Plano

May diz que europeus deixarão de "furar fila" de imigração com Brexit

A premier britânica deu detalhes ontem de seu plano migratório ao defender o acordo do Brexit que firmou com Bruxelas no congresso anual em Londres; em 29 de março de 2019, o Reino Unido se tornará o primeiro país a abandonar o projeto europeu

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
A premier Theresa May dissae que o acordo "cumprirá o veredito do referendo" de 23 de junho de 2016
A premier Theresa May dissae que o acordo "cumprirá o veredito do referendo" de 23 de junho de 2016 (Reuters)

LONDRES - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse ontem que, com o seu plano para o Brexit, o sistema migratório no Reino Unido será alterado de maneira que os cidadãos comunitários não poderão "furar fila" da imigração.

"Já não acontecerá que os cidadãos da União Europeia (UE), à margem das qualificações ou experiência que tenham a oferecer, possam furar fila e passar na frente de engenheiros de Sydney (Austrália) ou de desenvolvedores de software de Délhi (Índia)", declarou a premiê.

May deu detalhes de seu plano migratório ao defender o acordo do Brexit que firmou com Bruxelas no congresso anual em Londres da patronal Confederação da Indústria Britânica (CBI, na sigla em inglês). "Ao invés de um sistema baseado na procedência, haverá um construído em torno dos talentos e qualificações que a pessoa oferece", explicou a premiê.

A chefe do governo britânico disse que o acordo "cumprirá o veredito do referendo" de 23 de junho de 2016, no qual a saída do Reino Unido da UE recebeu 52% dos votos.

Além disso, May acrescentou que as novas normas de imigração levarão a criar "maiores oportunidades de formação para os jovens do país e mais empregos qualificados", ao não haver a concorrência da UE.

A primeira-ministra pediu aos empresários que "trabalhem com ela" para aproveitar as oportunidades do Brexit.

Acordo técnico

Ontem, o presidente da CBI, John Allan, declarou seu apoio ao acordo técnico estipulado com Bruxelas por May, ao julgar que, embora "não seja perfeito", impede "a ruína" que seria sair do bloco sem um acordo. Apesar das críticas que seu plano suscitou dentro e fora de seu partido, a líder conservadora disse hoje que "está decidida" a levá-lo adiante.

O negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, disse que o acordo alcançado com Londres é "justo e equilibrado", à medida que membros do bloco discutiam entre si e com o Reino Unido a possibilidade de estender o período de transição.

Barnier disse em entrevista à imprensa, após se reunir com 27 ministros de Estados membros da UE, que os países em geral aprovaram o esboço do acordo de separação alcançado na semana passada e que o espaço em branco no documento na data de término para uma possível extensão do período de transição deve ser preenchido antes da cúpula de domingo,25.

"Estamos, de fato, em um momento decisivo deste processo; ninguém deve perder de vista o progresso que foi alcançado em Bruxelas e em Londres", disse Barnier. "O acordo é justo e equilibrado", acrescentou.

"Especificamente, os Estados membros apoiam o esboço do acordo de retirada. O lado da União Europeia ainda precisará decidir o processo interno para concordar em estender o período de transição."

O período de transição tem como objetivo manter o Reino Unido pós-Brexit sujeito às regras da União Europeia --mas sem direito a voto-- por tempo suficiente para que os detalhes de seu futuro relacionamento sejam negociados.

Barnier disse que qualquer extensão será única e que deve ter um prazo claramente limitado. A opinião foi ecoada pelo ministro francês que participou da reunião que disse ser importante oferecer garantias a todos aqueles que serão afetados pela saída do Reino Unido.

O Reino Unido tem dito que qualquer extensão será "uma questão de meses", mas também tem buscado manter a data em aberto por enquanto. Barnier insistiu que a data de término será acordada nesta semana.

Mais de dois anos depois que os britânicos escolheram deixar a UE em um referendo em 2016, os dois lados chegaram a um acordo preliminar de separação e estão trabalhando em um esboço de seu relacionamento futuro.

Arestas finais

Em 29 de março de 2019, o Reino Unido se tornará o primeiro país a abandonar o projeto europeu. Os negociadores precisaram de quase 17 meses para chegar aos termos da separação em um texto de 585 páginas. E, ainda assim, há várias arestas para serem aparadas.

Uma delas é a data em que o período de transição entre o Reino Unido e a UE após o Brexit chegará ao fim, incluindo-se a prorrogação. Ambas as partes decidiram que a transição irá até 31 de dezembro de 2020 e pode ser prolongada uma vez por um tempo "limitado".

Durante uma reunião de embaixadores europeus no domingo, os 27 sócios do Reino Unido defendem que a prorrogação se estenda por mais dois anos para finalizar um eventual acordo de livre-comércio entre ambos os lados do Canal da Mancha, segundo uma fonte diplomática.

Outra questão sensível para a UE é manter o acesso de sua frota pesqueira às águas territoriais do Reino Unido ao final do período de transição. Países como França, Espanha, ou Portugal expressaram sua preocupação, porque este ponto não faz parte do acordo de divórcio.

O acordo do Brexit entra, assim, em sua última semana de negociação.

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