Diz site turco

CIA tem gravação do príncipe saudita pedindo para ''silenciar Khashoggi''

Jornalista saudita, que era crítico do governo, foi morto por um grupo de agentes - alguns deles próximos ao príncipe herdeiro -, no consulado do país em Istambul

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
O príncipe saudita Mohammed bin Salman teria ordenado a execução de Jamal Kashoggi
O príncipe saudita Mohammed bin Salman teria ordenado a execução de Jamal Kashoggi (Reuters)

ANCARA - A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) registrou um telefonema no qual o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, dava instruções para "silenciar" o jornalista Jamal Kashoggi "o mais rápido possível", informou o site do jornal turco “Hurriyet Daily News” ontem (22).

Segundo o site, a diretora da CIA, Gina Haspel, havia "sinalizado" a existência da gravação durante uma visita a Ancara, em outubro. A Reuters não conseguiu confirmar a informação.

O jornalista saudita, que era crítico do governo, foi morto por um grupo de agentes -- alguns deles próximos ao príncipe herdeiro --, no consulado do país em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro. Ele estava na representação diplomática para pegar documentos para se casar com sua mulher turca.

Na sexta-feira (16), o jornal "The Washington Post" afirmou, com base em fontes, que a CIA concluiu que o príncipe herdeiro ordenou o assassinato.

Investigação da CIA

O "Post", que cita fontes com conhecimento do caso, afirmou que a CIA descobriu que Khashoggi, que vivia em Washington, conversou com o embaixador saudita nos EUA e irmão do príncipe herdeiro, Khaled bin Salman, sobre a viagem à Turquia para obter os documentos.

De acordo com a CIA, o embaixador pediu que Khashoggi fizesse os trâmites burocráticos em Istambul por solicitação do príncipe-herdeiro. E garantiu que nada ocorreria com o jornalista.

Ainda não está claro, segundo o jornal, se o embaixador sabia dos planos para assassinar o jornalista na Turquia.

Uma porta-voz da embaixada saudita em Washington negou ao "Post" o conteúdo da conversa entre o embaixador e o jornalista. Segundo ela, as conclusões da CIA são "falsas".

Após o desaparecimento do jornalista, a Arábia Saudita afirmou que Khashoggi saiu sozinho do consulado. No entanto, a pressão internacional e as provas apresentadas pela Turquia fizeram o governo saudita admitir que o opositor morreu no local.

Uma briga

Na primeira versão sobre a morte, os sauditas afirmaram que Khashoggi havia morrido em uma briga. Depois, o governo reconheceu que o jornalista foi vítima de um assassinato premeditado.

Cerca de 15 agentes que haviam chegado em Istambul na noite anterior esperavam Kashoggi no consulado saudita. Quatro deles fazem parte do esquema de segurança do príncipe herdeiro, que nega qualquer envolvimento no crime.

Segundo o "Post", a CIA considera Mohammed bin Salman como um "bom tecnocrata", mas o classifica como "volátil", arrogante e explosivo. No entanto, a agência acredita que ele sobreviverá ao escândalo da morte de Khashoggi e seguirá como herdeiro do torno do país.

Sanções

A França impôs ontem (22) sanções contra dezoito sauditas acusados de terem ligação com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto no consulado da Arábia Saudita em Istambul no começo de outubro.

Eles estão proibidos de entrar na França e no resto do espaço de livre circulação europeu, chamado de Schengen, anunciou o ministério francês das Relações Exteriores.

“São medidas suscetíveis de serem revistas ou ampliadas, em função do avanço das investigações”, disse o ministério em um comunicado. “A França exige que fique claro como um ato dessa natureza pôde ser cometido. Ela espera da parte das autoridades sauditas uma resposta transparente e detalhada.”

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