Tensão

Presidente ucraniano promulga lei marcial após impasse com a Rússia

Lei vale em 10 regiões fronteiriças do país e nas regiões costeiras do Mar Negro e Azov. No domingo, Rússia capturou navios ucranianos próximo à costa da Crimeia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

KIEV - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, decretou ontem a lei marcial introduzida na Ucrânia após a Rússia capturar navios ucranianos próximo à costa da região da Crimeia, o que elevou as tensões entre os dois países.

"O presidente Poroshenko assinou a lei", anunciou no Facebook o porta-voz do presidente, Svyatoslav Tsegolko, sobre a lei aprovada na última segunda-feira pelo Parlamento ucraniano e que deve valer por 30 dias em dez regiões fronteiriças e costeiras.

O texto adotado pelos deputados ratificou um decreto presidencial neste sentido assinado na segunda-feira. A lei marcial foi introduzida em 10 regiões fronteiriças do país e nas regiões costeiras do Mar Negro e Azov, na sequência de um incidente armado entre navios de ambos os países ao largo da costa da Crimeia no domingo.

No entanto, ainda há dúvidas sobre a entrada em vigor da lei marcial, com algumas estruturas oficiais ucranianas mencionando esta quarta-feira e outras afirmando que ela entrou em vigor na segunda-feira. O porta-voz da presidência não estava disponível para esclarecer esta situação.

"Devemos todos estar prontos para repelir a agressão de nosso inimigo que, até pouco tempo, era apenas nosso vizinho", declarou nesta quarta-feira o chefe do governo ucraniano, Volodymyr Groisman, ao abrir o Conselho de ministros.

Este movimento já levou a UEFA a anunciar na terça-feira a mudança da partida da Liga Europa entre os clubes ucranianos FC Vorskla e Arsena. Previsto para Poltava (centro), que não será afetada peça lei marcial, foi transferida para Kiev por "razões de segurança".

Com as relações ainda cruas após a anexação da Crimeia pela Rússia e seu apoio a uma insurgência pró-Moscou no leste da Ucrânia, o incidente pode levar os dois países a um conflito mais amplo.

Bloqueio de ponte

A Rússia anexou a Crimeia em 2014 e depois construiu uma gigantesca ponte rodoviária ligando-a ao sul do país, que atravessa o Estreito de Kerch - uma estreita faixa de água que liga o Mar Negro ao Mar de Azov, que abriga dois dos portos mais importantes da Ucrânia.

O controle russo da Crimeia, onde sua frota do Mar Negro está baseada, e da ponte significa que o país é capaz de controlar os fluxos de navios.

A crise começou neste domingo, depois que a Rússia impediu que os três navios ucranianos entrassem no Mar de Azov, colocando um navio de carga sob a ponte.

'Ducha fria'

As autoridades ucranianas asseguraram que a lei marcial, que torna possível mobilizar os cidadãos, controlar os meios de comunicação e limitar os encontros públicos, é essencialmente "preventiva".

"O objetivo da lei marcial é mostrar que o inimigo vai pagar caro se decidir nos atacar. Esta será uma ducha fria que vai parar os loucos que pretendem atacar a Ucrânia", disse na terça-feira ( 27) à noite o presidente Poroshenko.

O ministério da Defesa deve realizar uma coletiva de imprensa esta tarde para explicar como a lei marcial será aplicada nas forças armadas.

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