corrupção

Preso nos EUA, Marin terá de devolver apenas fração do que pediam Fifa e Conmebol

Apenas a Conmebol estimava que deveria receber de volta US$ 93,7 milhões (aproximadamente R$ 352 milhões) dos dirigentes condenados; a Fifa, por sua vez, queria a devolução de outros US$ 28 milhões (R$ 105 milhões)

Estadão Conteúdo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) (José Maria Marin)

ESTADOS UNIDOS - A Justiça norte-americana estabeleceu que o ex-presidente da CBF José Maria Marin devolva "apenas" US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 7,8 milhões) para a Fifa e a Conmebol, em uma conta que irá ainda dividir com outros ex-dirigentes também condenados por corrupção no futebol. O brasileiro já foi sentenciado a quatro anos de prisão nos Estados Unidos. Mas o valor é apenas uma fração do que as entidades esportivas queriam recuperar como supostos danos dos desvios promovidos pelo ex-mandatário da CBF.

Apenas a Conmebol estimava que deveria receber de volta US$ 93,7 milhões (aproximadamente R$ 352 milhões) dos dirigentes condenados. Disso, mais de US$ 7 milhões (algo em torno de R$ 26 milhões) teriam de vir de Marin. A Fifa, por sua vez, queria a devolução de outros US$ 28 milhões (R$ 105 milhões).

Já os procuradores norte-americanos pediam que Marin e o ex-presidente da Conmebol Juan Angel Napout restituíssem US$ 55 milhões (R$ 206 milhões) diante dos danos e prejuízos causados por conta da cobrança de propinas que eles exigiram.

Em sua decisão, porém, a Corte norte-americana estimou que a Fifa teria direito de receber apenas US$ 108 mil (R$ 405 mil), sendo que a Conmebol poderia receber US$ 783 mil (R$ 2,9 milhões). Já a Concacaf teria direito a mais US$ 1,7 milhão (R$ 6,3 milhões).

A Justiça norte-americana rejeitou grande parte dos argumentos das entidades que alegaram ter sido vítimas dos ex-dirigentes e estabeleceu que o brasileiro José Maria Marin terá de devolver apenas US$ 19,5 mil (R$ 73,2 mil) para a Fifa em salários, além de US$ 118 mil (R$ 443 mil) para a Conmebol, também em salários, num total de US$ 137 mil (R$ 514 mil). Ao lado dos demais dirigentes, Marin pagará um total de US$ 2,1 milhões.

Seus advogados de defesa exaltaram a dimensão da vitória na Justiça, já que o valor é significativamente mais baixo do que solicitavam as entidades esportivas. Para Julio Barbosa, advogado de Marin, a sentença de restituição "de certa maneira coloca as coisas no devido lugar, ao rejeitar os pedidos injustificados das entidades pseudo-vítimas".

Em agosto também foi determinada a aplicação de uma multa total de US$ 1,2 milhão (R$ 4,5 milhões, pela cotação atual), que será paga em seis parcelas, sendo a primeira seis meses depois de 20 de novembro. José Maria Marin também será confiscado em US$ 3,35 milhões (R$ 12,5 milhões) por ter participado do esquema de propinas que teria conspirado ao seu favor o recebimento de US$ 10 milhões (R$ 37,5 milhões).

Um dos argumentos da Fifa e da Conmebol era de que elas foram obrigadas a gastar milhões de dólares em investigações internas, depois que eclodiram os escândalos de corrupção em 2015.

A defesa de Napout ainda estimou que tanto os procuradores como a Fifa estariam incluindo na conta da restituição custos que não teriam qualquer relação com os dirigentes sul-americanos. Em resposta, a entidade máxima do futebol alegou que foi obrigada a conduzir investigações internas a pedido dos procuradores norte-americanos e que não sabiam o que era e o que não era relacionado com Marin.

Ainda em outubro, a Justiça dos EUA exigiu que a Fifa apresentasse notas fiscais e valores recebidos dos supostos gastos que teve com Marin e Napout, além de provas de que os dois teriam uma relação direta com o volume solicitado.

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