Editorial

Escolas na mira do crime

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Menos de 24 horas depois do arrastão que causou pânico em alunos, professores e na direção do Centro de Ensino Fundamental e Médio Lara Ribas, escola estadual localizada no bairro Santo Antônio, o Governo do Estado anunciou a instalação de câmeras de videomonitoramento em toda a sua rede educacional. A medida soou tardia, uma vez que a violência há tempos é um fenômeno presente na região, ou seja, a ameaça de um ataque criminoso como o perpetrado na última segunda-feira sempre rondou a escola e todo o seu entorno, diante dos olhos omissos das autoridades públicas.

No arrastão, ocorrido no final da tarde da última segunda-feira (5), os bandidos invadiram cinco salas de aulas e levaram dinheiro, celulares e outros pertences de estudantes e professores. Uma docente que havia sacado o salário e guardado a quantia na bolsa foi obrigada a entregar, sob a mira de armas, cerca de R$ 2 mil aos criminosos. Perdas materiais à parte, o que ficou foi um trauma que para as vítimas será difícil esquecer. Ainda mais diante do risco permanente de uma nova invasão ou mesmo de abordagens na entrada ou na saída de cada turno de aulas.

Quanto às câmeras, em meio à ampla repercussão do arrastão na escola, o governo estadual apressou-se em anunciar que os equipamentos servirão para coibir atos de violência contra a rede estadual de educação. A finalidade primordial dos aparelhos é preventiva, mas em caso de novos atos de violência no ambiente escolar, as imagens serão cedidas à polícia, para auxiliar as investigações.

Em sua atitude precipitada de informar que as escolas terão vigilância eletrônica, como se isso fosse possível com um simples passe de mágica, o governo não se preocupou em explicar como os equipamentos serão adquiridos. Haverá licitação para a compra dos sistemas de videomonitoramento ou para a contratação de uma empresa especializada? Ou a implementação do serviço será direta, em caráter emergencial? Qual o valor do investimento? Quais as especificações dos aparelhos (alcance, qualidade de imagens, resistência, capacidade de armazenamentos de imagens, etc.)?

Todas essas perguntas devem ser respondidas para que a comunidade estudantil, professores, diretores e pais de alunos sejam convencidos de que a ação será mesmo efetivada e para que a sensação de segurança paire sobre toda a rede de ensino. A julgar pela ausência de novas informações nos dias que se seguiram ao anúncio e pelo fato de o ano letivo já estar chegando ao fim, a tendência é de que a medida não seja executada a curto prazo.

O que se sabe, até o momento, é que a instalação de câmeras nas escolas se dará por meio de uma portaria assinada pelo secretário do Estado da Educação, Felipe Camarão. Também foi informado, de antemão, que os equipamentos não estarão presentes em banheiros, vestuários, salas de aula, de professores, secretarias, cantinas e ambientes de uso restrito na escola.

Trata-se de uma ressalva importante, pois, apesar da necessidade urgente de oferecer segurança às escolas, é fundamental preservar a privacidade, a intimidade e a liberdade dos educadores quando estes estiverem lecionando e dos alunos durante o processo de aprendizado.

Enquanto os equipamentos prometidos não chegam, cenas de viaturas policiais em frente a escolas estaduais, como as vistas no dia seguinte ao arrastão no Centro de Ensino Lara Ribas, se repetirão com frequência, o que, de certa forma, também assusta.

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