Ameaça

Trump diz que pode retrucar se for investigado por democratas

Democratas ganharam maioria na Câmara dos Representantes nas eleições de terça-feira,6; o presidente afirmou ontem em entrevista que espera "trabalhar junto" com os democratas, mas que não vai cooperar caso deem início a investigações contra ele

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Trump faz coletiva de imprensa na Casa Branca, ontem, após as eleições de meio de mandato
Trump faz coletiva de imprensa na Casa Branca, ontem, após as eleições de meio de mandato (AP)

WASHINGTON - O presidente Donald Trump afirmou que pode retrucar caso comece a ser investigado por deputados democratas, que conquistaram a maioria da Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato de terça-feira,6.

O Partido Democrata conquistou a maioria da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos pela primeira vez em oito anos. O resultado das eleições legislativas significa uma derrota parcial para Donald Trump, já que o seu partido, o Republicano, irá ampliar sua vantagem no Senado, de acordo com projeções.

As “midterms” (eleições de meio de mandato) de terça-feira,6, definiram uma nova Câmara e renovaram um terço do Senado, além de mais de 75% dos governos estaduais.

Em coletiva de imprensa na Casa Branca, ontem, o presidente afirmou que espera "trabalhar junto" com os deputados democratas da Câmara, mas que não vai cooperar caso deem início a investigações contra ele.

Esse assunto vem à tona agora, já que há especulações de que a maioria democrata na Câmara pode abrir investigações sobre uma suposta violação por Trump das leis de financiamento eleitoral e sobre as declarações de imposto de renda do presidente e, até, um eventual processo de impeachment contra ele.

"Se isso ocorrer (e me investigarem), vamos fazer o mesmo e o governo será paralisado. E isso provavelmente será melhor para mim politicamente, porque sou melhor nesse jogo do que eles", afirmou.

“Eles podem jogar esse jogo, mas nós podemos jogar melhor porque temos uma coisa chamada Senado dos Estados Unidos e muitas coisas questionáveis foram feitas, entre vazamentos de informação secreta e muitos outros elementos que não deveriam ter acontecido", disse Trump.

Na mesmo coletiva, Trump parabenizou muitos dos republicanos que foram eleitos, mas também citou os nomes de alguns que, segundo ele, não conseguiram vencer porque não o apoiaram durante a campanha. "Alguns decidiram por razões deles não apoiar - seja eu ou o que defendemos. Eles foram muito mal", disse.

O presidente também disse que os democratas não conseguiram conquistar a maioria no Senado pela maneira como reagiram nas audiências de confirmação do juiz Brett Kavanaugh à vaga na Suprema Corte.

"Os eleitores repreenderam claramente os democratas do Senado pelo tratamento dado às audiências de Kavanaugh", disse.

O presidente ainda afirmou que o vice-presidente Mike Pence será seu companheiro de chapa novamente na eleição presidencial de 2020, quando espera conquistar um segundo mandato na Casa Branca.

"Mike, você será meu companheiro de corrida?", perguntou Trump a Pence na frente dos repórteres. "A resposta é sim", disse Trump depois de ouvir a resposta. "Isso foi inesperado, mas me sinto muito bem."

" Inimigo do povo"

A entrevista coletiva de Donald Trump ontem foi bastante agitada, e teve um ponto alto de tensão quando Trump respondeu de forma enérgica a um jornalista da rede CNN, Jim Acosta, a quem chamou de "inimigo do povo" por, segundo o presidente, reportar notícias falsas.

A CNN é um dos alvos prediletos de Trump nos muitos ataques que faz à imprensa, que alega persegui-lo. Na mesma coletiva, o líder americano disse que pode retrucar caso comece a ser investigado por deputados democratas, que conquistaram a maioria da Câmara dos Representantes. O presidente considerou o resultado da eleição "um tremendo sucesso", apesar desse revés.

A discussão com Acosta começou depois de uma pergunta sobre a caravana de migrantes latino-americanos que se aproximava dos EUA, quando Acosta perguntou a Trump se ele achava que tinha "demonizado" os migrantes.

"Acho que você deveria me deixar comandar o país, e administrar a CNN e, se você fizesse isso bem, sua audiência seria muito melhor", disse o republicano.

Depois que Acosta tentou emendar uma pergunta sobre a investigação de suposto conluio com a Rússia para influenciar a eleição de 2016, Trump se irritou: “Isso é o suficiente. É o bastante. É o bastante. Com licença, isso é o suficiente", disse e observou que "não estava preocupado com nada" porque a investigação era "uma farsa". “Já basta. Largue o microfone", disse em seguida.

Enquanto o repórter continuava a perguntar, Trump ficou mais agitado e se afastou do pódio em que falava. Acosta se sentou.

Trump então disse: “Eu vou te dizer: a CNN deveria ter vergonha de ter você trabalhando para eles. Você é uma pessoa grosseira e terrível. Você não deveria estar trabalhando para a CNN. A maneira como você trata Sarah Huckabee é horrível e a maneira como você trata as outras pessoas é horrível. Você não deve tratar as pessoas desse jeito. "

Outro repórter, Peter Alexander, da NBC, foi chamado pelo presidente e disse: "Em defesa de Jim, eu viajei muito com ele, ele é um repórter dedicado".

Trump o interrompeu, dizendo ao jornalista da NBC News: "Eu também não sou um grande fã seu", o que provocou risos na sala.

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