Saúde e apoio

Programa implantado no Socorrão II identifica e acolhe mulheres vítimas de violência

Espaço Mulher, uma iniciativa pioneira,presta um serviço humanizado que atende e dá encaminhamento adequado à mulheres vitimas de violência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Atendimento a mulheres vítimas de violência é feito por meio de uma equipe multidisciplinar do Socorrão II
Atendimento a mulheres vítimas de violência é feito por meio de uma equipe multidisciplinar do Socorrão II (mulher)

Criado para proporcionar acolhimento humanizado, orientação e encaminhamento adequados a mulheres vítimas de violência física e sexual, o Setor de Atividades Especiais - Espaço Mulher (SAEEM), ação pioneira no Brasil executada pela Prefeitura de São Luís nas dependências do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II), tem contribuído significativamente para quebrar o ciclo de violência sofrida por centenas de mulheres que dão entrada na unidade vitimadas por lesões oriundas de agressões. A ação, que integra a política de apoio e proteção à mulher vítima de violência doméstica, atendeu, de janeiro a setembro deste ano, cerca de 300 mulheres nessa situação. O programa é coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

O titular da Semus, Lula Fylho, atribui ao diligente trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar do SAEEM o aumento vertiginoso desse atendimento voltado ao amparo de mulheres atendidas no Socorrão II, que enfrentavam situações de violência doméstica. Em 2013, ano em que o programa foi instituído, o setor atendeu 45 pacientes vitimadas por agressões tipificadas das mais diversas formas. Em cinco anos o programa identificou e atendeu mais de 1.300 mulheres vitimas de violência.

O trabalho do SAEEM consiste em na ação de busca ativa para identificar na unidade mulheres violentadas atendidas ou em atendimento no Socorrão II. Ao dar entrada no hospital, a vítima passa por uma classificação de risco e, então, é direcionada para o atendimento médico especializado, como ortopedia, por exemplo. Ao mesmo tempo, a equipe de assistentes sociais do SAEEM é acionada para averiguação das circunstâncias da lesão sofrida.

"Sabemos que grande maioria dos casos de violência contra a mulher são velados e mascarados até mesmo pela própria vítima. As mulheres ficam com receio de falar a verdade quando chegam no hospital. E é nesse momento que o Setor de Atividades Especiais Espaço Mulher, entra em ação. Os profissionais altamente capacitados para a função realizam entrevistas psicossociais para detectarem os padrões de violência e, dessa forma, conseguem agir mais rapidamente, evitando que essa mulher retorne para casa e volte a ser novamente agredida. A ação contribui ainda para evitar que os agressores fiquem impunes", explicou Lula Fylho.

Para cercar a mulher com os cuidados necessários, o serviço do SAEEM é feito de forma articulada com outros órgãos de proteção à mulher e de enfrentamento à violência doméstica, que são acionados para tomadas de providências, entre eles estão a Patrulha Maria da Penha, Coordenadoria das Delegacias de Atendimento e Enfrentamento à Mulher, Casa da Mulher Brasileira, Defensoria Pública, Ministério Público, Juizados, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializada de Assistência Social, (Creas), Casa Abrigo, entre outros órgãos dependendo do caso identificado na entrevista das equipes do SAEEM.

As mulheres vitimas de violência, que preferem não se identificar, dizem que o atendimento recebido no local é importante para recuperar a saúde e, sobretudo o trauma. "Essa é uma marca que fica para sempre. O apoio psicológico é muito importante. A gente se abrir, contar o que aconteceu para alguém já ajuda muito", disse uma das vítimas que está recebendo atendimento no Socorrão II.

Toda a metodologia de trabalho foi desenvolvida pela Prefeitura de São Luís dentro do Socorrão II, baseada na política nacional de proteção à mulher, adotando os mesmos métodos e diretrizes. Um núcleo é formado por uma equipe multiprofissional composto por assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, entre outros, que atuam diretamente na resolutividade da problemática visando romper o ciclo de violência que vem sendo enfrentado pela paciente atendida.

O serviço também faz o trabalho de busca ativa de pacientes que foram atendidas fora do horário de atendimento do setor, que é de 7h às 19h, ou que já tenham sido liberadas do atendimento médico. Nesse tipo de busca ativa, que geralmente é feita por telefone, as equipes analisam primeiramente as fichas médicas e buscam identificar com a paciente em que circunstância a lesão aconteceu, verificando ainda se foi feito Boletim de Ocorrência, entre outros procedimentos.

O setor orienta ainda sobre os serviços disponibilizados pelo SAEEM e sobre os procedimentos que ela deve tomar casos tenha sido vítima de alguma agressão. O núcleo também é responsável por uma serie de prisões de agressores, a partir do encaminhamento às autoridades competentes dos casos identificados pelo setor.

"Aqui criamos um espaço onde as mulheres vítimas de violência se sentissem à vontade em falar sobre o corrido. O trabalho do núcleo tem toda uma preocupação para fazer com que elas encontrem aqui o apoio que precisam para romper com o ciclo de violências que vivenciem. Com o desenvolvimento cotidiano do trabalho, as equipes também adquiriram experiências para detectar indícios de violência doméstica nas pacientes atendidas na unidade e, assim, aprofundem melhor a investigação do caso observado", afirmou a coordenadora do SAEEM, Silvia Leite.

RECONHECIMENTO

A experiência da Prefeitura de São Luís desenvolvida no Setor de Atividades Especiais Espaço Mulher 'Realidade do atendimento em mulheres em situação de violência' foi classificada como a melhor experiência do Maranhão nesta área na 15ª Mostra Brasil Aqui tem SUS.

Realizada em Belém (PA) em julho deste ano, a mostra integrou a programação do 34º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que aconteceu simultaneamente com o 6º Congresso Norte e Nordeste de Secretários Municipais de Saúde. A premiação é a realização de um documentário dentro do projeto Webdoc/Conasemns.

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