Críticas

França critica ''falta de decência'' de Trump por provocações a Macron

Americano disparou tuítes agressivos no aniversário dos atentados de 2015 em Paris;Trump e Macron vêm trocando críticas públicas desde a semana passada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump na Casa Branca em abril de 2018
Presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump na Casa Branca em abril de 2018 (AFP)

PARIS - O porta-voz do governo da França criticou ontem o presidente dos EUA,Donald Trump , pelo que chamou de "falta de decência elementar". Terça-feira, 13, o chefe da Casa Branca disparou uma série de comentários na sua conta do Twitter com provocações ao presidente Emmanuel Macron, no mesmo dia em que se completaram três anos dos atentados de 2015 em Paris e Sant-Denis, que mataram numa só noite 130 pessoas. No fim de semana, o americano tinha visitado Paris para celebrar o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial.

" Em 13 de novembro, recordamos o assassinato de 130 cidadãos em Paris e Saint-Denis, então vou responder em inglês: um pouco de "decência elementar" teria sido desejável", disse o porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, ao fim do Conselho de Ministros.

Macron não reagiu diretamente às mensagens de Trump, mas em entrevista de domingo à CNN o presidente francês afirmara "que a diplomacia não é feita com tuítes, e sim com conversas bilaterais", recordou Griveaux.

Trump e Macron vêm trocando críticas públicas desde a semana passada, quando o francês defendeu sua proposta de criação de uma força de intervenção europeia, dizendo que ela era necessária para a defesa dos países do continente diante da China, da Rússia "e até dos Estados Unidos", já que não seria possível que a Europa dependa "unicamente" de Washington.

Na terça, 13, o presidente americano evocou a entrada americana na Segunda Guerra Mundial para criticar os planos do Palácio do Eliseu:

"Emmanuel Macron sugere construir o seu próprio exército para proteger a Europa dos EUA, da China e da Rússia. Mas foi a Alemanha na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. Como isso terminou para a França? Em Paris, estavam começando a aprender alemão antes de os EUA chegarem. Paguem pela Otan!", escreveu o mandatário americano, em referência à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

Críticas

Numa série de tuítes, Trump prosseguiu com as críticas ao governo francês, ridicularizando Macron pela sua "muito baixa taxa de aprovação" e sugerindo que poderá cobrar tarifas mais altas para os vinhos da França. Ainda disse que "não há país mais nacionalista que a França", depois de Macron ter alertado que a ascensão de nacionalismos pode ser uma ameaça à estabilidade global.

"A França produz vinhos excelentes, mas os EUA também. O problema é que a França torna difícil para os EUA venderem vinhos para a França e cobra grandes tarifas, enquanto os EUA tornam isso fácil para os vinhos franceses, cobrando tarifas muito baixas. isso não é justo, deve mudar!", escreveu. "O problema é que Emmanuel sofre de uma taxa de aprovação muito baixa, de 26%, e de uma taxa de desemprego de quase 10%. Ele estava apenas tentando falar de outro assunto. Aliás, não há país mais nacionalista que a França. Um país muito orgulhoso — e com razão!"

O presidente americano ainda finalizou com uma referência ao seu lema de campanha "Fazer a América grande de novo!" ("Make America Great Again", em inglês) para falar da França: "Façam a França grande de novo!"(Make France Great Again"), em letras maiúsculas. A assessoria de Macron disse que ele não comentaria os ataques de Trump.

Celebração

No último fim de semana, Trump foi a Paris para a celebração do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. Assim que pousou na capital francesa, ele já havia criticado as declarações de Macron sobre a força europeia, chamando-as de "insolentes" e mais uma vez cobrando uma maior contribuição financeira dos países europeus à Otan. No sábado, Trump alegou que estava chovendo para faltar a uma cerimônia à qual compareceram Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel.

No domingo, na cerimônia do Dia do Armistício, Macron atacou indiretamente as declarações nacionalistas de Trump e seus ataques às organizações multilaterais. Disse que os "demônios antigos" que causaram a Primeira Guerra Mundial e milhões de mortes estão ficando mais fortes. O francês exortou os dirigentes globais reunidos em Paris a cooperar e defender as instituições internacionais.

"Dizendo nossos interesses primeiro e depois os dos outros, apaga-se o que uma nação tem de mais precioso, o que a leva a ser grande, o mais importante: seus valores morais", afirmou Macron.

Suas palavras, sob uma chuva fina ao pé do Arco do Triunfo, foram interpretadas como uma repreensão a Trump e ao russo Vladimir Putin, que estavam entre as autoridades presentes. Trump já declarou orgulhosamente ser nacionalista, teve como slogan de campanha "América primeiro" e retirou o país de tratados internacionais, como o Acordo do Clima de Paris.

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