De novo

Bardal é preso por comandar esquema criminoso na Secretaria de Segurança

Ex-delegado da Seic é acusado de repassar informações a bandidos e extorquir assaltantes de banco para evitar a prisão, na época que comandava a superintendência

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

SÃO LUÍS - O delegado da Polícia Civil, Thiago Mattos Bardal, ex-superintendente estadual de Investigações Criminais (Seic), seria mentor de um esquema criminoso que repassava informações privilegiadas de operações da Polícia Civil para criminosos e extorquir organizações interestaduais especializadas em roubo a instituições financeiras. Essa informação foi repassada ontem pela Superintendência Estadual de Combate a Corrupção (Seccor), órgão da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Os policiais não descartaram a possibilidade de haver mais profissionais da área de Segurança Pública envolvidos.

Bardal foi preso ontem, durante a operação Jogo Duplo. Além do delegado, também foram presos o investigador da Polícia Civil, João Batista de Sousa Marques, e os advogados Wether Ferraz Júnior e Ary Cortez Prado Júnior, de Imperatriz. “A sociedade deve ter ciência sobre as pessoas que cometem crimes, principalmente aquelas que deveriam combater a criminalidade”, disse o secretário de Segurança Pública (SSP), delegado Jefferson Portela, durante coletiva ocorrida na manhã de ontem, na sede da SSP, na Vila Palmeira

Portela informou, ainda, que a operação Jogo Duplo foi realizada por agentes da Seccor e representantes do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público. A denominação da operação foi devido esse tipo de crime ter sido cometido por pessoas da área de segurança pública. “Os acusados dessa ação realizavam um jogo duplo, pois, recebiam dinheiro público para combaterem a criminalidade, mas também adquiriam verbas dos criminosos”, explicou o secretário. Participaram da coletiva, o delegado geral da Polícia Civil, Leonardo Diniz, do superintendente estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor), delegado Roberto Wagner, e dos representantes do Ministério Público (MP), os promotores Marcos Aurélio e Marco Valentim.

Prisões

O delegado Roberto Fortes informou que Thiago Bardal e João Batista foram presos em cumprimento de uma ordem judicial em suas residências, em São Luís, e conduzidos a sede da Seccor, no bairro do São Francisco, onde prestarem esclarecimentos e logo depois foram levados para o presídio da Polícia Civil, na Cidade Operária.

A prisão dos advogados ocorreu na cidade de Imperatriz e foram trazidos ainda ontem para a capital. O delegado disse que os advogados foram ouvidos e transferidos em seguida para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, à disposição do Poder Judiciário.

Ainda segundo o delegado, a polícia tem o prazo de 10 dias para encaminhar o inquérito policial para a Justiça. Segundo ele, há possibilidade de mais pessoas estarem envolvidas nessa ação criminosa. Também durante o cerco policial foram apreendidos computadores, documentos e celulares, que serão periciados. “Os suspeitos foram presos em cumprimento de ordem judicial e a polícia tem um prazo para finalizar esse inquérito policial”, declarou Roberto Fortes.

Investigação

Já o secretário Jefferson Portela informou que esses crimes ocorreram em 2015. Na época, assaltantes de bancos chegaram a denunciar ao Ministério Público de Imperatriz de que Bardal recebia dinheiro de bandidos, principalmente de organizações criminosas interestaduais especializadas a roubo a Instituições Financeiras no país. A promotoria entendeu que essa denúncia poderia ser apenas um ataque ao delegado Bardal pelo fato de ele realizar naquele momento um trabalho intensivo de combate a criminalidade na Região Tocantina.

De acordo com o secretário, surgiram novas denúncias contra Bardal que estaria envolvido diretamente com organizações criminosas, uma delas chefiada por Adriano da Silva Brandão, o Pânico ou General. Este criminoso é foragido do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e tem em seu desfavor mandados de prisão nos estados do Maranhão, Tocantins e Pará. Ele é considerado de alta periculosidade e passou dois anos presos no sistema prisional de Catanduvas, no Paraná.

Em abril deste ano, Adriano da Silva Brandão foi preso entre as cidades de Rondon do Pará e Dom Eliseu. Segundo a polícia, ele pretendia assaltar uma agência bancária do Pará, junto com outros bandidos. Dois meses depois ele conseguiu fugir de uma penitenciária, naquele estado.

Portela afirmou que o Ministério Público de Imperatriz, diante de novas denúncias e com a prisão de Bardal acusado de contrabando, solicitou que o denunciado fosse mais uma vez investigado por equipes da Seccor e do Gaeco.

Roberto Fortes disse que a polícia começou o trabalho de investigação e acabou constatando que Bardal, João Batista e os dois advogados faziam parte de uma organização que tinha o objetivo de extorquir grupos criminosos, principalmente assaltantes de bancos, além de proteger quadrilheiros, mediante o recebimento de propina.

Ainda segundo Roberto Fortes, essa ação criminosa vinha acontecendo desde 2015, data em que Thiago Bardal assumiu a chefia da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). Eles chegaram a receber a quantia de R$ 100 mil por um assalto realizado e cobraram, ainda, para evitar a prisão de líderes das organizações. Na maioria das vezes, a cobrança era feita por intermédio dos advogados.

Entenda

Delegado preso por contrabando

Barbal foi preso no presídio da Polícia Civil no dia 2 de março deste ano em cumprimento de ordem judicial, mas foi solto no dia 24 de maio, por suspeita de ser um dos líderes de um bando internacional especializado em contrabando de mercadorias. Ele respondia, ainda, pelos crimes de prevaricação e peculato.

Uma operação da Polícia Militar foi realizada na noite do dia 21 de fevereiro e se estendeu até a noite do dia seguinte, desarticulou uma organização especializada em contrabando de mercadorias. O ponto base desse bando criminoso era um sítio no povoado Arraial, no bairro do Quebra-Pote, onde havia até mesmo um porto clandestino.

Ainda durante esse cerco policial, foram apreendidos veículos, armas, munição, dinheiro e uma carga de uísque e cigarros contrabandeados. Policiais militares, empresários e políticos também foram presos. No decorrer das investigações comandadas por uma equipe de delegados da Superintendência Estadual de Combate à Corrupção (Secor), identificou Bardal como um dos líderes desse bando. O inquérito policial foi encaminhado para a 1ª Vara Criminal de São Luís, mas foi transferido para a Justiça Federal, onde tramita na 1ª Vara Criminal.

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