Editorial

Literatura em debate

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

Encerrada na noite de ontem, a 12ª Feira do Livro de São Luís (Felis) celebrou os 150 anos do nascimento do escritor maranhense Graça Aranha. Nascido no dia 21 de junho de 1868 em São Luís, o autor foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, mas por divergências com intelectuais na época, rompeu com a entidade. Teve uma importante participação na Semana de Arte Moderna de 1922 e é considerado um dos autores do movimento Pré-Modernista, que deu início a uma ruptura estética na arte feita no Brasil.

Combativo e de opiniões contundentes, o escritor teve sua trajetória ligada a polêmicas, por não concordar com convenções artísticas de sua época, teve sua obra quase silenciada. Mesmo assim, sua produção de estreia, o romance Canãa, até hoje é considerado um dos clássicos da literatura brasileira. A obra, escrita em 1902, é um romance-novela que aborda a imigração alemã no estado do Espírito Santo. No enredo, elementos fortes sobre o racismo são abordados pelo autor.

Apesar de tão importante participação na formação da literatura brasileira no início do século XX, o autor ainda é pouco cultuado em sua terra natal. Poucas pessoas o reconhecem e, muitas, sequer já tiveram contato com uma de suas obras. O mesmo acontece com a obra da escritora Maria Firmina dos Reis, homenageada pela Feira do Livro de São Luís do ano passado. Nascida em São Luís em março de 1825, a professora teve uma trajetória ligada à educação no município de Guimarães e é considerada a primeira romancista abolicionista no Brasil, a partir do seu livro de estreia “ Úrsula”, lançado em 1859, mas até a edição da Feira do Livro de São Luís, do ano passado, poucos eventos conseguiram projetar a obra da maranhense para um público de todas as idades como é o dimensionado na realização do evento literário, um dos mais importantes realizados no Maranhão na atualidade.

Nesta edição, a feira ganhou novo endereço, ao contrário dos anos anteriores, nos quais ela foi realizada em espaços públicos no centro da cidade, como a Praça Maria Aragão e Praia Grande, ela foi transferida para o Multicenter Sebrae, o que aprimorou o conforto e a segurança dos participantes, por outro lado, diminuiu um pouco da adesão do público, um problema que deve ser analisado com atenção para os realizadores no próximo ano.

Como ponto positivo, celebrar como patrono o escritor Graça Aranha durante um evento que teve como tema “A Brasilidade na Cultura Contemporânea”, mostra o quanto os autores maranhenses tiveram um importante destaque no cenário literário brasileiro e, até hoje, sua importância precisa ser cultuada.

Ao longo de 12 anos, A Feira do Livro cumpre um importante papel em estabelecer o contato de leitores com autores, tanto os antigos, quanto das novas gerações. Além disso, proporciona o contato com escritores de outros lugares do país, por meio de palestras, lançamentos de livros e outras ações que acontecem durante a programação do evento é algo fundamental para incentivar a leitura dos ludovicenses e esse é um papel que vem sendo cumprido pelo evento. O que se espera é que depois de 12 anos de realização da Feira do Livro de São Luís, se comece a pensar em outros frutos para que a literatura maranhense seja prestigiada durante todo o ano, não apenas em um período específico.


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