Humanização

Aldenora Bello inaugura nova ala de quimioterapia pediátrica

O espaço no hospital, que recebeu o nome Q’Alegria - uma metodologia inovadora que leva entretenimento a crianças e adolescentes com câncer; semanalmente, essa unidade de saúde atende 65 crianças e adolescentes na ala da quimioterapia

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

SÃO LUÍS – Há mais de 50 anos contribuindo para a saúde dos maranhenses, o Hospital Aldenora Bello, mantido pela Fundação Antonio Dino, inaugurou ontem,31, na ala de quimioterapia pediátrica do hospital, o espaço Q’Alegria - uma metodologia inovadora que leva entretenimento às crianças e adolescentes durante as sessões de quimioterapia, proporcionando uma melhor qualidade no tratamento.

A novidade é fruto da parceria da Fundação Antonio Dino, do Ministério Público do Trabalho do Maranhão (MPTMA) e do Shopping da Ilha. O investimento foi de cerca de R$ 200 mil. O hospital é o oitavo beneficiado com a humanização na ala pediátrica idealizada pelo projeto Casa da Criança, organização com reconhecimento Federal, qualificada como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que defende os direitos das crianças e adolescentes em território nacional através de ações que vão desde reformas e construções a ações de interesse nacional que primam pela qualidade do atendimento.

Tratamento

O espaço Q’Alegria, idealizado pelo projeto Casa da Criança, tem por objetivo proporcionar, através do físico que dispõe de uma arquitetura lúdica, colorida e alegre a boa infância que as crianças merecem, haja vista as limitações que elas passam a ter com o tratamento, que acaba isolando-as de viver tal fase como deveria. A novidade acompanha as necessidades dos médicos em manter as crianças por horas consecutivas em suas poltronas para receber o tratamento e o bem-estar, com o máximo de entretenimento.

“A gente se alegra muito em poder oferecer um espaço como esse, porque todas as ações realizadas no hospital são para a melhoria no tratamento dos nossos pacientes e, desta vez, não é diferente. Por meio dessa novidade, poderemos proporcionar uma intimidade maior das crianças doentes com a infância que elas teriam se estivessem saudáveis”, afirmou a coordenadora da Ala de Oncopediatria do Hospital Aldenora Bello, Geni Ramos Veras.

Atendimento

Atualmente, o setor de quimioterapia pediátrica do Hospital do Câncer Aldenora Bello atende, semanalmente, cerca de 65 crianças e adolescentes, realizando em média 260 atendimentos mensais. A criança pode receber mais de uma sessão de quimioterapia por semana, e a duração de cada sessão depende do protocolo de cada paciente que pode durar até 8 horas. Nos casos mais graves, é necessário realizar quimioterapia diariamente.

Para a presidente da Fundação Antonio Dino, Enide Dino, hoje com 92 anos e a frente do hospital há mais de 50 anos, a inauguração foi um dia de agradecimento e disse que cada passo significa o sucesso alcançado. “Eu agradeço a Deus por esse momento, por esse projeto, e também agradeço as parcerias que colaboraram para a construção desse espaço. Para nós, é um motivo de muita de alegria, satisfação, orgulho e muita emoção oferecer um serviço dessa qualidade e mais humanizado para as crianças”.

Os parceiros

O apoio do Ministério Público do Trabalho do Maranhão foi ofertado a partir do recolhimento de valores de multas por descumprimentos de obrigações das leis trabalhistas, assim como as indenizações por lesões às leis do trabalho. “O MPT destina, socialmente, os valores de multas arrecadados em prol da população maranhense. As destinações são direcionadas as instituições que se tenha conhecimento de uma atuação idônea, como é o caso do Hospital Aldenora Bello”, ressaltou a procuradora do trabalho Anya Gadelha.

Já o Shopping da Ilha, também parceiro da Fundação Antonio Dino, lançou uma campanha para arrecadar fundos para participar da idealização do projeto de uma oncopediatria mais humanizada, como é a Q’Alegria. “Abraçamos essa causa, por meio dos nossos clientes que fizeram suas doações em uma corrente do bem, porque enxergamos a necessidade de ofertar um tratamento humanizado para as crianças, além de pensar em fazê-las se sentirem melhor com as inovações do novo projeto”, elencou a gerente de marketing do shopping, Elirdes Costa.

O projeto

Um novo espaço destinado as quimioterapias do Brasil, uma nova nomenclatura: Q’Alegria, que atua com ampla abrangência, atendendo ao máximo com entretenimento, desta forma: música, filmes, jogos eletrônicos, Internet, livro que possibilita leitura em braile, desenho. Além do entretenimento, há a cromoterapia, tendo um uso personalizado em todos os exemplos citados.

“Algumas crianças precisam passar mais tempo do que outras fazendo quimioterapia e, sem dúvidas, essa nova instalação vai beneficiar diretamente elas pelo tratamento que requer que o paciente fique mais tempo recebendo a medicação, que acaba sendo muito desgastante. Então, para uma criança é fundamental que ela não fique isolada da sua infância de diversão, que é o que vai ser proporcionado a partir de agora, com mais entretenimento”, ressaltou a psicopedagoga do hospital, Alice Dino.

Fique por dentro

O equipamento é composto por

– Mesa flex, com regulagem de extensão para suporte de Laptop, livros, papeis para desenhos e afins;

– Suporte frontal de TV para acesso a canais televisivos e uso de jogos eletrônicos;

– Suporte lateral para equipamentos de DVD e/ou jogos eletrônicos, controles, fone de ouvido e afins;

– Suporte superior para pontos de iluminação em LED, possibilitando o uso de diferentes cores para a cromoterapia.

Saiba mais

No Brasil, o câncer é a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes. Entre 2009 e 2013, a doença foi responsável por cerca de 12% dos óbitos na faixa de 1 a 14 anos, e 8% de 1 a 19 anos. Foram registradas 2.724 mortes por câncer infantojuvenil no Brasil em 2014 (ano mais recente com informações consolidadas).

O Inca estima a ocorrência de 12.600 novos casos de câncer na faixa etária de zero a 19 anos em 2017. O câncer infantojuvenil engloba, na verdade, vários tipos de câncer. As leucemias representam o maior percentual de incidência (26%) nessa faixa etária, seguida dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central (SNC) (13%).

As diferenças entre os cânceres infantis e de adultos consistem principalmente nos aspectos morfológicos (tipo do tumor), comportamento clínico (evolução) e localizações primárias. Nas crianças e nos adolescentes, a neoplasia geralmente afeta as células do sistema sanguíneo, o sistema nervoso e os tecidos de sustentação. Nos adultos, as células epiteliais, que recobrem os órgãos, são as mais atingidas. Enquanto o câncer no adulto apresenta mutações, geralmente em decorrência de fatores ambientais, no câncer pediátrico ainda não há estudos conclusivos sobre a influência desse aspecto.

Dados de um estudo sobre o panorama do câncer infantojuvenil divulgado pelo INCA e pelo Ministério da Saúde (MS) apontam que a sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária de zero a 19 anos é de 64%, índice calculado com base nas informações de incidência e mortalidade. O estudo apontou que a sobrevida varia de acordo com a região do País. Os índices são mais elevados nas regiões Sul (75%) e Sudeste (70%) do que no Centro-Oeste (65%), Nordeste (60%) e Norte (50%).

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