Contra o Hamas

Ministro da Defesa de Israel renuncia contra cessar-fogo

Avigdor Lieberman não concorda com o cessar-fogo alcançado na terça-feira,13, entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que administra a Faixa de Gaza; todos os membros do seu partido deixarão a coalizão governista do premier Benjamin Netanyahu

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, anuncia sua renúncia em Jerusalém
Ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, anuncia sua renúncia em Jerusalém (Reuters)

TEL AVIV - O ministro da Defesa de Israel , Avigdor Lieberman , anunciou sua renúncia do cargo ontem e pediu a convocação de eleições antecipadas o mais rápido possível. Líder do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, ele disse que tomou a decisão por não concordar com o cessar-fogo alcançado na terça-feira,13, entre Israel e o grupo islâmico Hamas , que administra a Faixa de Gaza, e com o pagamento pelo Qatar de milhões de dólares para cobrir salários de funcionários públicos do enclave.

Lieberman disse ainda que todos os membros do seu partido deixarão a coalizão governista do premier Benjamin Netanyahu, que acusou de "se render ao terror" do Hamas, um conjunto de grupos e facções com diferentes graus de radicalismo. A sua saída do governo valerá 48 horas depois que ele submeter uma carta formal ao premier.Líderes da oposição saudaram a decisão de Lieberman, pressionando Netanyahu a convocar eleições antecipadas.

"Eu não procurei razões para deixar o governo. Eu tentei permanecer um membro leal do governo no Gabinete e manter as diferenças internas, mesmo a custo eleitoral", disse Lieberman em pronunciamento à imprensa, criticando as políticas do premier de direita para Gaza: "Não há outra definição além de capitulação ao terror. O que estamos fazendo agora como país é comprar o silêncio a curto prazo ao custo da nossa segurança de longo prazo".

Ontem, o ministro já dissera em nota que não havia apoiado o cessar-fogo alcançado entre autoridades israelenses e palestinas para suspender ataques através da fronteira entre Israel e Gaza. O acordo havia sido alcançado depois de uma série de ataques mútuos nos últimos dias, que aumentaram a instabilidade de uma frágil situação de ausência de guerra formal desde 2014.

Desde domingo, pelo menos 15 palestinos e um israelense morreram em incidentes diversos, incluindo um confronto entre forças especiais de Israel interceptadas dentro da Faixa de Gaza; o lançamento de centenas de foguetes palestinos contra o território israelense; e dezenas de bombardeios do Estado hebreu contra o enclave.

" Vitória política"

O Hamas qualificou a renúncia de Lierberman como "uma vitória política para Gaza". Lieberman defende o uso da força militar israelense contra o grupo. Nascido na ex-União Soviética, a sua base de apoio é composta por muitos imigrantes de origem russa, membros da direita e secularistas que compartilham da sua hostilidade à minoria árabe israelense. Até 2016, ele ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores de Israel, antes de ocupar a pasta da Defesa.

A saída do Yisrael Beiteinu deixaria à coalizão de Netanyahu 61 dos 120 assentos do Parlamento israelense. Entretanto, segundo o jornal "Haaretz", outro membro-chave da aliança, o partido Habayit Hayehudi (Lar Judaico), também de direita, também ameaça deixar o governo, a menos que o cargo de ministro da Defesa seja concedido ao seu líder, Naftali Bennett, que é o atual ministro da Educação. Ontem, ele também se pronunciou contra o cessar-fogo com o Hamas.

As próximas eleições legislativas estão previstas para o ano que vem. Os últimos meses foram de especulações sobre um eventual adiantamento das eleições pelo próprio premier, que cultiva altos índices de popularidade e também acusações de corrupção pelas quais é formalmente investigado. Entretanto, o seu partido de direita, Likud, descartou esta opção afirmando que Netanyahu assumiria a pasta da Defesa.

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