Despesas

Governo Flávio Dino inicia cortes de despesas pela área da Saúde

Secretaria Estadual de Saúde determinou redução do teto das despesas, que atingirá os valores repassados para o pagamento de plantões médicos

Carla Lima/Editora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Portaria assinada por Carlos Lula justifica corte afirmando que valores repassados pelo SUS são baixos
Portaria assinada por Carlos Lula justifica corte afirmando que valores repassados pelo SUS são baixos (Carlos Lula)

SÃO LUÍS - O governo de Flávio Dino (PCdoB) iniciou os cortes de despesas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em portaria nº 1044, publicada no Diário Oficial do Estado, em 30 de outubro, o secretário Carlos Lula determinou “redução do teto das despesas” com a prestação de serviços de ginecologia/obstetrícia, anestesiologia, clínica médica, cirurgia geral, pediatria e ortopedia, tanto em São Luís quanto no interior do estado.

Na prática, Lula determinou a redução de repasses para o pagamento de plantão de 24h. O gestor alegou que os repasses feitos pelo Sistema Único de Saúde (SES) para o Maranhão por pessoa é de apenas R$ 154,98 por ano, valor menos que o da média nacional que é de R$ 203,54 por ano.

Diante deste valor menor, Lula resolveu diminuir para R$ 77,5 mil a verba repassada para pagamento de plantão de médicos na capital e R$ 88,5 mil para médicos que são plantonistas no interior.

Além disso, a portaria da SES estabelece a redução de 10% do teto de gastos para demais contratos.

A portaria já recebeu manifestação da Associação dos Médicos do Socorrão I e II. O presidente da entidade, Érico Cantanhede reclama da medida alegando que os profissionais da saúde são necessários para a população e que no interior a situação é mais delicada já que os médicos arriscam suas vidas viajando para os municípios.

Diante da portaria, o presidente da AMESS pede a manifestação das demais entidades de classe como o Conselho Regional de Medicina (CRM), Sindicato dos Médicos (Sindmed) e da Associação Médica Brasileira (AMB) e que o Ministério Público e o Judiciário se envolvam na questão.

Redução
Sobre o corte previsto na Portaria da SES, o secretário Carlos Lula nega que haja previsão de redução dos valores pagos pelo plantão médico. Para O Estado, Lula disse que, no caso da redução de 10%, há como manter o valor dos plantões reduzindo a margem de lucro das empresas médicas.

Segundo Lula, para regulamentar esta questão da redução de lucros, “haverá outros normativos” e que “por ora, nada se altera”.

Em nota, a SES diz que não haverá redução nos valores pagos por plantões médicos afirmando que a Portaria é uma “exigência legal diante da expansão da rede de serviços e das regras da emenda constitucional nº 95”.

Nota da SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) comunica que é equivocada a notícia sobre suposta redução dos valores pagos para plantões médicos, atribuída à Portaria SES nº 1.044/2018.
A SES esclarece que o documento estabelece, pela primeira vez, parâmetros para o teto do valor pago às empresas médicas e garante isonomia a serviços iguais, prestados em diversas unidades.

A Secretaria informa que a medida é uma exigência legal diante da expansão da rede de serviços e das regras da emenda constitucional nº 95, que impactou fortemente o repasse de verbas federais para a saúde.

Médicos estão com salários atrasados no Maranhão

Na semana passada, os médicos que prestam serviço para a rede estadual de Saúde sinalizaram um movimento de paralisação das atividades devido a atrasos salariais. A SES admitiu os atrasos e, para evitar a greve dos profissionais, organizou um calendário de pagamento dos salários atrasados a que deve ser finalizado no mês de dezembro.

Segundo Abdon Murad, presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-MA), o governo estadual fez o acordo e os médicos aguardarão o cumprimento do acordo.

“Por causa do atraso no pagamento dos salários, nos reunimos para decidirmos o que faríamos. Um representante da Secretaria Estadual de Saúde (SES) participou da assembleia extraordinária e definiu um cronograma de pagamento, que segue até dezembro. As atividades continuam normais e vamos aguardar o cumprimento do que foi acordado entre os médicos e o Governo do Estado”, afirmou Abdon Murad, presidente do CRM-MA.

Em junho, O Estado mostrou que médicos de diversas unidades de saúde administradas pelo Governo do Maranhão estavam com salários atrasados há quase quatro meses. A denúncia partiu da Associação dos Médicos do Socorrão I e II (AMESS), que abrange todo o Estado. De acordo com a instituição, profissionais do Hospital Regional de Matões do Norte, Hospital Presidente Dutra, Juvêncio Matos e Carlos Macieira, entre outras estão sem acesso aos seus vencimentos.

Governador manda reduzir gastos em 30%

Mesmo sem manifestação oficial dada pelo governador Flávio Dino, a ordem para os secretários estaduais é que despesas nas pastas sejam reduzidas em até 30%. Em notícias veiculadas por meios de comunicação ligados ao Palácio dos Leões, vem sendo garantido que gastos devem ser cortados em alugueis de carros e não descartando a necessidade de fusão de secretarias.

O problema é que Dino estuda enxugar a máquina com o argumento de que o país enfrenta uma crise econômica, que deverá piorar a partir de 2019. As previsões de caos do governador tem sido publicadas em rede social.

No entanto, o comunista não diz que a saúde financeira do estado não é das melhores devido somente a sua gestão. Em relatório do Banco Central, por exemplo, mostrou que o governo Flávio Dino aumentou em 40% a dívida pública do estado.

De acordo com o relatório somente na atual gestão, o Governo conseguiu ampliar em mais de R$ 1.4 bilhões o endividamento do estado.

Ao deixar o mandato em 2014, segundo o próprio Banco Central, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) deixou dívida pública no estado de cerca de R$ 3.2 bilhões.

Já no primeiro ano de gestão, Dino elevou esse montante em mais R$ 600 milhões. O discurso do comunista, contudo, era o de enxugamento da máquina, renegociação de débitos e equilíbrio fiscal, financeiro e econômico do estado. Em dezembro de 2016, segundo ano de mandato de Flávio Dino, o endividamento público do Maranhão saltou para R$ 4.032.911.287,28.

No ano seguinte, 2017, mesmo período em que surgiu o escândalo dos “Aluguéis Camaradas” explorados pela imprensa nacional e com reportagens veiculados no Bom Dia Brasil, da TV Globo e por portais de notícias, houve um acréscimo de mais de R$ 200 milhões da dívida pública do estado, alcançando o patamar de R$ 4.203.590.164,70.

No último levantamento do Banco Central, com dados catalogados até o mês de junho, o estado chegou a um rombo de R$ 4.641.188.297,81.

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