Reação

Turquia diz que não cumprirá sanções impostas por EUA ao Irã

Presidente turco diz que medidas visam a ''desequilibrar o mundo''; bloqueio é considerado ''ilegítimo'' pela Rússia; Trump saiu do acordo nuclear com o Irã e gradualmente foi restabelecendo sanções que haviam sido suspensas ou extintas por Barack Obama

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Presidente turco Recep Tayyip Erdogan não respeitará as novas sanções dos Estados Unidos
Presidente turco Recep Tayyip Erdogan não respeitará as novas sanções dos Estados Unidos (AFP)

ANCARA - O presidente turco Recep Tayyip Erdogan informou ontem que não respeitará as novas sanções dos Estados Unidos contra as indústrias petroleiras e de transportes aéreo e marítimo do Irã. Na visão da Turquia, as medidas impostas por Washington a partir de segunda-feira visam a "desequilibrar o mundo".

No mesmo dia, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que as sanções impostas por Washington não são "legítimas". A Casa Branca anunciou que China, Índia, Japão, Itália, Grécia, Coreia do Sul, Taiwan e a própria Turquia ficarão isentos por 180 dias de punição por comercializarem com os persas em função da dependência de combustível.

Os comentários vêm um dia depois de a Casa Branca iniciar a implementação de sanções contra o setor petrolífero do Irã, uma consequência da decisão de Donald Trump, anunciada em maio, de abandonar o acordo nuclear de 2015 com o país persa.

Para evitar que as sanções desestabilizem abruptamente o mercado petrolífero, prejudicando sua própria economia, os Estados Unidos permitiram que oito países, incluindo a Turquia, continuem comprando petróleo do Irã por 180 dias.

O chanceler Lavrov destacou que a Rússia espera cooperar economicamente com o Irã, apesar do bloqueio americano. Em entrevista a jornalistas no Parlamento, Erdogan atacou as novas sanções.

"São passos que visam a desequilibrar o mundo. Nós não queremos viver em um mundo imperialista. Estas questões serão colocadas sobre a mesa na cúpula de Paris", ressaltou o presidente, em referência ao encontro marcado para domingo na capital francesa, quando serão comemorados os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. "Nós não vamos cumprir essas sanções. Nós compramos 10 bilhões de metros cúbicos de gás natural do Irã. Não podemos congelar nosso povo no frio".

Fora do acordo

Trump saiu do acordo nuclear com o Irã e gradualmente foi restabelecendo sanções que haviam sido suspensas ou extintas pelo seu antecessor, o democrata Barack Obama. Um primeiro pacote de medidas punitivas contra o comércio de moeda, metais e setores automotivos do Irã já havia sido reimposto em agosto. Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China também assinaram o acordo e permaneceram nele, mesmo após a saída americana.

O presidente americano diz que os termos do acordo são inaceitáveis e insuficientes para evitar que o Irã desenvolva armas nucleares ou intervenha em países vizinhos, como Síria e Iêmen. Teerã diz que cumpre totalmente o acordo nuclear, o que foi repetidamente confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Mais cedo, ontem, o ministro de Relações Exteriores da Turquia destacou ser perigoso isolar o Irã. Mevlut Cavusoglu acrescentou não ser fácil para países como Turquia e Japão diversificarem suas fontes de energia.

"Nós não acreditamos que qualquer resultado possa ser atingido com essas sanções. Acho que um diálogo é mais útil que as sanções", destacou o ministro turco, em visita ao Japão.

Ao anunciar as novas sanções, o presidente Donald Trump espera atingir a economia do Irã e forçar o abandono de supostas ambições nucleares e programas de mísseis balísticos. Também é alvo de críticas o apoio iraniano a miltantes na Síria, no Iêmen, no Líbano e em outras partes do Oriente Médio.

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