Doença

Maranhão está entre os estados com redução de óbitos por Aids

No período de 2014 a 2017, houve redução de 1,7% no coeficiente de mortalidade, que passou de 5,6 para 5,5 óbitos por 100 mil habitantes; no país, ocorreu melhoria na ampliação do acesso à testagem e redução do tempo entre o diagnóstico e tratamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Ministro Gilberto Occhi:  “O Brasil tem dado a sua contribuição no combate à doença
Ministro Gilberto Occhi: “O Brasil tem dado a sua contribuição no combate à doença (Agência Brasil)

BRASÍLIA - O novo Boletim Epidemiológico de HIV/Aids - lançado ontem durante evento de celebração dos 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids, em Brasília - revela que no período de 2014 a 2017, houve redução de 1,7% no coeficiente de mortalidade no Maranhão, que passou de 5,6 para 5,5 óbitos por 100 mil habitantes. Já em relação aos casos, desde o ano de 2014, observa-se aumento da taxa de detecção de aids no estado. Eram 19,7 casos por cada 100 mil habitantes, em 2014, e, em 2017, são 21,3 para cada 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 8,1%.

No total, 21 estados apresentam redução na taxa de mortalidade: AM, RR, PA, AP, TO, MA, PB, PE, AL, SE, BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS, MT e o DF. Cinco estados apresentam aumento: Rondônia, Acre, Ceará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul. Os estados do Piauí e Goiás mantiveram a mesma taxa de mortalidade entre 2014 e 2017.

Já com relação ao Brasil, o país chega aos 30 anos de luta contra o HIV e aids com queda no número de casos e óbitos. A garantia do tratamento para todos, lançada em 2013, e a melhoria do diagnóstico contribuíram para a queda, além da ampliação do acesso à testagem e redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

Ao comentar os novos dados, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, destacou que, além de celebrar as conquistas na ampliação da assistência, é preciso refletir sobre a importância da prevenção. “O Brasil tem dado a sua contribuição no combate à doença, com a garantia de tratamento e oferta de testes para identificar o vírus, mas é preciso conscientização da população, principalmente dos jovens, sobre a necessidade da prevenção. Só com uso de preservativos, vamos evitar e combater o HIV e a Aids”, explicou o ministro.

Brasil

No país, em quatro anos, a taxa de mortalidade pela doença passou de 5,7 por 100 mil habitantes, em 2014, para 4,8 óbitos em 2017. Os novos números da epidemia revelam que, de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926.742 casos de Aids no Brasil, um registro anual de 40 mil novos casos. Em 2012, a taxa de detecção de aids era de 21,7 casos por cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, queda de 15,7%. Na comparação com 2014, a redução é de 12%, saiu de 20,8 para 18,3 casos por 100 mil habitantes.

O Boletim também traz a diminuição significativa da transmissão vertical do HIV, quando o bebê é infectado durante a gestação. A taxa de detecção de HIV em bebê reduziu em 43% entre 2007 e 2017, caindo de 3,5 casos para 2 por cada 100 mil habitantes. Isso se deve ao aumento da testagem na Rege Cegonha, que contribuiu para a identificação de novos casos em gestantes. Em 2017, a taxa de detecção foi de 2,8 casos por 100 mil habitantes.

Nos últimos 7 anos, ainda houve redução de 56% de infecções de HIV em crianças expostas infectadas pelo HIV após 18 meses de acompanhamento. Os novos dados ainda mostram que 73% das novas infecções de HIV ocorrem entre no sexo masculino, sendo que 70% dos casos entre homens estão na faixa de 15 a 39 anos.

Desde a introdução do tratamento para todos, até setembro deste ano, 585 mil pessoas com HIV/Aids estavam em tratamento. Os antirretrovirais são totalmente financiados pelo Governo Federal. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta um dos melhores medicamentos do mundo para tratamento da doença, o Dolutegravir. O medicamento está disponível gratuitamente, sendo que 87% das pessoas com HIV já fazem uso do Dolutegravir.

