Retaliação ao Irã

EUA anunciam os oito países que ficarão isentos de sanções

Objetivo é não criar desestabilização abrupta no mercado petrolífero; Mike Pompeo diz que será ''implacável'' contra Teerã; mais de 20 países já interromperam importações de combustível iraniano, baixando as compras em mais de 1 milhão de barris por dia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Bandeira iraniana em estação de petróleo do país, no Golfo Pérsico
Bandeira iraniana em estação de petróleo do país, no Golfo Pérsico (Reuters)

WASHINGTON - No dia em que entraram em vigor as sanções americanas contra o setor de petróleo do Irã, o governo de Donald Trump anunciou os nomes dos oito países que, por sua dependência do combustível iraniano, ficarão temporariamente isentos das punições: China, Índia, Japão, Itália, Grécia, Coreia do Sul, Taiwan e Turquia. A isenção, cujo objetivo é não desestabilizar abruptamente o mercado petrolífero, o que poderia prejudicar a própria economia americana, está prevista para durar 180 dias.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que Washington será "implacável" na pressão contra o país persa. Segundo ele, mais de 20 países já interromperam suas importações de combustível iraniano, baixando as compras em mais de 1 milhão de barris por dia, e o Irã já perdeu desde maio US$ 2,5 bilhões em exportações petrolíferas.

As sanções americanas foram reinstituídas depois que Washington abandonou, em maio, o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015. Uma primeira leva de punições já havia entrado em vigor em agosto, atingindo transações financeiras, importações de matérias primas, o setor automotivo e a aviação comercial. O alcance extraterritorial das sanções americanas se deve ao fato de a maioria das transações internacionais serem feitas em dólar e passarem pelo sistema financeiro dos Estados Unidos.

Resolução desafiada

Em reação às novas sanções, o embaixador iraniano na ONU, Gholamali Khoshroo, enviou carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na qual afirma que as Nações Unidas devem responsabilizar os EUA por desafiarem uma resolução do Conselho de Segurança.

"A conduta irresponsável dos EUA exige uma resposta coletiva da comunidade internacional para defender o Estado de Direito, para evitar minar a diplomacia e proteger o multilateralismo", escreveu o embaixador do Irã.

O acordo de 2015 — pelo qual o Irã concordou em não fabricar a bomba e se submeter a inspeções internacionais abrangentes, em troca da suspensão das sanções da ONU, da União Europeia e dos EUA — foi aprovado pelo Conselho de Segurança e contou com a assinatura de todos os membros permanentes da instância máxima da ONU: além de EUA, China, Rússia, França e Reino Unido. A Alemanha também foi signatária.

Ao se retirar do acordo, os EUA alegaram que ele não inclui o programa de mísseis convencionais do Irã nem o que qualificam de "comportamento desestabilizador" do país persa em outros países do Oriente Médio.

A decisão de Trump é resultado do alinhamento dos interesses de Washington com os da Arábia Saudita e de Israel, os principais rivais do Irã no Oriente Médio. Sauditas e israelenses foram desde o início contrários ao acordo assinado pelo ex-presidente americano Barack Obama, pelo fato de ele acabar com o isolamento diplomático imposto ao Irã pelas potências ocidentais desde a Revolução Islâmica de 1979.

Além das sanções contra o petróleo iraniano que já estavam previstas, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, anunciou novas punições, que afetam 50 bancos iranianos, além dos setores de navegação e aviação.

Os países que foram isentos temporariamente das sanções deverão depositar o pagamento em contas que o Irã só poderá usar para fins humanitários, como a compra de alimentos e remédios. As punições americanas permitem o comércio desses bens, mas as sanções impostas aos bancos e ao comércio podem tornar os itens mais caros.

'Guerra econômica'

"Hoje o inimigo está mirando nossa economia. O principal alvo das sanções é o nosso povo", declarou o presidente iraniano, Hassan Rouhani. "Os EUA queriam reduzir a zero as vendas de petróleo do Irã, mas continuaremos a vender nosso petróleo para quebrar as sanções", disse Rouhani a economistas. Para ele, "esta é uma guerra econômica contra o Irã”: "Estamos preparados para resistir a qualquer pressão", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores, Zarif, disse que Washington se isolou ao perseguir as sanções. Ele postou no Twitter: “O bullying dos EUA está saindo pela culatra. São os EUA, e não o Irã, que estão isolados".

A União Europeia anunciou em outubro ter criado um mecanismo de pagamentos para proteger as empresas do continente que fazem negócios com Teerã. No entanto, ele só deve começar a funcionar no início do ano que vem. Enquanto isso, mais de uma dúzia de empresas europeias que haviam assinado contratos com o Irã depois do acordo de 2015 suspenderam esses investimentos, temendo ser alvo das sanções americanas. Elas incluem grandes multinacionais como Mercedes-Benz e Renault.

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