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Fim do Cisma Anglicano?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Em 1534, o rei Henrique VIII separou a Igreja da Inglaterra da Católica, tornando-se seu governador supremo. A versão oficial diz que o rei queria separar-se de Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena, mas a separação da Igreja e o confisco dos bens renderam uma fortuna inimaginável. Porém a Igreja Anglicana continuou com muitos ritos católicos. Fora da Inglaterra a igreja é chamada de Episcopal.

E foram quase 500 anos de separação, mas, em 4 de novembro de 2009, foi publicada a Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, documento em que Bento XVI apresenta as normas para o regresso dos grupos anglicanos à Igreja Católica, à medida que esses solicitem.

O Papa nomeou como primeiro Ordinário o reverendo Keith Newton, 58 anos. Ele foi um dos três ex-bispos anglicanos que foram ordenados sacerdotes católicos pelo arcebispo de Westminster, dom Vincent Nichols, naquele mesmo dia. Os outros dois são o reverendo Andrew Burnham e o reverendo John Broadhurst.

Em 15 de janeiro de 2011, a Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, instituiu o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham que permitiu que pastores e fiéis anglicanos da Inglaterra e País de Gales entrar em comunhão plena e visível com a Igreja Católica.

O Ordinariato cuidou da preparação catequética desses grupos que, na Páscoa, foram recebidos na Igreja Católica, juntamente com os seus pastores. E ainda acompanhou os ministros que se preparavam para serem ordenados no sacerdócio católico. O patrono do Ordinariato é o Beato John Henry Newman, beatificado por Bento XVI em setembro do ano anterior, durante a histórica viagem apostólica ao Reino Unido.

Um Ordinariato Pessoal é uma estrutura canônica que possibilita uma “reunião corporativa” que neste caso, permite àqueles que eram anglicanos entrar em plena comunhão com a Igreja Católica e conservar elementos do seu patrimônio específico, como a liturgia e a espiritualidade.

Com esse formato, a Anglicanorum coetibus busca garantir, por um lado, o objetivo de salvaguardar, no interior da Igreja Católica, as veneráveis tradições litúrgicas, espirituais e pastorais anglicanas e, por outro, a plena integração destes novos grupos e respectivos pastores na Igreja Católica.

É o que acontece, por exemplo, com a proibição de ordenação episcopal de homens casados, no entanto, a Constituição Apostólica prevê a ordenação de ministros casados anglicanos como sacerdotes católicos. Que é o caso dos três ex-bispos anglicanos ordenados sacerdotes católicos pelo Arcebispo de Westminster.

Já os seminaristas serão formados juntamente com os da Diocese, especialmente nas áreas doutrinais e pastorais, mas contando também que os futuros padres dos ordinariatos pessoais terão uma formação no “patrimônio anglicano”.

A iniciativa partiu de diversos grupos de Anglicanos que declararam compartilhar da fé católica como expressa no Catecismo da Igreja Católica e reconhecer o ministério de Pedro como desejado por Cristo para a Igreja. Para esses, chegou o momento de expressar tal unidade implícita na forma visível da plena comunhão.

Mario Eugenio Saturno

Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

E-mail: mariosaturno@uol.com.br

(cientecfan.blogspot.com)

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