O medicamento aumenta em 42% a chance de supressão viral (que é diminuição da carga viral do HIV no sangue) entre adultos quando comparado ao tratamento anterior, usando o efavirenz. Além disso, a resposta virológica com o Dolutegravir é mais rápida: no terceiro mês de uso mais de 87% os usuários já apresentam supressão viral, segundo estudos realizados pelo Ministério da Saúde.

Campanha

Também foi lançada, pelo Ministério da Saúde, uma nova campanha publicitária contra a Aids, que neste ano celebra as conquistas nos 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids. A data foi instituída em 27 de outubro de 1988 pela Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde, cinco anos após a descoberta do vírus causador da aids, o HIV.

A campanha será veiculada a partir de 28 de novembro e, como parte das comemorações do dia 1º de dezembro, o Ministério da Saúde resgatará a confecção de colchas de retalhos, os chamados quilt, que traz mensagens de otimismo para quem vive com o vírus. O Ministério vai estender um mosaico, formado por essas colchas, em um dos gramados da Esplanada dos Ministérios. O material foi produzido por milhares de pessoas em várias partes do país que utilizaram uma plataforma digital para produzir a sua mensagem de apoio a causa.

Autoteste gratuito

O ministério informou ainda que a partir de janeiro, também haverá na rede pública a oferta do autoteste de HIV para populações-chave. Serão distribuídas 400 mil unidades deste tipo de teste, inicialmente como um projeto piloto nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus.

Atualmente, o autoteste de HIV já é vendido nas farmácias privadas do país, mas os resultados não podem ser utilizados para o diagnóstico definitivo. O Ministério da Saúde orienta que em caso de teste positivo o usuário busque o serviço de saúde para testes complementares.

Nas caixas de autoteste distribuído pelo SUS, haverá um número 0800 do fabricante para tirar dúvidas e dar orientações aos usuários. Este serviço funcionará 24 horas e 7 dias por semana. Além disso, o usuário pode tirar dúvidas pelo Disque Saúde 136 e no site www.aids.gov.br/autoteste.

Portadoras do HIV

Atualmente, o Brasil tem 866 mil pessoas portadoras do HIV ou com Aids, segundo estimativa o Ministério da Saúde. Destas, 92% estão com o vírus indetectável.

“A pessoa que é indetectável não transmite o HIV. É um benefício pessoal porque não adoece e não morre, e não transmite o vírus”, disse a diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST, HIV, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, durante o lançamento da campanha de prevenção ao vírus. “A não transmissão do vírus quebra os estigmas. A pessoa que chega ao nível indetectável, domina o vírus.” O tratamento é totalmente gratuito e oferecido pelo Sistema Único de Saúde.

Embora as taxas estejam aumentando em direção às recomendações da ONU, em termos numéricos, houve um aumento gradual no número de casos diagnosticados de HIV entre 2012 e 2017, passando de 491 mil para 731 mil pessoas.

“É um momento de reflexão pelos avanços que temos conseguido”, disse o ministro da Saúde, Gilberto Occhi. “Mas também é momento de refletir sobre o que ainda podemos fazer e sobre a atenção que devemos dar aos nossos jovens, principalmente.”

A fala do ministro faz referência ao público com maior índice de infecção pelo vírus HIV. Os homens de 15 a 34 anos correspondem a 53% dos novos casos detectados de HIV. “Quando se avança no tratamento cria-se a sensação de cura e faz com que as pessoas não se previnam. Temos que fazer um trabalho do conscientização da prevenção”, disse o ministro. “A opção é livre, mas se previnam, porque só assim, é possível evitar a doença", disse Occhi.

Números

- 866 mil pessoas são atualmente

portadoras do HIV ou com Aids

- 92% estão com o vírus indetectável,

segundo o Ministério da Saúde

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