Fronteira

México deporta 98 imigrantes que forçaram entrada nos EUA

Outras 42 pessoas chegaram ao território americano mas foram detidas pela patrulha de fronteira dos EUA; a passagem de San Ysidro, que liga as duas cidades, foi reaberta para pedestres e veículos depois de ficar fechada algumas horas no domingo, 25

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Família de Honduras corre do gás de pimenta lançado por autoridades americanas contra caravana migrante na fronteira
Família de Honduras corre do gás de pimenta lançado por autoridades americanas contra caravana migrante na fronteira (Reuters)

TIJUANA - O México prendeu e deportou até o momento 98 pessoas, a maioria hondurenha, por terem tentado cruzar à força a fronteira para os Estados Unidos no domingo,25. Segundo o governo, serão punidos aqueles que, no grupo de 500 que tentaram atravessar a passagem entre Tijuana e San Diego, na Califórnia, se comportaram "de maneira violenta". Por sua vez, a patrulha de fronteira dos Estados Unidos informou ter detido 42 imigrantes que chegaram ao lado americano.

A passagem de San Ysidro, que liga as duas cidades, foi reaberta para pedestres e veículos depois de ficar fechada algumas horas no domingo, depois que os imigrantes — integrantes de uma caravana que saiu há seis semanas de Honduras e foi ganhando adesões ao longo do caminho —tentaram pular a cerca de proteção para alcançar o território americano.

A confusão começou durante uma manifestação com cerca de mil centro-americanos que exigiam que os Estados Unidos lhes permitissem buscar refúgio. Homens e mulheres, alguns com crianças pequenas, entraram num tumulto em que as pessoas se empurravam e gritavam enquanto tentavam escalar ou romper a barreira fronteiriça.

Os sobrevôos de helicópteros militares, o gás lacrimogêneo e as balas de borracha dos EUA fizeram os migrantes retornarem. O grupo havia saído de um abrigo onde estão quase 5 mil centro-americanos, que começaram a chegar a Tijuana na semana passada. Um imigrante que pediu para não ser identificado relatou o uso de balas de borracha pelos guardas fronteiriços americanos.

"Estamos com coração e esperança partidos. Nós estávamos iludidos acreditando que já havíamos conseguido chegar aos EUA e que nos dariam asilo", disse a hondurenha Andy Colón, de 20 anos, que viaja com sua irmã e dois filhos e usa calças rasgadas no trajeto a Tijuana. "Agora temos que viver com a decepção, mas graças a Deus seguimos vivos. Não temos outra opção a não ser ficar neste albergue e buscar uma vida, um trabalho, uma casa no México".

Pressão de Trump

As tensões na fronteira entre EUA e México vêm crescendo desde que o presidente americano, Donald Trump, anunciou o envio de soldados para reforçar a segurança na região, e baixou um decreto proibindo de pedir asilo imigrantes que entrassem no país fora dos postos oficiais de controle migratório. O decreto foi derrubado pela Justiça americana, mas Trump agora pressiona o México a aceitar um acordo pelo qual os imigrantes ficariam em território mexicano até que seus pedidos de asilo sejam julgados nos Estados Unidos.

No sábado, Trump tinha dado a nova política como certa, assim como a futura ministra mexicana do Interior, Olga Sánchez Cordero, que voltou atrás e afirmou não haver qualquer acerto entre os dois países. Segundo o jornal “El País”, o governo de Andrés Manuel López Obrador, que tomará posse no sábado, negocia com os EUA uma espécie de Plano Marshall — como o que reergueu a Europa após a Segunda Guerra — em troca da absorção do fluxo migratório vindo doa países da América Central, que sofrem com a pobreza e a violência criminal.

O objetivo de Obrador é conseguir investimentos de US$ 20 bilhões para o país, em seis anos, e de US$ 1,5 bilhão para os vizinhos da América Central. A equipe de López Obrador confia poder absorver grande parte dos 200 mil imigrantes que entram no país anualmente, com obras públicas e trâmites imigratórios flexíveis.

Envio de imigrantes

Ontem, Trump usou o Twitter para instar o México a enviar os imigrantes que querem pedir asilo aos EUA de volta aos seus países de origem. Ele voltou a ameaçar fechar a fronteira, e a pressionar o Legislativo a aprovar o financiamento para a construção de um muro de separação do México, promessa da sua campanha eleitoral em 2016.

"O México deveria enviar os imigrantes, muitos dos quais são criminosos de sangue frio, de volta aos seus países. Que seja de avião, de ônibus, de qualquer maneira que você quiser, mas eles não virão aos EUA. Nós vamos fechar a fronteira permanentemente se necessário. Congresso, financie o muro", escreveu.

O prazo para a alocação de recursos do governo federal expira em 7 de dezembro, e faltam poucas semanas para que os democratas assumam o controle da Câmara de Deputados em janeiro, como resultado das eleições legislativas realizadas neste mês. Os democratas defendem uma reforma das políticas migratórias e reforço do controle nas fronteiras, mas são em geral uma voz amplamente crítica à proposta de construção de um muro na fronteira.

O impasse migratório levou o prefeito de Tijuana a declarar crise humanitária na última sexta-feira, e a pedir ajuda internacional para prestar assistência à caravana. Estima-se que, além dos 5 mil que já estão na cidade, outros 1,5 mil estejam a caminho. Há diversos grupos separados cruzando o México de Sul a Norte com o objetivo de alcançar o território americano.

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