Giórgio Carvalho Barbosa e Railson Soares Silva, ambos lotados no 14º Batalhão da Polícia Militar, foram presos durante a operação Xeque-Mate, desenvolvida no último dia 28, na Região Tocantina. Eles foram presos em companhia do empresário Marcelo Henrique Tavares Moraes, Wilson dos Santos Oliveira, Paulo Rogério Sonelli e Carlos Renato Santos Lira.

Segundo o delegado Vital Rodrigues, da Roubos e Furtos de Imperatriz, esse grupo vinha sendo investigado desde o início do ano, acusados de roubo de combustível na região. Os caminhoneiros eram assaltados e colocados em cativeiro, amarrados e amordaçados. O caminhão era levado, descarregado e abandonado em uma área de matagal, na BR-010.

Também em Imperatriz foi preso o soldado Humberto Júnior Moura Costa, de 29 anos, no dia 20 de novembro. O coronel Ilmar Lima, comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, informou que a equipe do Serviço de Inteligência interceptou audios nos quais Humberto Júnior avisava a um traficante sobre uma ação policial, no bairro Santa Rita, nessa cidade. O policial teria colocado em risco a vida dos seus próprios colegas de farda.

Nos áudios, Humberto Júnior informa as características dos veículos usados pelo Serviço de Inteligência do batalhão, pedindo ao traficante para ter cuidado. Humberto Júnior, que havia ingressado na polícia no ano de 2014, foi preso em flagrante.

Assassinato

Nesta sexta-feira, 30, o militar Cláudio Lago, lotado no batalhão de Bacabal, foi preso e transferido para o presídio militar, no comando-geral da PM, no Calhau, em São Luís. Ele é acusado de assassinato e uma tentativa de homicídio. Segundo a polícia, o militar é suspeito de ter atirado em dois homens, identificados apenas como Paulo e Júnior Gaúcho, que estavam em uma festa dançado com a ex-mulher do acusado, fato ocorrido no dia 11 de novembro, na cidade de São Luís Gonzaga.

Essa ação criminosa ocorreu durante um evento de banda de forró e a motivação desse crime teria sido ciúmes. O militar, ao presenciar a ex-mulher dançando com uma das vítimas, disparou vários tiros no salão da festa. Uma das balas atingiu a cabeça de Paulo e a outra vítima foi atingida no pescoço. As vítimas foram socorridas e levadas para o hospital da cidade. Paulo ainda foi submetido a tratamento cirúrgico, mas não resistiu, enquanto a outra vítima foi operado e logo depois recebeu alta médica.

Extermínio

No dia 1º do mês de novembro, foi preso na cidade de Icatu o cabo reformado da Polícia Militar, José Nascimento Freitas Matos, o Nhô, acusado de liderar um grupo de extermínio. Além dele, também foi preso o civil Jaldenir Rabelo Amaral. Com eles foram apreendidos espingardas, pistolas, revólveres, munições de diversos calibres, balaclavas, coletes balísticos e até meso fardamento de empresa de segurança privada.

O cerco policial foi realizado pela Superintendência Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), coordenado pelo delegado Jeffrey Furtado, que informou que o cabo Freitas e o outro criminoso foram presos em cumprimento de uma ordem judicial.

O delegado declarou, ainda, que os presos foram apresentados na sede da SHPP, em São Luís, onde prestaram esclarecimentos sobre assassinatos ocorridos no interior do estado, principalmente na Região do Munim.

Essa organização criminosa vinha sendo investigada há mais de dois anos e teria participado pelo menos de quatro assassinatos na região. O cabo Freitas trabalhou nessa região do estado e, após ser reformado, montou uma empresa de segurança de eventos e passou, também, a chefiar um grupo de extermínio.

O delegado disse que, por meio de testemunhas, ficou comprovada a participação do cabo Freitas e de Jaldemir em um duplo homicídio. Este crime ocorreu na noite do 23 de dezembro de 2016, no povoado Itapera do Apolônio, zona rural de Icatu, e as vítimas foram o traficante de entorpecente Werne da Silva Costa, o Negão, e Bruno Pinheiro dos Santos.

No dia do crime, seis criminosos encapuzados foram primeiramente a residência de Negão, onde o executaram e atearam fogo no local e no corpo da vítima. Em seguida, o bando criminoso se deslocou até a casa de um traficante conhecido como Bebê Pequeno e mataram Bruno Pinheiro a tiros.

O delegado informou que a motivação do duplo assassinato ainda não foi esclarecida, mas há informações de que Negão teria participação no assassinato do sargento da Polícia Militar, José de Ribamar Prisca da Silva, de 51 anos, ocorrido no dia 22 de dezembro de 2014, no bairro Jota Câmara, na cidade de São José de Ribamar.

BOX

Policiais envolvidos com crime em novembro

Thiago Bradal - Ex-superintendente estadual de Investigações Criminais (Seic), o delegado Thiago Bardal, além do crime de extorsão a integrantes de organizações interestaduais especializadas em roubo a instituições financeiras e repassar informações privilegiadas sobre operações policiais para quadrilheiros, é acusado, também, de crime de contrabando.

João Batista de Sousa - Investigador da Polícia Civil, é acusado, também, de extorquir bando especializado de roubo a instituições financeiras.

André dos Anjos Santos - Policial Militar do Piauí, acusado de furto do dinheiro deixado pelo bando que aterrorizou a cidade de Bacabal no último dia 25.

Luís Gustavo Lima Mendes - Soldado do Corpo de Bombeiro Militar do Maranhão acusado de furto de dinheiro deixado por quadrilheiros suspeitos de explodirem o Banco do Brasil de Bacabal.

Giórgio Carvalho Barbosa e Railson Soares Silva - Policiais militares acusados de roubo de combustível na Região Tocantina.

Cláudio Lago - Policial militar suspeito de assassinato e tentativa de homicídio em São Luís Gonzaga;

José Nascimento Freitas Matos, o Nhô - Cabo reformado da Polícia Militar acusado de liderar grupo de extermínio na Região do Munim.

Número

8

foi o número de profissionais da área de segurança pública presos sob acusação de cometerem ações criminosas no Maranhão no mês de novembro

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